Artigo: Petrolina e Pasadena – Sonhar e Transformar

por Carlos Britto // 06 de outubro de 2012 às 17:10

O Vale do São Francisco pode ter um potencial maior do que, apenas, sua vocação agrícola. Ao menos é isso que acredita Pedro Coelho, um dos filhos do ministro Fernando Bezerra Coelho,  jovem com reconhecido curriculum acadêmico na Europa e nos Estados Unidos, ao ponto de ter aparecido nas páginas da Veja com destaque entre os jovens que podem mudar o futuro. Neste artigo ele fala do sonho transformador e traça comparativos interessantes sobre a Califórnia que já existe e o comparativo que nos persegue através da alta tecnologia :

Leiam o seu artigo:

É possível sonharmos com uma Petrolina do século XXI capaz de ser uma economia agrícola, porém também uma economia de tecnologia e de conhecimento? Quais desafios precisam ser vencidos para viabilizarmos um pólo de alta tecnologia no Vale do São Francisco?

O meu avô Paulo Coelho voltou de uma viagem à Califórnia em 1985, impressionado com as oportunidades geradas através da agricultura irrigada, com a tecnologia inovadora da região, convicto de que havia encontrado um modelo de desenvolvimento que tanto procurava para Petrolina e o sertão do São Francisco. Voltou e escreveu uma bela carta, olhando para uma Petrolina do futuro, uma Petrolina próspera, carta essa que a minha família possui até hoje.

Ambas regiões possuem o mesmo peso político em seus respectivos países. A Califórnia detém 12% de deputados federais no congresso americano, enquanto que a região do Vale do São Francisco, compreendida por Pernambuco e Bahia, detém os mesmos 12% de deputados na câmara.

A Califórnia possui um clima similar ao de Petrolina, possui o maior celeiro agrícola dos EUA, graças a canais de irrigação procedentes dos rios Sacramento e Colorado, além de ser a mais dinâmica economia criativa do mundo (afinal existe desde Hollywood ao pólo tecnológico do Vale do Silício). A Califórnia é o 9º PIB mundial, sendo portanto um modelo inspirador para qualquer região em desenvolvimento. Nesses últimos 25 anos, com a implantação de perímetros irrigados e com o segundo maior PIB agrícola do país, podemos dizer que Petrolina tem dado alguns passos na direção de se tornar a Califórnia Brasileira. Porém, qualquer análise comparativa entre as duas regiões não estaria completa sem uma abordagem do pilar econômico mais importante da Califórnia: TECNOLOGIA.

 Eu fiz o meu bacharelado de química em Oxford, na Inglaterra, onde os dias eram frios e cinzentos, por isso não pude deixar de considerar quando fui aplicar para o doutorado, o ensolarado sul da Califórnia. Ao chegar em Pasadena em 2008, senti aquela nostalgia gostosa, aquele gosto doce que somente a infância nos proporciona, e infância para mim é sinônimo de Petrolina. O clima seco e quente, a tranquilidade e a serenidade de uma cidade pequena e os belos e vivos jardins irrigados. Confesso que a similaridade com Petrolina influenciou a minha decisão de morar em Pasadena, mas eu tinha vindo por uma outra razão: realizar um doutorado em química em Caltech. Antes de desbancar Harvard como a melhor universidade do mundo, Caltech era amplamente desconhecida por pessoas, não diretamente ligado ao setor científico. Com menos de 2.100 alunos, o equivalente a um terço da Univasf, Caltech produz ciência num ritmo frenético, tendo já gerado 31 prêmios nóbels e grandes empresas de tecnologia, a exemplo da Intel. O campus respira ciência, mas nem é tão nerdy e caricato como mostra a série americana The Big Bang Theory!

 Caltech, porém, é só um dos inúmeros centros de formação de talentos científicos da Califórnia. De acordo com o ranking do Times Higher Education, 6 das 20 melhores universidades do mundo estão na Califórnia. Num resumo simplificado o mapa tecnológico da Califórnia consiste do pólo de TI no Vale do Silício, do setor aeroespacial em Los Angeles e Pasadena e do pólo de biotecnologia em San Diego. Todos existem como uma parceria entre universidades e empresas de tecnologia de todos os tamanhos, desde incubadas a gigantes como a Apple, Google e a Amgen. Com tantas oportunidades não é nenhuma surpresa que a força de trabalho se beneficie com a anual chegada em massa de jovens imigrantes altamente qualificados. Acolhedora como Petrolina, quem chega na Califórnia termina ficando por lá.

