Artigo do leitor: Assassinos sobre quatro rodas e a omissão do Poder Público

por Carlos Britto // 21 de novembro de 2014 às 21:00

Omar BabáNeste artigo, o radialista e colaborador Omar ‘Babá’ Torres (foto) lamenta o trágico desfecho de um acidente postado por este Blog, na última terça-feira (18), sobre um casal numa motocicleta que foi abalroado por um motorista de um Fiat Uno. O condutor fugiu sem prestar socorro. A mulher ficou ferida, mas o condutor da moto acabou falecendo. Ele era um amigo pessoal de Babá, que critica a impunidade de “assassinos” sobre quatro rodas e a omissão assustadora do Poder Público.

Confiram:

Motorista atinge casal em motocicleta e foge sem prestar socorro

Esta manchete repetida nos últimos dias 18 e 19 na imprensa da região está bem longe de traduzir o trágico desfecho da notícia. Por ela jamais extrairemos a dimensão do destroçamento de uma família que perdeu o pai e o avô zeloso e trabalhador e jamais mensurará a dor de quem chora a falta de um amigo. Josenilton, humilde frentista de um posto de gasolina, não terá sua trágica morte repercutida por vários dias na imprensa que clamaria contra a violência no trânsito, a irresponsabilidade e a impunidade.

Como centenas de outros Josés, Silvas e Santos, sua morte não será lamentada em editoriais ou publicações de dezenas de notas de pesares assinadas por compungidos homens públicos. Ela não provocará os costumeiros clamores e exigências de punição que sucedem às mortes de ricos, famosos ou figuras públicas.

Ela não gerará um mero registro de inconformismo com a fatalidade. Do amigo alegre, generoso e prestativo, carinhosamente chamado de Baixinho, que conheci por cerca de vinte anos, não sei sequer o sobrenome, mas sei o quanto valia. Agora, jaz enterrado no chão da roça humilde onde nasceu, o homem bom, cristão fervoroso, amigo sincero, trabalhador honesto e exemplar pai de família Josenilton, que foi violenta e irresponsavelmente arrancado do nosso convívio.

O que era um ser humano, parte de projetos de vida, se transforma, para autoridades e programas estatísticos, em apenas um número. Mais um frio número na guerra que é o trânsito do nosso país e que mata diariamente mais que muitos conflitos armados pelo mundo. Ele agora é mais um que faz valer a observação de outro sábio amigo: “nessa vida somos apenas a emoção de uma notícia”.

Mais uma família dilacerada, mais amigos que se juntarão a tantos outros que diariamente sofrem em silencioso anonimato as dores das perdas de entes queridos e que, se soubessem, provavelmente cantariam em gigantesco coral de milhares de vozes o samba, que termina dizendo “a dor da gente não sai no jornal”.

Mundo que segue dominado por impunes assassinos e governado por autoridades irresponsavelmente omissas. Vida que segue triste e doída sem a presença de Josenilton, sobrenome Baixinho.

Omar Babá Torres/Radialista

Artigo do leitor: Assassinos sobre quatro rodas e a omissão do Poder Público

  1. Rachel Rodrigues disse:

    Deus com certeza lhe reservou um bom lugar no céu. Senti muito a perda desse cidadão, um trabalhador honesto que sempre nos recebia com um grande sorriso no rosto.
    Só nos resta pedir a Deus que conforte os corações de sua família neste momento de imensurável dor.

  2. EDINHO disse:

    …………….e sobre duas rodas também.

  3. Marcos Galdino disse:

    O trânsito de Petrolina precisa de um choque de realidade, missão para a EPTTC, Polícia Rodoviária e o BPTrans. Na Honorato Viana, aquelas revendedoras de veículos põem seus carros nas calçadas, forçando o pedestre a dividir o espaço com os veículos na pista, o mesmo se aplica à Sete de Setembro, via que já testemunhou diversos acidentes fatais e nada feito até agora; Motoqueiros (pressa de matar ou morrer?) ultrapassando, e até circulando, pelos acostamentos (testemunhei um quase atropelando uma grávida na Sete de Setembro, e ainda ficou soltando piadinhas para a pobre mulher); Motoristas com seus carros estacionados na frente de bares. A polícia coloca a viatura para fazer a segurança da festa (e o resto da sociedade?) e não vai checar o dono quando sai no veículo. Uma amiga que mora nos Estados Unidos me falou que onde se vende bebidas há sempre policiais por perto (lá o bafômetro é obrigatório, não soprou, é desobediência); Algumas autoridades que deveriam ser exemplo, usam suas “carteiradas” quando dirigindo sob efeito de álcool ( por que não homicidas em potencial também? Não são seres humanos ou são de marte?); São cenas que se repetem todos os dias em Petrolina, aos arrepios da lei. E aí, nessa cena cotidiana, que se banalizou, muitos Josés vão morrendo, muitas famílias de Josés continuam nas suas dores e as autoridades continuam fingindo que não veem, até que o José seja um familiar deles… A velha frase da vovó: Cisco no olho dos outros, é refresco. Com a palavra, as autoridades de trânsito.

  4. MANUKA disse:

    . Eh bem lamentavel que como vc diz Pq e uma pessoa simples as autoridades nada fazem, mas se fossem algum rico cairiam todos em cima. :-( Bonitas palavras, descreveu bem o que ele passava ser, parecia mesmo ser um ser do bem, cheguei a conhece-lo. muito triste!!

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Últimos Comentários

  1. