CPI da Casa Plínio Amorim que investigou mortes no HDM/Imip vai protocolar relatório no MPF e Cancão desabafa: “Queremos a verdade”

por Carlos Britto // 29 de agosto de 2019 às 18:16

foto: Blog do Carlos Britto

Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Casa Plínio Amorim que investiga as mortes de gestantes ocorridas no Hospital Dom Malan (HDM)/Imip, o vereador Ronaldo Cancão (PTB) revelou que havia cinco inquéritos instaurados contra a unidade médica sem o devido conhecimento da sociedade petrolinense. A afirmação foi dada na sessão plenária desta nesta quinta-feira (29), por conta da apresentação do relatório da CPI que apurou os fatos.

Acompanhado dos demais colegas integrantes da comissão – Maria Elena (PRTB), Ronaldo Silva (PSDB), Professor Gilmar Santos (PT), Paulo Valgueiro (MDB), Gabriel Menezes (PSL) e Rodrigo Araújo –, Cancão informou que o relatório de quase seis meses de investigações será entregue, agora, ao Ministério Público Federal (MPF). Isso porque o resultado não foi conclusivo. Ou seja: os vereadores detectaram inconsistências na apuração do processo.

O estopim que levou a Câmara Municipal a agir foi a trágica morte da adolescente Miliam Carvalho da Silva, de 15 anos, ocorrida em maio do ano passado. A garota, grávida de cinco meses, veio a óbito após um grave quadro de infecção. Antes dela, outra jovem, Gislaine Lopes, de 21 anos, também foi outra vítima. Natural de Remanso, no norte baiano, ela deu entrada no HDM no dia 2 de outubro de 2017 para ter seu bebê, mas faleceu oito dias depois. A causa foi um quadro de infecção generalizada.

Cancão disse que os vereadores encontraram um cenário “estarrecedor” nesse período de investigações. E lembrou que, depois da morte de Miliam, outras sete mulheres morreram na unidade. “Não colocamos no registro o óbito das demais jovens porque já tínhamos concluído o relatório”, justificou.

“Momento doloroso”

O presidente da CPI aproveitou para agradecer ao delegado Daniel Moreira, que solicitou a exumação do corpo da adolescente, e também à justiça que autorizou o procedimento. Mas revelou que o momento mais doloroso pelo qual ele e os demais colegas passaram foi justamente esse, e não apenas pela exumação. Segundo o vereador, para se obter um laudo mais preciso do óbito seria necessário encaminhar o corpo para Caruaru, no Agreste do Estado. “Isso é um retrocesso, uma violência. Há três mortes em Petrolina que não temos a causa”, desabafou.

Cancão revelou ainda que a CPI ouviu, no total, 15 pessoas, incluindo médicos do HDM. Ele, inclusive, destacou que o hospital “apresentou contradições” acerca da morte de Miliam.

Cremepe

O ponto negativo desse processo, segundo o vereador, foi o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe). Cancão contou que a CPI enviou dois ofícios à entidade, convocando-a a colaborar, mas nenhum dos ofícios foi respondido. “É o Cremepe quem fiscaliza os médicos”, destacou. Nesta sexta-feira (30) a comissão irá protocolar o relatório junto ao Ministério Público Federal (MPF). “O que nós queremos é justiça. É que coloquem a verdade para a sociedade sobre as fatalidades ocorridas no Imip/Dom Malan”, finalizou.

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