Criadores do norte da Bahia se preparam para melhorar rebanho caprino e ovino e evitar perdas com a seca

por Carlos Britto // 06 de agosto de 2016 às 20:29

Uma das grandes preocupações de quem vive da criação de caprinos e ovinos em regiões de clima semiárido e chuvas esparsas, como o Sertão da Bahia, é o alimento para o rebanho em época de grandes estiagens. Nos municípios da região norte do Estado como Juazeiro, Remanso, Casa Nova, Curaçá e Uauá, por exemplo, a última chuva que caiu foi no mês de janeiro deste ano. Sete meses depois o pasto no meio da caatinga já começa a faltar. Para muitos criadores, a falta de alimento significa vender os animais mais cedo e, muitas vezes, por preços que não agradam quem cria.

Para evitar que isso aconteça, os agentes de Desenvolvimento Rural Sustentável do Programa Bioma Caatinga, do Sebrae, Banco do Brasil, Fundação Banco do Brasil – entre vários parceiros – iniciaram um planejamento com os produtores para que não tenham que fazer isso na próxima seca. Uma das medidas a ser adotada é uma reversa de pastagem para garantir a alimentação dos animais durante a estiagem. A suplementação alimentar pode ser feita com rações compradas prontas em casas comerciais do ramo, que vendem esses produtos de forma legal ou buscada através da adoção de técnicas de conservação de forragens produzidas na própria fazenda, com pastagens que podem ter excelentes fontes de suplemento alimentar de qualidade e de baixo custo.

Alternativas

Uma das alternativas para enfrentar a seca é o plantio da Palma Forrageira. A esécie é resistente à falta de chuvas, é alimento energético, armazena uma grande quantidade de água e tem alta digestibilidade. De acordo com o médico veterinário e supervisor do Programa Bioma Caatinga, Rafael Sene, há produtores rurais que conseguem produzir até 800 toneladas de massa de forragem de palma por ano, em apenas um hectare. Ou seja, um campo de futebol com medidas de 110 metros de comprimentos por 75 metros de largura dá para alimentar 650 animais durante um ano, caso a palma seja irrigada. E o produtor tem uma garantia de oferecer alimento para seu rebanho durante todo o ano, independente da chuva.

Uma outra medida que está sendo adotada junto aos produtores rurais dos cinco municípios assistidos pelo Bioma Caatinga é o cuidado com a saúde dos animais. Desde o mês de julho estão sendo realizados encontros com os caprinovinocultores, nos quais são abordados assuntos como o cuidados com os cabritos e burregos recém-nascidos, vacinação contra doenças como Clostridiose, mal do caroço e vermes, a forma e a idade correta de castrar os machos para evitar coberturas indesejadas, o manejo alimentar – utilização de reforço de alimentação (creep-feeding) e a mineralização do rebanho. Trinta e cinco eventos desse tipo, chamados de clínicas tecnológicas, já foram realizados. Mil e cinquenta e quatro produtores participaram.

Plano Fácil

Agora os produtores estão sendo treinados para fazer o planejamento anual, que tem o objetivo de melhorar ainda mais seu rebanho e o gerenciamento da sua propriedade. É a aplicação do chamado Plano Fácil, feito junto com o agente de Desenvolvimento Rural Sustentável da região onde mora o produtor. O Plano Fácil será elaborado com base em uma análise (diagnóstico), já realizada em cada propriedade. (foto: Ascom Bioma Caatinga/divulgação)

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