Fabiana Leal
Direto de Porto Alegre
Municípios com número pequeno de habitantes e casas e, em geral, apenas uma grande empresa. Este é o perfil das cidades que lideram o ranking de riqueza por habitante do Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geogra?a e Estatística (IBGE), divulgados nesta semana. O melhor exemplo é a líder deste ranking, a pequena Araporã, no Triângulo Mineiro, que ficou com o melhor Produto Interno Bruto (PIB) per capita do País: R$ 261.005.
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Com população de 6.002 habitantes, a cidade mineira tem uma área total de 298 km². Segundo o secretário de Finanças e Planejamento de Araporã, Murilo Inácio Ferreira, o “carro-chefe” da cidade é a usina do complexo da hidrelétrica de Furnas, responsável por 90% do PIB do município.
De acordo com Ferreira, a prefeitura movimenta cerca de R$ 2 milhões por mês. Conforme o secretário, poucos moradores têm plano de saúde, pois “a prefeitura consegue bancar grande parte da saúde”. “Alguns municípios vizinhos tentam utilizar a nossa estrutura. Temos mais gente cadastrada na saúde do que habitantes. É uma briga que já está começando a ficar difícil, pois está deixando o hospital cheio”, afirmou.
O secretário afirma que a cidade, que tem 16 anos, já está 100% asfaltada, e a prefeitura está fazendo loteamentos, com infra-estrutura completa, porque a procura por terrenos é intensa. Ferreira diz que o município quer levar pequenas empresas de serviço para se instalar em uma área de 48 hectares, que foi adquirida para o distrito industrial.
Setor petroquímico
Triunfo (RS), a 52 km de Porto Alegre, tem uma população de apenas 25.302 habitantes, em uma área de 823 km², mas é o terceiro município com o maior PIB per capita no País. Isso se deve ao pólo petroquímico – instalado na cidade no início da década de 80. Atualmente, o pólo, que fica em uma área verde de 3,6 mil hectares, tem cerca de oito mil funcionários nas sete empresas (Braskem, DSM, Innova, Oxiteno, Lanxess, Petroquímica Triunfo e White Martins).
Segundo o secretário municipal para Assuntos do Pólo Petroquímico, Clésio da Silva, cerca de 95% da arrecadação é proveniente do pólo. Inicialmente, o município temia problemas ambientais com essas empresas. No entanto, essa preocupação ficou no passado. “A Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental) tem unidade aqui e monitora a qualidade do ar e das águas.”
Embora o município seja dependente destas empresas, Silva diz que não tem receio da migração dessas companhias para outros Estados. “Essas empresas de grande porte não teriam como fechar as portas e ir embora, porque investem em alta tecnologia, salvo uma crise mundial muito pior do que a atual.”
Contudo, para prevenir essa possibilidade, desde 2003, a cidade investe no distrito industrial para atrair indústrias de pequeno porte. Hoje, não chegam a 10, mas, de acordo com o secretário, a idéia é aumentar esse número.
Silva diz que, com a alta arrecadação do município, é possível investir na população – aplicando o dinheiro em saúde e educação. “Graças ao pólo, temos escolas técnicas de ensino médio (Química e Segurança do Trabalho) – o que seria uma atribuição do Estado.” Silva afirma que a grande parte da mão-de-obra especializada para trabalhar no pólo é proveniente da capital gaúcha e da Grande Porto Alegre.
Também entre os 10 municípios de maior PIB per capita do Brasil, Quissamã e Rio das Ostras, ambos no Rio de Janeiro, têm suas economias baseadas na extração de petróleo e de gás natural, feito pela Petrobras. No município de Porto Real (RJ), o PIB per capita é incrementado pela indústria automobilística – a cidade abriga uma fábrica da Peugeot.
A cidade de Louveira (SP), outra das líderes do ranking, concentra centros de distribuição de grandes empresas. Procter & Gamble, HP, Unilever, Kraft, Provider Indústria e Comércio Ltda. Garantia Alimentos, Ahlstrom, Avícola Paulista, Magazine Luiza, Packing Brasil, entre outras, estão em um centro de distribuição de 212 mil m². Segundo a prefeitura, outro centro de 80 mil m² está sendo construído para receber mais empresas.
Gavião Peixoto (SP), município de 4.063 habitantes, teve o sexto melhor PIB per capita (R$ 129.195) do País devido à instalação de uma parte das operações da Embraer na cidade.
Com uma população de 5.802 habitantes, Con?ns (MG) tem PIB per capita de R$ 111.399. A cidade ficou na 9ª colocação devido à transferência da maior parte dos vôos do aeroporto em Belo Horizonte para o aeroporto internacional localizado no município. Em Fronteira (MG), o PIB per capita é de R$ 106.658. No município, fica a segunda maior hidrelétrica do Estado.
Outra cidade com um alto PIB per capita (R$ 217.150) é São Francisco do Conde (Bahia), com 30.733 habitantes. Em 2006, o município tinha a segunda maior refinaria em capacidade instalada de re?no do País.