Drama espanhol ganha adaptação em filme produzido no Vale do São Francisco

por Carlos Britto // 26 de novembro de 2015 às 21:35

filme hertz felixUm drama em três atos, escrito em 1945  pelo dramaturgo espanhol Alejandro Casona, ganhou as telonas no Vale do São Francisco na forma de um amor, uma vida e um pesadelo. O filme “Barco sem Pescador”, todo produzido na região com gente daqui e dirigido por Hertz Felix é um verdadeiro “copo d’água” nestes tempos de crise hídrica, política e econômica.  Concebido no formato Full HD, com 36 minutos e 21 segundos, este média-metragem, que tem a direção de fotografia assinada por Ailton Nery, impacta, logo à primeira vista, com um festival de bonitas imagens do Rio São Francisco, ao som do “Boato Ribeirinho” (música de Nilton Freitas, Wilson Freitas e Wilson Duarte).

Depois, uma trama bem enredada, em meio ao cotidiano de pescadores da ilha do Massangano, vai revelando desejos secretos e pactos difíceis de se cumprir. Um enigmático exportador de frutas Ricardo Jordão (Elder Ferrari), se entrega a tentação do demônio a fim de recuperar sua fortuna, ao preço da morte de um pescador desconhecido. A viúva Estela (Kátia Gonçalves) vive o dilema da perda do pescador assassinado em um acidente misterioso e do próprio medo da morte do rio.

E neste universo multifacetado, do qual emergem paixões mal escondidas e peculiaridades culturais de uma gente meio terra, metade água, a película segue seu destino de peixe: varejando em mínimas condições técnicas para depois navegar, a todo vapor, numa entrega total de um elenco determinado.

A vida dos ribeirinhos, marolas e maretas vai se misturando neste meio líquido e pantanoso, que emociona e também faz rir, como nas tiradas engraçadas da personagem vivida pela atriz Rosália Costa. Fazem parte ainda do elenco Yonara Santos, Ivo Lancelote e Flávio Ângelo. Todos artistas das mesmas margens. A trilha sonora surpreende ainda com uma canção de Zé Manoel e a bela voz de Joyce Guirra. O figurino é de Carmem Lúcia Rodrigues, com direção de arte de Ivo Lanceloti; o operador de áudio é Herbert Gonçalves e a finalização ficou com Semário Andrade.

‘Cinema na Praça’

O média-metragem, que vai fazer parte do projeto ‘Cinema na Praça’, a ser exibido a partir de janeiro do ano que vem em comunidades de distritos e bairros de várias cidades da região, foi filmado em 48 horas, segundo o roteirista e diretor Hertz Felix. Certamente um recorde que chamou a atenção, e muito, do público que foi ao Centro de Cultura João Gilberto, no último dia 22 de novembro, conferir o lançamento de ‘Barco sem Pescador’ e também do filme “Ryan”, dirigido por Marcos Velasch.

Mas, em se tratando de Hertz Félix, não é nenhuma surpresa. Com um currículo que traz na bagagem nada menos que 71 peças teatrais, 11 radionovelas, 13 filmes, 2 telenovelas e a participação na Minissérie da Rede Globo “Amores Roubados”, este artista pode muito mais. Nascido em São Paulo (SP), em 1962, ele veio para a Bahia em 1969 para morar no distrito de Pinhões, zona rural de Juazeiro. Com o histórico de ter visto o primeiro filme na vida em 1974 – um western bang bang no Cine São Francisco, Hertz Felix teve seu primeiro alumbramento cinematográfico, quando, de volta a São Paulo, conheceu o cineasta Tony Vieira.

Depois de dois anos fazendo pontas como ator, continuísta e assistente de produção, Hertz fez um curso de elaboração de roteiros para cinema e televisão com o já reconhecido homem de TV, Doc Comparato. Ainda na capital paulista, trabalhou como ator nas novelas “Meus Filhos, Minha Vida” e “Jerônimo, o Herói do Sertão”, no SBT, e voltou a Juazeiro em meados de 1978, onde posteriormente  dirigiu os filmes “Bravios do Sertão”, “Volúpia”, “Perfídia”, “Seara Prometida”, “Açúcar Amargo” e “Irmãos Quixaba”. É assim, para o cineasta que se descobriu, ainda criança, vendo a própria imagem refletida em sombra na parede, construir um teatro em Juazeiro parece ser um sonho possível. Vamos sonhar juntos. (com a colaboração de Carlos Laerte/para o Blog)

Drama espanhol ganha adaptação em filme produzido no Vale do São Francisco

  1. Filósofo disse:

    O petrolinense Zé Manoel, cantor, compositor e músico, é uma das maiores revelações da MPB dos últimos tempos. Portanto foi bem escolhida a trilha sonora!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Últimos Comentários