Coluna da Folha: Marília, a biografia e o fogo que precisam apagar

por Carlos Britto // 21 de março de 2022 às 07:00

Foto: arquivo reprodução

A deputada federal Marília Arraes cansou de ser a ‘Geni’ do PSB e até do seu próprio partido, e anunciou o seu grito de liberdade. E o inferno se fez. Detentora de 193.108 votos para a Câmara dos Deputados nas últimas eleições, em 2018, obtendo 43,73% dos votos nas últimas eleições do Recife e com forte inserção na política estadual, deveria ser alguém para não ser ignorada. Mas tem sido.

Agora cortejada pelo MDB e Solidariedade, e projetando uma aliança com a prefeita de Caruaru e pré-candidata ao governo do Estado, Raquel Lyra (PSDB), a deputada foi de zero a cem rapidamente. Virou a noiva mais cobiçada da corte.

Na política parece que tudo pode. As acusações de Marília à cúpula do PSB, à família do primo, ao que chamava de “desgoverno do PSB”, agora não mais existirão? Não eram verdade? O que foi dito, não vale mais?

E do outro lado? As duras acusações e agressões a Marília não serão mais verdade? Marília vai andar na van? Sentar à mesa com João Campos, Danilo Cabral e Paulo Câmara, como se nada tivesse acontecido? Dividirão o café e o cuscuz nas cruzadas pelos rincões pernambucanos?

Terão mesmo a cara e a coragem de encarar esse B.O?

Para a turma do governador, será mais fácil. É o poder abrindo as asas. Para Marília, não. O papel da resistência carrega essências e valores inestimáveis e eivados de profunda boa-fé. Mudanças radicais de posicionamentos tendem não se encaixar em quem se enxerga com esperança.

A serenidade de Marília, a pureza do discurso vem da força, da crença de que ela faz política diferente do que se apresenta por aí. Se sucumbir ao canto da sereia de um Lula preocupado com o seu projeto pessoal, pode jogar no lixo o capital eleitoral e de confiança que amealhou como poucas.

A chama da esperança, do diferente, que arde em calor pode ser perdida. A saber se terá a coragem de oferecer esse capítulo fora da curva a sua biografia.

Piso da discórdia

Em Serra Talhada, no Sertão do Pajeú, os trabalhadores da educação realizarão um protesto para pressionar a prefeita, Márcia Conrado (PT), por um posicionamento oficial para o piso da categoria, uma vez que nenhuma proposta foi enviada à Câmara de Vereadores para apreciação. Situação diferente de Sanharó, onde o prefeito César Freitas garantiu o reajuste de 33,24% no piso dos professores.

Afinidade

Após a federação do Cidadania e do PSDB, o vice-prefeito de Salgueiro, Edilton Carvalho (Cidadania), declarou apoio a Raquel Lyra. Ele se encontrou com a pré-candidata na sede do PSDB no Recife, acompanhado do deputado federal Daniel Coelho, e declarou estar “com sentimento de dever cumprido”.

Tem que pagar multa

Em Mirandiba, Sertão Central, o TCE julgou o processo de gestão fiscal de 2018, da então prefeita Rose Cléa Máximo. O relatório apontou que o município não adotou as medidas cabíveis para diminuir os gastos com pessoal, de acordo com a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Por isso, a ex-prefeita foi responsabilizada a pagar R$ 54 mil.

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