Depois de José Serra, é a vez de Dilma Rousseff receber sua parte do espólio de apoiadores de Marina Silva. Ontem a noite a petista lançou em Brasília seu programa ambiental, na companhia de dois correligionários da candidata do PV, Sarney Filho (MA) e Edson Duarte, além de gente que Marina levou do PT para o PV.
O programa foi elaborado por dois ex-assessores de Marina no Ministério do Meio Ambiente (Cláudio Langone, secretário-executivo, e Gilney Viana, secretário de Desenvolvimento Sustentável), e lança mão de um conceito que o governo nunca permitiu que a ex-ministra implementasse de fato: a transversalidade. Sua principal inovação deve ser a inclusão de metas ambientais no PPA (Plano Plurianual) e na Lei de Diretrizes Orçamentárias, que valem para todo o governo. (Folha)



Veja o Ciro Gomes acha do PT, do PMDB e do IBOPE
http://www.youtube.com/watch?v=jlqEFoDxfto&feature=related
A campanha deveria estar focada em torno de um programa, de um projeto para resolver os problemas do Brasil. Em setembro a população brasileira se bobilizou para limitar o tamanho da propriedade rural, em favor da reforma agrária. Nao ouvi esse assuntos nos debates entre os candidatos. Vejam o que quer a população:
Mais de meio milhão de brasileiros e brasileiras dizem SIM
ao limite da propriedade de terra
O Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo entrega hoje à sociedade brasileira o resultado do Plebiscito Popular sobre o Limite da Propriedade, realizado de 1º a 12 de setembro de 2010.
Participaram deste plebiscito 519.623 pessoas, em 23 estados brasileiros e no Distrito Federal. Só não participaram do mesmo, Santa Catarina, Amapá e Acre que optaram por fazer o abaixo-assinado, somente. Eram admitidas à votação pessoas acima de 16 anos, portanto em condições de votar.
Duas foram as perguntas formuladas às quais se devia responder sim ou não.
A primeira: Você concorda que as grandes propriedades de terra no Brasil, devem ter um limite máximo de tamanho?
A segunda: Você concorda que o limite das grandes propriedades de terra no Brasil possibilita aumentar a produção de alimentos saudáveis e melhorar as condições de vida no campo e na cidade?
95,52% responderam afirmativamente à primeira pergunta, 3,52, negativamente, 0,63% foram votos em branco e 0,34%, votos nulos.
Em relação à segunda pergunta os que responderam sim foram 94,39%, 4,27% responderam não, 0,89 % foram votos em branco e 0,45%, votos nulos.
Considerando as dificuldades enfrentadas tanto na produção, quanto na distribuição de um mínimo de material, pela falta de recursos e de pessoal disponível; considerando que o Fórum e outras entidades envolvidas não tiveram acesso a qualquer veículo de comunicação de massas; considerando o momento, quando as atenções estão voltadas e os militantes envolvidos nas campanhas eleitorais, pode-se saudar o resultado como muito positivo.
Mais de meio milhão de pessoas se posicionou afirmativamente em relação à necessidade e à conveniência de se colocar um limite à propriedade da terra. Este é um indicador expressivo de que a sociedade brasileira vê a proposta como adequada. É uma amostragem do que pensa boa parcela do povo brasileiro. As pesquisas de opinião ouvem duas ou três mil pessoas e seus dados são apresentados como a expressão da vontade da sociedade!
Mas o que se pode ressaltar como o mais positivo, e que os números não expressam, é todo o trabalho de conscientização que se realizou em torno do plebiscito. Foi desenvolvida uma pedagogia que incluiu reflexão, debates, organização de comitês, divulgação e outros instrumentos sobre um tema considerado tabu, como é o da propriedade privada.
Em quase todos os estados foram realizados debates em universidades, escolas, igrejas e outros espaços em que se pôde colocar a realidade agrária em toda sua crueza. Para muitos, cujo contato com o campo é praticamente nulo, estes debates abriram um horizonte novo no conhecimento da realidade brasileira. Também se pode saudar como fruto precioso deste processo, os inúmeros trabalhos e textos produzidos pela academia sobre o arcabouço jurídico que se formou em torno à propriedade da terra e sobre aspectos históricos, sociológicos e geográficos da concentração fundiária no Brasil. Não fosse a proposta do plebiscito esta reflexão não teria vindo à tona com a força com que veio.
