Bahia será primeiro estado do Brasil a reconhecer um ofício cultural

por Carlos Britto // 25 de dezembro de 2010 às 15:26

Neste Natal, milhares de estudiosos, políticos, educadores, empresários, produtores culturais, gestores públicos, estudantes ou, somente, cidadãos originários do semi-árido baiano ou que sempre defenderam o reconhecimento e inserção do povo do sertão e da sua cultura nas políticas e mecanismos do poder público, têm o que comemorar. Eles ganham um presente já requerido há décadas por meio de pesquisas, estudos, relatórios e críticas de defensores da cultura sertaneja.

A Bahia pode vir a ser o primeiro estado da União a reconhecer, oficialmente, um ofício cultural. Um ofício que traduz o modo de ser e viver transformado ao longo de 300 anos em característica cultural das mais emblemáticas do Sertão baiano, o Ofício dos Vaqueiros. Entre final de novembro e início deste mês o Conselho Estadual de Cultura da Bahia (CEC, www.conselhodeculturaba.wordpress.com) analisou e aprovou dossiê sobre o Ofício dos Vaqueiros, elaborado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC).

Bahia será primeiro estado do Brasil a reconhecer um ofício cultural

  1. JOTA MILDES disse:

    Vejo com entusiasmo o pontapé inicial dado pelo Estado da Bahia ao reconhecer através do CEC, como “Ofício cultural de um povo”, o trabalho árduo e perseverante dos costumes regionais exercidos nas brenhas das caatingas pelos nossos valorosos vaqueiros nordestinos. Acredito que daqui pra frente os outros Estados farão o mesmo, e através de novos mecanismos logo virá a tão esperada conquista da inclusão definitiva desta gleba de bravos sertanejos na política sócio-cultural do país. Será assim realizado o antigo sonho de Luiz Gonzaga e Padre João Câncio e outros defensores da causa, que morreram sem vê-lo concretizado. Sinto-me hoje um pouco compensado por conta de haver sido o primeiro escultor a abraçar a causa nos idos dos anos 70, a pedido do próprio cantor Luiz Gonzaga e do Padre João Câncio, esculpindo a estátua do vaqueiro Raimundo Jacó, em tamanho natural, para o monumento que marcaria o local onde a partir de então seria celebrada todos os anos, no mês de julho, a tradicional Missa do Vaqueiro de Serrita, espaço hoje oficialmente transformado no Parque Nacional do Vaqueiro Nordestino. A partir dali esculpí outras estátuas de vaqueiro (sempre seguindo os moldes das idumentárias e tipos de montarias de cada região) para os municípios baianos de Curaçá, Itiúba e Queimadas, dentre outros que ficaria longo enumerar. Já naquela época pensávamos que o governo voltaria sua atenção para a necessidade de reconhecimento desses trabalhadores anônimos dos sertões, o que tem atravessado décadas sem êxito, motivo este que me faz realimentar agora tal desejo de justiça para com quem merece. Não sou vaqueiro, não tenho parentes vaqueiros e nunca tive oportunidade de maior proximidade com estes cidadãos, mas desde que fui alertado principalmente pelo saudoso amigo João Câncio sobre os valores e carências dessa classe, me interessei pelo assunto. Que os governos reconheçam politicamente e incluam nos mecanismos do poder público programas de assistência e amparo legal a todos os vaqueiros do Brasil, como ápice de uma conquista que se faz por justiça a quem vive longe das cidades e da mídia, mas que isso não os faz esquecer dos costumes que marcam as suas origens e os contempla com a teimosia de fincar cada vez mais as suas raízes na terra que os viu nascer.
    JOTA MILDES – jornalista e escultor.

  2. Jandira Alves dos Santos disse:

    J Mildesgostei do seu comentário. Meu pai é vaquero e tenho mais dois irmão que também trabalha com papai nessa profissão perigosa e difícil. Todo ano ano vou pra Serrita asistir a missa do vaqueiuro e admiro a sua estatua que pra nós rep´resenta o grito dos sertanejo contra a injustiça social que os governo faz contra os vaquero. Que deus abemçôi o senhor.

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