Artigo do leitor: “Luiz Gonzaga vive apesar da falta de política pública”

por Carlos Britto // 21 de maio de 2022 às 13:05

Foto: Cortesia

Neste artigo, escrito pelo jornalista regional Ney Vital, ele traz uma reflexão sobre a precariedade de incentivos públicos para a valorização e conservação da cultura gonzagueana, como forma de preservar as raízes artísticas e também dar visibilidade aos principais nomes que fizeram os gêneros musicais, forró, xote e baião, serem patrimônio da cultura brasileira.

Ney Vital é pós graduado em Ensino de Comunicação Social, estudante do Curso de Agroecologia, apresentador do Programa Nas Asas da Asa Branca-Viva Luiz Gonzaga e Seus Amigos, na Rádio FM 95.7 e Rádio Cidade Am 870. Confiram o artigo na íntegra:

“Luiz Gonzaga vive apesar da falta de política pública nos festejos Juninos do Nordeste”

Entra governo e sai prefeito, secretários, deputados e senadores e a cultura do forró continua sem ser valorizada. O forró foi elevado à condição de patrimônio da cultura brasileira.

Como se vê, o forró, baião, xote e xaxado estão em alta. Mas, no caminho existe a pedra da falta de política pública, para gerar renda e valorização a cadeia produtiva que movimenta as festas juninas do Nordeste.

Para os Políticos, atuais prefeitos e pré-candidatos ao Governo do Estado de Pernambuco, cultura da sanfona e valorização do forró para quê? Por que forró? A pergunta vai em especial para os prefeitos e ex-prefeitos de cultura de Campina Grande, Paraíba, Caruaru, Pernambuco, Petrolina, Jaboatão dos Guararapes. Cadê o festejo junino com música deixada pelo reisado de Luiz Gonzaga, ritmo, harmonia e melodia da sanfona, zabumba e triangulo?

Antonio Nóbrega, músico, brincante da música brasileira, da dança, do teatro e do ‘universo do circo, da criança e da cultura popular deu uma resposta: conectando a estudos e reflexões sobre a cultura brasileira em geral, esse casamento entre conhecimento empírico e teórico foi conduzindo-me à constatação de que vivemos num país que reluta em aceitar-se integralmente.

Os governantes não tem compromisso com a cultura gonzagueana, de Dominguinhos e Sivuca, Jackson do Pandeiro, Marinês, e por isto não alcança a modernidade forrozeira das novas gerações que também não fazem shows nos palcos das grandes festas juninas das principais cidades do Nordeste.

Cadê nosso Forró, Xote, Baião. O marketing destas mesmas cidades dizem que “estão fazendo o forró de Luiz Gonzaga”. Em Caruaru, existe até uma programação de um Arraiá do Gonzagão, e pasmem, não existe um contratado que possua uma identidade, pertencimento cultural, é arraiá para enganar quem?

Que outra razão para tal desperdício de insumos culturais tão vastos e de tão imensa riqueza simbólica como o nosso reservatório de ritmos presente nos gêneros criados por Luiz Gonzaga.

Sigo, Antonio Nobrega e deixo um diálogo para as autoridade políticas: mais do que preservar o forró, através de políticas públicas, nossa tarefa está em amplificar, dinamizar, trazer para a órbita de nossa cultura contemporânea os valores, procedimentos e conteúdos presentes nessa “instituição” o forró cultural.

Essa ação amplificadora poderia abranger escolarização musical. Por que não se estuda forró em nossas escolas de música?; a prática da dança; a riqueza lúdica e criadora proporcionada pelo seu multifacetário estoque de movimentos; a valorização de modelos de construção e integração social advindos do mundo gonzagueano.

Tudo isso ajudaria ao Brasil entender-se melhor consigo mesmo e com o mundo em que vivemos.

O forró é uma das representações simbólicas mais bem-acabadas e representativas que o povo brasileiro construiu. Assim como o samba, o choro, o baião, uma entidade transregional cuja imaterialidade poderemos transmudar em matéria viva operante se tivermos a suficiente compreensão do seu significado e alcance sociocultural.

Identidade Cultural no mundo globalizado é fator de atração turística e desenvolvimento econômico e social. Nesta definição, viemos através de Carta Aberta, em nome da nação gonzagueana alertar: cuidem da cultura brasileira e em especial dos festejos juninos do Nordeste.

Ney Vital, jornalista

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