Este ensaio está também a indicar que um Plebiscito Oficial deveria ser proposto para que todos os cidadãos e cidadãs pudessem se manifestar diante de um tema de tamanha importância para o resgate da cidadania de milhões de brasileiros e brasileiras que lutam, muitas vezes sem sucesso, buscando um pedaço de chão onde viver e de onde retirar o sustento. O Fórum vai continuar firme na luta para que seja colocado um limite à propriedade da terra.
A população brasileira também foi convidada a participar de um abaixo-assinado que continua circulando em todo país até o final deste ano. O objetivo desta coleta de assinaturas é entrar com um Projeto de Emenda Constitucional (PEC) no Congresso Nacional para que seja inserido um novo inciso no artigo 186 da Constituição Federal que se refere ao cumprimento da função social da propriedade rural.
Já o plebiscito popular, além de consultar a população sobre a necessidade de se estabelecer um limite máximo à propriedade da terra, teve a tarefa de ser, fundamentalmente, um importante processo pedagógico de formação e conscientização do povo brasileiro sobre a realidade agrária do nosso país e de debater sobre qual projeto defendemos para o povo brasileiro. Além disso, o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade de Terra veio como um instrumento para pautar a sociedade brasileira sobre a importância e a urgência de se realizar uma Reforma Agrária justa em nosso país.
A proposta da Campanha Nacional pelo Limite da Propriedade de Terra visa pressionar o Congresso Nacional para que seja incluído na Constituição Federal um novo inciso que limite o tamanho da terra em até 35 módulos fiscais – medida sugerida pela campanha do Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo (FNRA).
Além das 54 entidades que compõem o Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, também promovem o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra, a Assembléia Popular (AP) e o Grito dos Excluídos. O ato ainda conta com o apoio oficial das Pastorais Sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic).
Serra soa como postulante a bispo, não a presidente
Um dia depois de Dilma Rousseff, foi ao Jornal Nacional, na noite passada, José Serra.
Disse que a rival petista arrasta Paulo Preto para o centro do palco porque deseja “nivelar todo mundo” a ela, às voltas com Erenice Guerra.
Falou também de religião e das promessas de timbre populista que leva à propaganda. Aqui, a íntegra da entrevista.
A melhor maneira de entender o rumo da campanha de José Serra é observar as perguntas que lhe são dirigidas.
Serra foi ao “Jornal Nacional” num instante em que o noticiário está ensopado de apreensões ligadas ao comportamento do câmbio.
Economista, o candidato talvez tivesse muito a dizer sobre a matéria. Mas a cotação do Real frente ao dólar não fez parte da pauta.
Serra foi inquirido sobre um tema que ajudou a converter em tópico dominante da cena sucessória de 2010: a fusão entre religião e política.
A mistura não deveria ser evitada? Em desarmonia com os fatos, Serra disse não ter explorado o tema. Atribuiu o fenômeno à rival Dilma Rousseff e ao PT.
Aborto? “Sou contra”. Mas “nunca me passou pela cabeça transformar isso no centro da campanha”, disse Serra. Pôs-se a realçar as diferenças que o distinguem de Dilma.
Apresentou-se como “pessoa religiosa”, frequentador de igrejas, usuário da expressão “se Deus quiser”. Soou como candidato a bispo, não a presidente.
A entrevista roçou a economia num único instante. E não foi para que Serra discorresse sobre seus planos macroeconômicos. Ao contrário.
O candidato foi instado a comentar outra excentricidade de sua propaganda: a agenda populista. Como fará para cumprir as promessas?
Simulado rigor técnico, Serra orçou o mínimo de R$ 600, os 10% para aposentados e o 13º do Bolsa Família em 1% do Orçamento da União. Coisa factível.
Foi confrontado com o obvio: se fosse tão fácil, Lula não teria feito? “Eles tem outras prioridades”. De resto, há “desperdício” e “desvios”.
Vencida a pauta religioso-populista, Serra foi arrastado à presença de Paulo `Não se Larga Um Líder Ferido na Estrada´ Preto.
Disse ter negado “há muito tempo” o sumiço de verbas de sua campanha. Lorota. A notícia fora às páginas de `IstoÉ´ em agosto. E o tucanato fingiu-se de morto.
Deixou voando na atmosfera, sem desmentidos, uma encrenca que agora lhe chega na forma de uma dessas perguntas que ajudam a entender os rumos de sua campanha.
Fonte: Blog do Josias