Coisas que se recebe pela internet: Ladrão processa a vítima “Fui Constrangido”

por Carlos Britto // 23 de novembro de 2010 às 22:23

Uma ação em tramitação no Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, leva às últimas conseqüências a máxima segundo a qual a Justiça é para todos – todos mesmo.

O pedido de um assaltante, preso em flagrante e que decidiu processar a vítima por ter reagido durante o assalto, provocou surpresa até mesmo nos meios jurídicos e foi classificado como uma “aberração” pelo juiz Jayme Silvestre Corrêa Camargo, da 2ª Vara Criminal, que suspendeu a ação.

Não satisfeito, o advogado do ladrão, José Luiz Oliva Silveira Campos, anuncia que vai além da queixa-crime, apresentada por lesões corporais: pretende processar, por danos morais, o comerciante assaltado.

O motivo: seu cliente teria sido humilhado durante o roubo.

Wanderson Rodrigues de Freitas, de 22 anos, se sentiu injustiçado e humilhado porque apanhou do dono da padaria que tentava assaltar. O crime ocorreu no mês passado, na Avenida General Olímpio Mourão Filho, no Bairro Planalto, Região Norte de BH.

Por volta das 14h30 de uma terça-feira, Wanderson chegou ao estabelecimento e anunciou o assalto. Ele rendeu a funcionária, irmã do proprietário, que estava no caixa. Conseguiu pegar R$ 45.

No entanto, quando ia fugir, foi surpreendido pelo dono da padaria, um comerciante de 32 anos, que prefere ter a identidade preservada.

“Estava chegando, quando vi minha irmã com as mãos para o alto. Já fui roubado mais de 10 vezes nos sete anos que tenho meu comércio. Quatro dias antes de esse ladrão aparecer, tinha sido assaltado. Não pensei duas vezes e parti para cima dele. Caímos da escada e, quando outras pessoas perceberam o que estava acontecendo, todos começaram a bater nele também. “Muitos reconheceram o ladrão como autor de outros assaltos da região”, conta o comerciante.

Ele diz ainda que, para render a irmã, Wanderson escondeu um pedaço de madeira debaixo da blusa, fingindo ter uma arma.

“Pensei que fosse um revólver. Quando a vi com as mãos para o alto, arrisquei minha vida e a dela. Mas estava revoltado com tantos crimes e quis defender meu patrimônio. Trabalhei 20 anos para conseguir comprar esta padaria. Nada foi fácil para mim e nunca precisei roubar para viver. Na confusão, chamamos a polícia e ele foi preso em flagrante por tentativa de assalto “á mão armada”, conta.

O comerciante acha absurda a atitude do advogado. “O que me deixa indignado é como um profissional aceita uma causas dessas sem pensar no bem ou no mal que pode causar a sociedade. Chega a ser ridículo”, critica.

Quem parece compartilhar da opinião da vítima é o juiz Jayme Silvestre Corrêa Camargo. Em sua decisão, ele considerou o fato de um assaltante apresentar uma queixa-crime, alegando ser vítima de lesão corporal, uma afronta ao Judiciário. O magistrado rejeitou o procedimento, por considerar que o proprietário da padaria agiu em legítima defesa. Além disso, observou que não houve nenhum excesso por parte da vítima.

O magistrado avaliou que o homem teria apenas buscado garantir a integridade física de sua funcionária e, por extensão, seu próprio patrimônio.

Após longos anos no exercício da magistratura, talvez este seja o caso de maior aberração postulatória. A pretensão do indivíduo, criminoso confesso, apresenta-se como um indubitável deboche”, afirmou o juiz. Da decisão de primeira instância cabe recurso.

Com 31 anos de carreira, o advogado do assaltante, José Luiz Oliva Silveira Campos, está confiante no andamento do processo.

Ele alega que o cliente sofreu lesão corporal e se sentiu insultado e rebaixado por ter levado uma sova. “A ninguém é dado o direito de fazer justiça com as próprias mãos. Wanderson levou uma surra.