Infelizmente a comunidade científica em Petrolina ainda é quase inexistente.Atualmente possuimos menos de 200 alunos matriculados em cursos de mestrado e a cidade não oferece nenhum curso de doutorado. Me parece que para iniciarmos empreendimentos tecnológicos no Vale do São Francisco, precisaríamos reunir os recursos financeiros necessários, fomentar o desenvolvimento e a importação de cérebros, além de esforços em torno de uma clara definição sobre qual tema poderia ser desenvolvido em alinhamento com as vocações naturais da região.

 Qual é o diferencial estratégico de Petrolina nessa arena mundialmente competitiva de ciência e tecnologia? Possíveis candidatos incluem ciências ambientais, ciências animais, agronomia ou até, digamos, a biotecnologia aplicada à busca de produtos naturais (cosméticos, remédios, etc.) na caatinga. Também será necessário um desenho de como a sociedade, através da iniciativa privada e das instituições de pesquisa, poderão unir esforços com o estado para apoiar essa agenda.

 Agora é o momento de Petrolina sonhar, sonhar e aproveitar o momento único que estamos vivendo, onde, dependendo do resultado do dia 07 de outubro, será possível não somente sonhar, mas também transformar: com o apoio do Governo de Pernambuco, com o apoio do Governo Federal, será possível trazer mais investimentos a Petrolina, parcerias mais fortes com a iniciativa privada, investir em mentes, em educação voltada para a tecnologia. Investir em pesquisa, algo tão carente em nosso país e tentar transformar Petrolina naquela Petrolina que o meu avô vislumbrou em 1985.

 Em breve já não será mais o momento de sonhar, será o momento de transformar.

Pedro de Souza Leão Coelho/Bacharel e mestrado em química pela universidade de Oxford, doutorando em química por Caltech e irmão do candidato a prefeito Fernando Filho

Artigo: Petrolina e Pasadena – Sonhar e Transformar

  1. Mari disse:

    É bacharel, mestrado em química pela universidade de Oxford, doutorando em química por Caltech, irmão do meu candidato a prefeito Fernando Filho e “lindoooo”.

    Gostei do seu artigo, mostra quão preocupado estar frente ao futuro da nossa cidade. Principalmente quando fala em ciência e tecnologia e compara com os resultados lá de fora. Dá até desânimo… e mostra como somos carentes de políticas públicas voltadas para a educação e incentivo a ciência. Não precisamos de parasitas do dinheiro público, precisamos de pessoas que estejam atualizadas com a realidade e tenham ambição de crescermos e nos desenvolvermos em todas a esferas sociais, por isso
    amanhã voto 40.

    Bons estudos e sucesso pra você e seu irmão.

  2. Edmar disse:

    Por que o incentivo à ciência e à educação deve depender do resultado do dia 07/10? Pelo que entendo do Brasil (nesse ponto mais do que o Pedro, que mora nos EUA), a maior parte dos recursos destinados à pesquisa são oriundos da união (MCT) e das fundações estaduais (FACEPE e FAPESB aqui na região). Sei também que o poder de intervenção municipal nessas questões é muito pequeno. Sei também que na Univasf há uma lista interminável de boas ideias que não podem sair do papel por falta ou por insuficiência de recursos. Sei também que muitos professores da Univasf conheceram a realidade de países desenvolvidos (inclusive eu). Mas, acho que a maioria há de concordar que em um país desenvolvido, as políticas educacionais e de pesquisa ficam à margem do processo político. É injusto e imoral condicionar os investimentos à vitória do candidato A ou B. Afinal, não são eles as vítimas desse descaso, e sim toda uma região que fica no atraso. Só aproveitando, na Univasf, estamos precisando de emendas de deputados federais para fechar as contas anuais.

    1. Joney Rodrigues disse:

      A dependencia está no que tange a atuação do poder municipal na atração de investimentos privados, algo que, esta distante na atual conjuntura. Completando, esperamos que esses projetos tenham o poder de aplicação economica, não como alguns, que, apenas enche de linguiça o Lattes de determinados personagens.

  3. Julianely disse:

    Caro colega, eu não sei se você sabe mas a política municipal influencia sim no desenvolvimento científico da nossa região, pois os nossos promissores estudantes moram (nem que seja temporariamente) na nossa cidade Petrolina, então eles…

    Se locomovem (transporte público)
    Se abrigam em algum lugar (moradia)
    Ficam doentes e precisam se tratar (saúde)
    E precisam de serviços oferecidos por aqui (qualificação profissional)
    E alguns nasceram aqui e por aqui se instruíram (educação)

    Você é como muitos que só pensam no seu umbigo, deixando de pensar no comunitário!

