Em ato realizado ontem (5), deputados, sindicalistas e trabalhadores da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), manifestaram repúdio ao esvaziamento da empresa em favor do fortalecimento da Eletrobras. Em frente à sede da estatal, no Bongi, empregados mostraram-se contrários à transferência do comando da Chesf para o Rio de Janeiro.
“É descabido, pela história e pelo papel da Chesf. Decisões estratégicas do Nordeste vão perder a prioridade“, afirmou Vinicius Duarte, chefe de gabinete de engenharia da companhia. O evento foi uma das raras ocasiões em que as bancadas do governo e da oposição tiveram uma agenda em comum: “a empresa não pertence à nenhum partido ou governo, pertence ao País“, ressaltou o deputado federal Fernando Ferro (PT).
A intenção do governo federal é transformar a Eletrobras em uma holding do setor de energia, reunindo todas as companhias estatais regionais, como a Chesf, Eletrosul, Eletronorte e Furnas. “É uma manobra que pode trazer prejuízos incalculáveis para a região Nordeste“, disse o deputado federal André de Paula (DEM). Sindicatos de Pernambuco, Bahia, Alagoas e Ceará estiveram presentes no evento.
A Chesf não pode mais participar de uma sociedade de propósito específico (SPE). Geralmente, os grandes empreendimentos do setor elétrico são disputados por SPEs por exigirem altos investimentos. Com as mudanças, as decisões que antes eram tomadas no Recife, serão agora determinadas pelos técnicos da controladora na sede. “Um grupo de burocratas do Sudeste tomando as decisões pelo Nordeste”, resumiu o presidente da OAB, Henrique Mariano, que também esteve presente no ato.
Segundo o deputado Isaltino Nascimento (PT), líder da bancada do governo, Eduardo Campos vai se reunir com outros governadores do Nordeste para discutir o tema. Isaltino disse que o governo apoia o crescimento da Eletrobras, mas que o mesmo está sendo feito de maneira “equivocada”. “Temos que buscar uma forma que contemple o fortalecimento da nação sem enfraquecer o lado regional”, completou o deputado.
Nesta quarta-feira (7) Fernando Ferro vai propor em Brasília uma audiência pública para a discussão do assunto. Se aceita, ela deve ocorrer na quarta-feira da semana seguinte, com a presença de deputados de outros estados e do presidente da Eletrobras.
Fonte: JC (foto ilustrativa)
