Em carta a governador, convocados para Polícia Civil da BA dizem que nomeações foram “esquecidas”

por Carlos Britto // 06 de junho de 2016 às 17:02

polícia civilO recente anúncio da convocação de 639 candidatos aprovados no concurso para a Polícia Civil da Bahia não trouxe o alívio esperado aos aprovados.

Em carta direcionada ao governador Rui Costa, os candidatos agora querem saber como ficará a situação de diversos concursados que, segundo eles, estão tendo suas respectivas nomeações “empurradas com a barriga”.

Acompanhem:

COM GRANDES PODERES, VÊM GRANDES RESPONSABILIDADES. “Jesus disse ‘que o seu sim seja sim e que o seu não seja não’. Se você assumiu uma responsabilidade, vá até o final. Mantenha sua palavra, porque ela é preciosa.” Paulo Coelho.

Há alguns dias, recebemos a notícia da convocação PARCIAL dos aprovados no concurso de 2013 da Polícia Civil da Bahia, restando, então, 63 (sessenta e três) Delegados e 46 (quarenta e seis) Escrivães a convocar. Tal procedimento foi de encontro às diversas afirmações de V. Excelência, no sentido da NOMEAÇÃO TOTAL E IMEDIATA dos aprovados, assim que findasse o Curso de Formação.

A não convocação desses 109 (cento e nove) POLICIAIS FORMADOS, oriundos de um concurso que se arrasta desde 2013, é um ATENTADO não somente a eles, mas às suas famílias, À SOCIEDADE BAIANA E À BAHIA!

A ACADEMIA DE POLÍCIA

Senhor Governador, desde a Aula inaugural, em 11 de agosto de 2015 até o resultado final em 17 de março de 2016, estivemos TODOS à disposição da Acadepol. Foram exatos 219 dias, em que nos dedicamos total e exaustivamente ao aprendizado policial. Passamos dias inteiros em salas de aula e madrugadas em claro, estudando; fomos expostos a gás lacrimogêneo, tomamos choque, corremos quilômetros vestidos em pesados coletes e carregando fuzis ainda mais pesados.

Muitos de nós já eram concursados e abandonaram seus empregos públicos, e tantos outros deixaram de tomar posse em diversos concursos para que pudessem cursar a Acadepol. Viemos, de todos os cantos do Brasil, residir em Salvador, abandonando nossos empregos, deixando em casa as nossas famílias e perdendo momentos preciosos ao lado de quem nos ama.

Passamos muitos momentos de privação. Durante o curso, nos foi concedida uma parca bolsa e nada a mais que isso, nem mesmo o almoço ou qualquer refeição. Tivemos que fazer malabarismos para nos manter numa das mais caras capitais do país. A maioria de aprovados precisou tomar empréstimos a parentes, amigos ou instituições financeiras; alguns receberam até doação dos colegas de curso para que não passassem necessidade. E agora, desempregados e sem perspectiva de convocação, alguns ainda correm o risco de não só deixarem de saldar as dívidas contraídas durante o treinamento, como também não proverem as mínimas necessidades do lar, já que abdicaram do emprego por conta do curso de formação.

Não nos queixamos de nada disso, Governador. Nada! A nossa queixa vem agora, por termos sido abandonados, esquecidos, escanteados. Não pedimos aqui benesses ou coisas do tipo. Solicitamos, sim, o que é nosso por direito, e o que é dever para com a BAHIA!

A QUEBRA DE PROMESSAS

Em diversas ocasiões, V. Excelência afirmou pela convocação integral e imediata de TODOS os aprovados. Inclusive, em uma delas, fez a seguinte afirmação, registrada em vídeo:

 “Os policiais civis serão chamados agora logo após o carnaval,  portanto eu quero tranquilizar e dizer que vocês serão convocados e confirmados. Eu sei que há a preocupação porque eu anunciei que o Estado ultrapassou ou vai ultrapassar o limite prudencial, mas isso já está encaixado dentro da nossa programação no orçamento. Portanto, essa contratação será feita”.

Porém, nesses últimos meses, V. Excelência mudou o discurso e passou a cogitar a nomeação parcial, informando que havia impedimento por conta do limite prudencial, aquele mesmo sobre o qual  “…podíamos ficar tranquilos, pois já estaríamos encaixados…”.

Vale considerar que diversas ações e medidas foram tomadas, além dos inúmeros argumentos, todos a favor da nomeação integral e imediata. Enumeraremos, a seguir, alguns:

1 – Com o apoio da Oposição, sob a promessa dos governistas de que ajudariam na convocação integral dos policiais, foi aprovada, na Assembleia Legislativa do Estado, a Lei que transferiu para cada Poder, Tribunal de Contas do Estado e Ministério Público, a inserção das despesas com inativos para seus respectivos limites com despesa de pessoal. Apenas isso e nada mais, já bastaria para sanar a nossa situação, mas depois de aprovada a lei, voltamos à estaca zero, não houve qualquer mudança;

2 – O Tribunal de Contas do Estado proferiu entendimento no sentido de que verbas indenizatórias não devem ser levadas em consideração para o cálculo com despesa de pessoal. Também isso bastaria, mas nada foi feito;

3 – Em consulta formulada ao TCE, foi emitido parecer no sentido de que não há marco temporal para análise das vacâncias a serem preenchidas por conta da LRF, e também estender o entendimento para as vacâncias de qualquer natureza, e não só as oriundas de morte ou aposentadoria. O TCE aqui deu um “cheque em branco” ao Governo do Estado, permitindo a contratação INTEGRAL dos aprovados. Porém, não se sabe porquê, com muito esforço e criatividade foi feita uma interpretação de forma a abranger apenas parcela dos policiais;

