Ao mesmo tempo em que rende homenagem ao Dia do Professor, comemorado nesta sexta-feira (15), a professora Antonise Coelho faz uma profunda reflexão, neste artigo, sobre a atual situação da categoria em todo o País. E sonha com dias melhores.

Confiram:

Pensar no sentido de ser Professora permite, inicialmente, uma paráfrase do escritor argentino Jorge Luis Borges, quando nos fala do rio de Heráclito, pois como o velho Chico também tem um curso fluido, mas é tão diferente de si mesmo em alguns momentos, como nós, professores, à medida que ensinamos, mais aprendemos e, somos outros.

 Quero hoje relembrar todos os queridos mestres os quais tive o prazer de conviver e receber ensinamentos importantes para a minha formação pessoal e, enquanto educadora. Ao perceber o tempo que estou no magistério, surge a lembrança da decisão tomada por minha mãe e pelas irmãs do Colégio Auxiliadora, quando não permitiram que eu fosse para outra escola da cidade, mas permanecesse ali e pudesse desfrutar dos conhecimentos para me tornar uma professora das primeiras séries. Aquela decisão foi um marco em minha vida.

Seguir a docência em diferentes níveis, escolas, faculdades e cursos pré-vestibulares foi a constatação de quanto meu discurso se aproxima da prática e da realidade. Vinte e quatro anos depois é um processo de construção que oscila entre tensões, aprendizagens e transformações da vida docente. Sou feliz por ter me dedicado a esta profissão complexa, enigmática, um verdadeiro sacerdócio e que me permite sempre aprender mais, rever as minhas práticas pedagógicas, crescer com as oportunidades de revelar em sala de aula os ensinamentos sobre a língua materna, a literatura, falar os meus medos e aflições aos nossos educandos.

Com os meus alunos, tenho aprendido a amar cada vez mais o magistério, pois são a razão desta busca incessante por ensinar melhor. Eles nos mostram que a verdadeira lição é estar preparada para os desafios das circunstâncias impostas por esta sociedade moderna, cheia de problemas sociais, políticos e culturais.

No dia de hoje é necessário uma reflexão acerca do nosso papel na formação do ser humano, já que ainda está longe de recebermos os merecidos méritos, pois encontramos colegas em outros lugares e até mesmo aqui em nossa terra, os quais não são valorizados e não estão motivados em suas caminhadas.

Quero dizer que não podemos desanimar diante das dificuldades. A minha experiência enquanto sujeito é que a nossa história não faz parte de um rodapé, inserida em um campo de batalha e que a luta é longa. Precisamos de mais espaço para revelar as narrativas e memórias de vida.

Afinal, é o professor o ser presente em todas as instâncias da sociedade. Testemunhamos uma inserção histórica de crescimento na carreira e este amadurecimento da mentalidade brasileira em relação ao educador necessita de parcerias das famílias, dos jovens, dos políticos, dos empresários, enfim de todos para que possamos resgatar o nosso significado no passado, presente e futuro das gerações. O professor é o ser que tem profundo respeito pelas crenças, pelos sentimentos.

Tenhamos fé e esperança. Melhores condições de trabalho e oportunidades de crescimento, formação continuada estão em processo de construção. Espero que com o tempo, com a sabedoria acumulada numa vida de leituras e de experiências, sejamos cada vez mais felizes. Somos o coração que palpita com o fogo do Sertão.

Um grande abraço,

Professora Antonise Coelho de Aquino