Ele foi humilhado e, por isso, além dos autos em andamento, vou processar o comerciante por danos morais”, afirma.

Ele conta que há 31 dias Wanderson está atrás das grades, no Ceresp da Gameleira, pelo crime cometido no Planalto.

Além de justificar a ação,

ele desfia um rosário de teorias. “Não vejo nada de ridículo nisso. Os envolvidos estouraram o nariz do meu cliente e ele só vai consertar com uma plástica. Em vez de bater nele, o dono da padaria poderia ter imobilizado Wanderson. Para que serve a polícia? Um erro não justifica o outro. Ele assaltou, sim, mas não precisava ter sido surrado“, afirma O advogado, acrescenta que sua tese é a de que Wanderson não estava armado, mas “apenas com um pedaço de madeira de 20 centímetros”.

Ele também culpa o governo pelo assalto praticado pelo cliente. “O problema mora na segurança pública. Há câmeras do Olho Vivo pela cidade. Por que o poder público não coloca nas padarias também? Temos que correr atrás de nossos direitos e Wanderson está fazendo isso. Meu cliente precisa ser ressarcido“, diz o advogado.

Coisas que se recebe pela internet: Ladrão processa a vítima “Fui Constrangido”

  1. INDIGNAÇÃO disse:

    ESTRANHO A ATITUDE DESSE ADVOGADO,QUERENDO APARECER PARA IMPRENSA, NEM P ESSE BANDIDO TER ASSALTADO A CASA DELE , ELE MERECE É UMA SURRA TAMBEM.

  2. Paulo Gomes disse:

    É o poste mijando no cachorro. Uma grande aberração, sem dúvida.

  3. Edna disse:

    Ele vai recorrer e talvez cai na mão de um juiz insensato e dê-lhe razão. Os direitos humanos vão em cima dar assistência total, porque no Brasil assistência a vítimas é remota, mas a bandido é muito eficiente.
    Ninguém pode tocar um dedinho neles. Eles podem nos bater, nos humilhar, nos matar e ainda tem advogado sem escrúpulos para defender um bandido desses.
    É revoltante saber de uma coisa dessas.

  4. brandão disse:

    Este advogado mecere ser preso, deve ser iqual ao cliente dele…

  5. alzenir coelho disse:

    MUITA CARA DE PAU!!! ELE DEVERIA TER ASSALTADO A CASA DESSE ADVOGADO, CUMPLICE DO CRIME ELES DEVEM SER PARCEIROS!

  6. Maria disse:

    Nicolau dos Santos Neto, o ex-Juiz do tribunal do trabalho de São Paulo, condenado a 26 anos por desvio do dinheiro da construção da sede do tribunal, também entrou com uma ação contra o SBT – Sistema Brasileiro de Televisão, por conta do apresentador Ratinho e da apresentadora Hebe Camargo, o tê-lo apelidado de LALAU.

    Ou seja Nicolau se sintou ofendido por te-lo chamado de LALAU, que é expresão sinonima de Ladrão. Mesmo condenado ele alega que na época que o chamaram de Lalau, o processo ainda estava em trânsito, ou seja não tinha sido ainda condenado.

    Os Juizes indeferiu o pedido de julgamento do Nicolau alegando que quando ele praticou o crime era sabedor que estava fazendo coisa errada e que poderia pagar por tal crime, inclusive moralmente.

    Pergunto, a palavra LADRÃO está fazendo o que no dicionário? A gente não pode usar? Por que vai ofender os larápios? É brincadeira.

  7. Boavida disse:

    Eu gostaria era de processar o prefeito de Petrolina por propaganda enganosa e por frustrar o sonho de todo petrolinense que acreditou e votou nele.

  8. jose torres disse:

    manda o bandido estuprar a mulher ou filha do advogado depois pede pra ele ir defender ele ai quero ver.

  9. joselia disse:

    Nunca vi um absurdo desse em toda a minha vida, logo um advogado defendendo o crime dessa maneira irresponsável. Nessa vida tudo acontece, mas cada dia nos deparamos com cada uma.

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