Artigo do leitor: ” O Teatro do Poder e a prisão invisível dos que julgam sem serem julgados”

por Carlos Britto // 22 de novembro de 2025 às 12:15

Foto: reprodução

Neste artigo, o colaborador do Blog e advogado, Rivelino Liberalino, analisa a recente prisão de uma figura pública  para discutir o desgaste das instituições brasileiras e o contraste entre o que o poder mostra e o que tenta esconder. Com reflexões filosóficas, o texto aponta que a verdadeira prisão recai sobre autoridades que perderam legitimidade, enquanto expõe a crise de credibilidade do sistema de Justiça e seus reflexos internacionais. Veja:

Há dias que revelam mais do que gostariam os protagonistas do poder. A política brasileira, tão acostumada a se mover entre sombras e holofotes vacilantes, voltou a expor seu roteiro mais grave: a distância entre o que se anuncia ao público e o que realmente acontece atrás das cortinas. A prisão de uma figura pública adoecida, marcada por um atentado que deixou sequelas permanentes e que ainda provoca internações frequentes, reacendeu a percepção de que, no Brasil, decisões que deveriam expressar equilíbrio institucional às vezes refletem algo mais profundo e inquietante: a reação de um sistema que resiste quando alguém expõe demais.

Não é apenas um corpo levado ao cárcere. É um símbolo. E símbolos, quando incomodam, revelam muito mais sobre quem tenta controlá-los do que sobre quem os representa. A ironia trágica é que, em meio ao espetáculo do poder, a verdadeira prisão não se encontra onde dizem estar. Há homens que enfrentam celas, mas continuam livres na consciência pública. E há autoridades que ocupam funções elevadas e, mesmo assim, vivem confinadas por medo, vigilância e insegurança, presos a uma responsabilidade que não conseguem sustentar diante do próprio espelho.

Epicteto, escravo por condição, explicou há dois mil anos o que hoje se torna evidente no Brasil: a pior prisão é a interior. Ela não precisa de muros, grades ou guardas. Basta a angústia de quem sabe que já perdeu a legitimidade. Viktor Frankl, sobrevivente do horror humano, ensinou que a liberdade verdadeira nasce de dentro, mesmo quando tudo ao redor oprime. É por isso que, hoje, a sensação de encarceramento pesa muito mais nos gabinetes do poder do que nas celas de quem se tenta calar.

A cena institucional do país, que deveria ser o último refúgio de sobriedade, atravessa uma fase de exposição desconcertante. O comportamento tenso, as manifestações emocionadas, as reações intempestivas e os afastamentos discretos compõem um retrato que contrasta com a liturgia do cargo. Quando a população começa a enxergar o sistema de Justiça como espetáculo, não como instituição, o desgaste deixa de ser momentâneo e passa a ser histórico. Já não é apenas uma crise. É um diagnóstico.

Somam-se a isso os reflexos externos. Medidas internacionais de responsabilização, como as previstas em legislações semelhantes à Magnitsky, começaram a provocar desconforto real. Bancos pedindo explicações, silêncio diplomático onde antes havia convites, agendas discretas substituindo os eventos vistosos de outros tempos. A observação internacional não se restringe a manchetes; ela produz consequências que o país começa a sentir.

O episódio de hoje, portanto, não se esgota em si mesmo. Ele revela um país diante do espelho, confrontado com a fragilidade das instituições que deveriam inspirar confiança. Quando se prende alguém debilitado, enquanto os responsáveis pelo julgamento enfrentam questionamentos crescentes, não é o indivíduo que está verdadeiramente no centro da discussão, mas o sistema que tenta preservá-lo de si mesmo. E a história, implacável e silenciosa, registra tudo. Ela não concede prazos, não aceita embargos, não sofre pressão. Ela observa. E, no momento certo, julga.

No fim, resta a verdade simples e contundente: há homens que, mesmo encarcerados, preservam a liberdade interior diante do povo. E há autoridades que, mesmo cercadas de estruturas e poderes, já não conseguem ocultar a prisão invisível que carregam. É essa a tragédia do teatro do poder. E é a partir desse espetáculo que o país precisa perguntar, com honestidade: quem, de fato, está realmente preso?

Rivelino Liberalino/Advogado

Artigo do leitor: ” O Teatro do Poder e a prisão invisível dos que julgam sem serem julgados”

  1. Edilberto disse:

    Esse espetáculo “político” do ministro ditador do STF, tutelado pelo ex presidiário presidente, já perdura por 3 anos, perseguição e vingança contra o ex presidente Bolsonaro e o Exército, revanche ao regime militar de 1964. Quanto já não foi gasto? Dinheiro do contribuinte, com pessoas, suporte, falsas narrativas, para condenar inocentes, que o único crime foi afrontar a facção política de esquerda do pais. Enquanto isso “organizações criminosas” do tráfico, tomam conta de morros no Rio de Janeiro e, se apropriam de todo território brasileiro.

  2. Branca disse:

    Há muito tempo perdi a credibilidade pelo STF.

  3. KLEBER Pereira. disse:

    Uma pena o Sr. Rivelino Liberalino fazer um texto que liga o nada ao lugar nenhum. Já ouvi falar bem do profissional bacharel em direito, porém nesse texto insosso e diet, a paixão política ultrapassou o razoável. Quantos detentos estão em situação crítica nas péssimas instalações penitenciárias do Brasil sem nenhuma voz dos profissionais de direito para pedir prudência? Infelizmente para pessoas que compartilham da.mrsma opinião do autor desse artigo, bandido bom é bandido morto, desde que seja o bandido dos outros…

  4. disse:

    1. Só os psicopatas não importam com as consequências dos próprios atos, então os “normais” sempre estarão encarcerados pelas suas consciências.
    2. O direito serve para por fim a controvérsia, não buscar satisfazer aos dois lados, algo quase sempre impossível. Um lado quase sempre sairá insatisfeito e deve entender e aceitar isso, e a base do Estado democrático de direito.
    3. O direito positivista e o garantista sempre estarão em conflito, nesse cenário democracia é maioria não consenso. Antes o barulho das democracias que o silêncio das ditaduras.

  5. Edilberto disse:

    Tenho nojo dessa JUSTIÇA do Brasil, totalmente fora da realidade da vida, um teatro de “horrores” protagonizado por um ministro do STF ditador, “torturador”, Líder supremo absoluto, acima de tudo. O parlamento é inútil, não precisamos mais de eleições, quem dita as regras da nossa sociedade na prática já é tal ministro. Qualquer um de nós podemos ser vítima dele. Hitler deve está se revirando no túmulo, alguém superou ele!

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