4 – A Jurisprudência é farta no sentido de que, concluindo a Academia de Polícia, devem os policiais formados serem nomeados de forma integral e imediata. Até porque não se poderia pensar o contrário, pois o Estado dispendeu parcela significativa do erário  na formação dos policiais e estes abriram mão de um período de suas vidas para concluírem o Curso de Formação;

5 – Há cerca de 20 anos não há concursos para a Policia Civil da Bahia. De lá pra cá seu quadro de servidores vem diminuindo constantemente e hoje não é nem a metade do ideal;

6 – Grande parcela dos municípios baianos não tem Delegados de polícia;

7 – Há inúmeros pedidos de aposentadoria já protocolados na SAEB, apenas aguardando o processamento;

8 – Existem diversos Delegados cumulando delegacias, o que não é o ideal por conta de sobrecarga de trabalho, além de que o valor dessas cumulações já seria suficiente para convocar os Delegados remanescentes;

9 – A Bahia hoje aparece nas estatísticas como o Estado onde mais se matam  pessoas e onde as mortes são mais violentas;

10 – A Bahia é o segundo estado mais letal para a juventude brasileira;

11 – A falta de policiais afeta a Segurança Pública, facilita o tráfico de entorpecentes e armas, aumenta a incidência de crimes e deixa a POPULAÇÃO BAIANA REFÉM, VÍTIMA DA CRIMINALIDADE!;

12 – Ao Poder Executivo não cabe a discricionariedade de deixar de preencher as vagas criadas pelo Poder Legislativo. Há milhares de vagas, há policiais treinados, por que prejudicar o combate ao crime e não chamar servidores que estão fazendo falta na instituição Polícia Civil?

A PALAVRA, O PEDIDO E A SOLUÇÃO

Em diversos palanques, V. Excelência afirmou pela convocação imediata e integral dos aprovados. V. Excelência deu sua palavra várias vezes! Mostre que ela vale bem mais que a nomeação de 63 Delegados e 46 Escrivães.

Pedimos e esperamos que tenha a sabedoria de tomar a decisão mais correta para todos e que convoque, imediatamente, os 63 Delegados e 46 Escrivães remanescentes.

Há o permissivo legal, há a necessidade, não há óbice algum, NÃO TRAIA A BAHIA, GOVERNADOR! Convoque os 63 Delegados e 46 Escrivães!

APROVADOS REMANESCENTES PCBA 2013

Em carta a governador, convocados para Polícia Civil da BA dizem que nomeações foram “esquecidas”

  1. Cidadão Baiano! disse:

    É um absurdo o Estado se preocupar com coisas poucas enquanto a segurança pública está sendo jogada as traças. No meu município tem delegacias fechadas por falta de delegado.

  2. Davidson disse:

    O governador deixou de fora 109 policiais aprovados, formados pela acadepol e que, portanto, têm os mesmos direitos dos demais. É irrazoável o estado convocar 639 e deixar apenas 109 de fora. São 63 delegados e 43 escrivães que aguardam essa nomeação.

  3. Antonio de São Miguel das Matas disse:

    Um absurdo. E vai pra televisão anunciar viaturas que nada mais são do que renovação de frota de um contrato de 2010.
    A policia civil tem quase 20 anos sem concurso publico. 63 delegados e 46 escrivães já estão prontos, formados, aguardando a nomeação.

  4. Fabrício disse:

    Enquanto ele puder empurrar com a barriga, protelando a nomeação, assim o fará. Rui Costa não respeitou o povo baiano. Os aprovados estão desempregados, esquecidos, sendo objeto de chacota por parte do governo. Rui Costa, cumpra sua palavra!

  5. José Carlos Feitosa Ramos disse:

    Total descaso com SEGURANÇA PUBLICA. São 63 DELEGADOS E 46 ESCRIVÃES prontos para atuar.
    Enquanto isso a máquina pública está inchada com cargos de confiança de Livre nomeação e livre exoneração.
    CUMPRA SUA PALAVRA GOVERNADOR!

  6. Convocação dos 109 já! disse:

    Um absurdo sem fim. São 20 anos sem concurso e ainda “exclui” 109 aprovados da convocação. São 63 Delegados e 46 Escrivães devidamente capacitados e treinados, prontos para servir a Bahia.
    Contamos com o apoio da população para cobrar do Governo essas nomeações.

  7. Gregório de Matos disse:

    Enquanto isso, a Bahia aparece nas estatísticas como o estado onde mais sa matam pessoas e com as mortes mais violentas. Mas, para o governador é muito mais importante gastar com propaganda, tentando iludir a população, como se vivêssemos num conto de fadas.

  8. Alex disse:

    Esse governador só se mostra como um exemplo do que temos de melhor na política brasileira.
    Não podemos esperar palavras verdadeiras dessa classe de gente.

  9. Fernanda disse:

    Pense num absurdo jurídico. Na Bahia tem precedente! E quem sofre com isso é a população, que vive a mercê da marginalidade.

  10. Anna Mécia disse:

    O governo da Bahia precisa valorizar os profissionais que trabalham na área de segurança do nosso estado. Apelamos para que o governo nomeie os policiais civis que já foram treinados com o dinheiro público para atuarem, mas que até agora não foram convocados. São apenas 109 policiais civis, entre delegados e escrivães, concursados, que estão preparados para atuarem na luta por mais segurança para a nossa população.

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