    Já dizia Paulo Freire: Não critique aquilo que você não pode mudar.

    Se não ajuda, também não atrapalha!

    1. Edmar disse:

      Sinto muito, mas você não entendeu o que eu postei. Releia novamente, por favor! Eu disse “influencia pouco” não nada. Eu não falei que não se precisa de investimentos e sim que eles não precisam estar condicionados à eleição de A ou B.

  4. Amaral1 disse:

    Belo texto do garoto, so esqueceram de dizer que o pai dele é o ministro da integração nacional e não conclui o pontal (que so falta R$10 milhoes) e cria novos projetos irrigados, pq não quer. Se fernando quiser isso não precisa de autorização do profeito de petrolina, e se precisasse, acho que nenhum dos 4 recusaria. O fato é que fernando a bom tempo quer vencer eleição em petrolina sem fazer nada e sequer prometer, o filho dele achou que petrolina era uma especie de trono que passa de pai para filho e so dizer que é filho de fernando, e pedir votos na arrogancia, acharia que venceria a eleição. viu que não era bem assim, dai na reta final vem prometendo duplicar avenidas do mundo todo e acabar com as filas dos hospitais. dá pra culpar o povo por não acreditar?

  5. Joney Rodrigues disse:

    Excelente colocação. Mas, fugindo um pouco de dessa visão romântica, o desenvolvimento regional impulsionado por TI é um composto de investimento e empreendedorismo. Fatores que não podem ser dissociados. Que venhamos a tomar como espelho um polo tecnológico como o Cesar (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife), composto de pequenos empreendimentos (incubadoras) que surgiu da cabeça de apenas três professores, e, já produz resultados notórios com tecnologia até exportada. Que nossas academias tenham gente assim, não apenas preocupadas com títulos, mas, com o desenvolvimento regional através de atividades produtivas.

  6. Joney Rodrigues disse:

    Excelente colocação. Mas, fugindo um pouco de dessa visão romântica, o desenvolvimento regional impulsionado por TI é um composto de investimento e empreendedorismo. Fatores que não podem ser dissociados. Que venhamos a tomar como espelho um polo tecnológico como o Cesar (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife), composto de pequenos empreendimentos (incubadoras) que surgiu da cabeça de apenas três professores, e, já produz resultados notórios com tecnologia até exportada. Que nossas academias tenha gente assim, não apenas preocupadas com títulos, mas, com o desenvolvimento regional através de atividades produtivas.

  7. Antenada disse:

    Essa família só tem gente séria, inteligente e interessada em fazer de Petrolina uma cidade maravilhosa!
    Pessoas inteligentes votam no 40!
    Até a vitória!!

  8. Familia Santana disse:

    Estamos passando por um momento muito delicado da historia de nossa cidade. Os depoimentos ingênuos de alguns só demonstram a falta de conhecimento da história de Petrolina. Muitos que aqui estão, por aqui apenas estão passando. Sem nenhum compromisso ou interesse pelo futuro da comunidade. Buscamos construir em nossa cidade um sonho de uma nova civilização. TUDO que conseguimos construir até hoje dependeu de um alinhamento político entre as esferas governamentais. Pesquisem, perguntem, se informem.
    * Buscar recursos para pesquisa junto a FACEPE é só para quem faz parte da panelinha!
    * O Pontal teve sua implantação iniciada em 1998. Por falta de recursos teve suas obras paralisadas diversas vezes, e isso sob o comando do então deputado Osvaldo Coelho. Hoje se tivéssemos um ministro irresponsável o Pontal já estaria funcionando, como aconteceu com o Salitre. Porém para Petrolina sempre buscaremos o melhor caminho. Para o caso do Pontal o da autosustentabilidade.

    Antes de opinar pesquisem, perguntem, se informem!

  9. FabioPorto disse:

    Concordo com o Professor Julianely. Porém, um dado do texto do rapaz é equivocado. Não temos apenas 200 ou menos no Vale em cursos de mestrado ou doutorado e /ou fazendo pesquisa com apoio de órgãos de fomento. Temos o IF Sertão PE, UNIVASF, UPE, FACAPE, UNEB, ITEP e órgãos de fomento como a FACEPE apoiando. Fora os minter e dinter que estão ocorrendo.

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