O radialista e fiel seguidor do Blog, Marcelo Damasceno, faz uma breve panorâmica do atual momento político do país, que passa entre outras coisas pela posse de Guilherme Coelho na Câmara dos Deputados.
Boa leitura:
Um mandato federal que mantém numericamente a bancada invejável de Petrolina no parlamento. Desde as últimas horas, Guilherme Coelho (PSDB-PE), vice-prefeito atual do governo Julio Lossio (PMDB PE) e, noutra oportunidade, prefeito duas vezes de Petrolina neste Extremo Oeste de Pernambuco, festeja “esse mundo bom” da anomalia política produzida no Brasil.
Era, até dias atrás, inimaginável esse mandato que Guilherme Coelho ganhou, graças ao governo interino de Michel Temer, que presenteou por serviços prestados o estado pernambucano. Quatro estratégicos ministérios a deputados que inspiraram e trabalharam pelo impedimento do PT de Dilma Rousseff, a legítima vencedora das urnas em 2014, reeleita presidente até 2018. Desde a espetacular traição do PMDB, seu principal aliado da base de governo, a conspiração coordenada pelo consórcio derrotado nos últimos 20 anos do PSDB/DEM, agora protagonistas de um golpe de estado. Sob a heresia do impeachment, Michel Temer coordenou silenciosamente a traição à sua companheira, Dilma, de chapa majoritária em dois pleitos nacionais.
Esse “Frankenstein político” fecundado no congresso nacional não só apeou o processo subdemocrático que deu ao PT tanto tempo de poderio republicano, como fortaleceu a ideologia conservadora na condução social e econômica do Brasil.
O agora deputado tucano Guilherme Coelho tem inesperado assento Federal em defesa do neoliberalismo e consenso ianque de Washington. Empresário do agronegócio e formado em agronomia, Guilherme, unha de tropeços eleitorais no âmbito federal. Mesmo com o espólio político de seu pai, Osvaldo Coelho, sucessivamente deputado. O Governo Temer, interino e partidário do conservadorismo americano para heterodoxa economia de mercado, a premiar a privatização, o encolhimento do Estado, em setores essenciais da população, cai no colo dessa ala udenista em Petrolina. Com a gratidão de Temer aos perdedores eleitorais em voto direto, sua gestão sem reconhecimento democrático e popular segue triunfante na câmara federal e no senado. Petrolina mantém sua bancada com três deputados federais e um senador, além de três deputados estaduais. E o poderoso Ministério das Minas e Energia.
A família Coelho sai fortalecida com essa inesperada matemática. Isso pela via indireta. Logo mais em outubro, um batismo de fogo aguarda essa intempérie política com o voto direto para prefeito e vereadores. Aí se verá o prestígio eleitoral ou não desse interino governo que premiou o leal dueto PSDB/DEM, que por ora dá as cartas em Pernambuco, estremecendo as potestades locais de Julio Lossio e Paulo Câmara, este último governador do arrependido aliado PSB, protagonista desse casuísmo político. Agora quem festeja é Guilherme Coelho, em inédito mandato federal pelas vias do impeachment com indesejado codinome de “golpe”.
Marcelo Damasceno/Radialista
