Em artigo: Gonzaga afirma que PSB é contra atual proposta da Reforma Política

por Carlos Britto // 19 de fevereiro de 2015 às 15:15

gonzaga (3)O debate da Reforma Política que ganha corpo na Câmara dos Deputados ainda é apenas um esboço da reforma real, defendida pelo PSB. A afirmação é de uma das principais lideranças da legenda socialista, o deputado federal Gonzaga Patriota, o qual deixa claro nesse artigo que o partido é contra a atual proposta.

Confiram:

Reforma Política: Para que serve?

O que impropriamente, no Congresso e na imprensa, e sempre longe do debate popular, se resolveu designar como “reforma política”, é ainda mera e limitada proposta de reforma da legislação eleitoral e, nesses termos, está longe de enfrentar as questões cruciais da crise da democracia representativa brasileira.

Por isso, mesmo as discussões passam ao largo da universidade, dos sindicatos e da sociedade civil, que é a maior interessada. Uma vez mais longe de um código, no sentido de conjunto de medidas orgânicas e harmônicas, o Congresso Nacional está prestes a oferecer uma série de medidas pontuais, não necessariamente congruentes, escolhidas não pela importância intrínseca de cada uma, mas fundamentalmente pela maior ou menor possibilidade de aprovação. É a velha “política do salame”, de que resultará mais uma colcha de retalhos legislativa, pois lhe falta um corpus doutrinário, um princípio ideológico.

Para nós, socialistas, duas questões precisam ser postas de manifesto: esta promessa de reforma, simplesmente eleitoral, limitada e partilhada, não atende à nossa proposta de reforma política, pois esta propugna a reforma do Estado neoliberal para democratizá-lo, modernizá-lo, para melhor pô-lo a serviço do povo e da nação, mas principalmente dos mais pobres.

A reforma dos socialistas, ainda sem mudar o regime, reclama uma reforma tributária que promova a distribuição da riqueza nacional de forma equânime entre os Estados, privilegiando, porém, os mais pobres e, ao mesmo tempo, assegure a compatibilidade entre desenvolvimento econômico e distribuição de renda. Uma reforma que desonere o salário e tribute os ganhos de capital, a herança e a grande propriedade.

Para nós, socialistas, as matérias apresentadas recentemente para discussão no âmbito das duas Casas do Congresso Nacional são típicas de reforma no sistema eleitoral e partidário e, assim, limitado. Por esta razão nós, socialistas, perguntamos: qual a Reforma Política que vamos discutir?

Desde 1986 que nosso Partido assiste, e sempre lutou contra, as seguidas e quase anuais propostas de reforma, ditadas pelos interesses das maiorias que se formam entre os grandes partidos, independentemente de diferenças ideológicas.

Temos sido contra, porque todas as propostas apresentadas até hoje só facilitam o controle político-eleitoral dos grandes partidos políticos. São exemplos da antidemocracia propostas como as cláusulas de barreira, defenestrada pelo Judiciário para abolir as coligações partidárias; a partilha desigual do Fundo Partidário; o tempo de rádio e televisão; a extinção do pluripartidarismo e do voto proporcional, aquele artifício mediante o qual a direita europeia conteve o avanço dos partidos progressistas.

Na verdade, até a última legislatura, todas as tentativas têm sido feitas no sentido de represar a política, seja pela via de sua judicialização inconstitucional, seja pela via da redução do número de partidos políticos. O grande projeto de implantação internacional, e que se aproxima da vida brasileira, visa à instauração de um bipartidarismo estranho à nossa tradição republicana, seja rigoroso como o norte-americano, seja mitigado como o francês e, agora, o inglês. Contanto que, havendo mudanças, o sistema se assegure de que nada se alterará.

Claro que defendemos, também, uma reforma eleitoral, porque não estamos satisfeitos com o atual sistema, mas é preciso não esquecer, pelo menos em nossas reflexões, que de uma forma ou de outra, o quadro atual nos vem assegurando um processo de continuidade democrática que se fortalece a cada eleição – e já se foram sete eleições presidenciais, e que teve forças para enfrentar, sem ruptura constitucional, um impeachment e a crise de 2005, que se arrasta até hoje.

Por isso, não podendo realizar a reforma do Estado, como está proposta. Lutaremos, nas circunstâncias, por uma reforma eleitoral cujo objetivo seja aprofundar o processo democrático representativo no rumo da democracia participativa, vale dizer, aumentando a participação popular, o que implica a partilha do poder, seu controle e transparência. Tudo o que significar avanço democrático – como o fortalecimento da cidadania, desmonetarização da política, condições igualitárias de disputa, cerceamento à ação do poder econômico e do poder político, respeito às distinções políticas, ideológicas e religiosas, enfim, a celebração da diversidade que é uma das características mais meritórias de nossa civilização – essa terá o nosso apoio. A que está aí, não.

Gonzaga Patriota/Deputado Federal-PSB

Em artigo: Gonzaga afirma que PSB é contra atual proposta da Reforma Política

  1. Maria disse:

    Então tá sr. Gonzaga. Qual é a proposta do seu partido? Será que é o que toda a sociedade quer, como o fim dos privilégios e prerrogativas, o fim do fórum privilegiado para crimes comuns e corrupção, o fim dos aumentos exorbitantes dos seus salários e que os mesmos passem a acompanhar o aumento do salário mínimo nacional?
    Então o seu partido convoque a sociedade para discutir e planejar a reforma política, convocando todas as entidades de classes, sindicatos, universidades, estudantes. Joga tudo na rua sr. Gonzaga,
    Eu não concordo com essa reforma que estão empurrando de guela abaixo, concordo com o senhor quando fala em bipartidarismo, isso para mim, cheira a mais corrupção e esse modelo americano é um modelo falido. Não é a toa que os EUA está mergulhado numa crise sem fim.
    Por isso sr. Gonzaga, jogue na rua, convoque a sociedade para discutir a verdadeira reforma, utilize as redes sociais para que todos participem e também cobrem a verdadeira reforma.

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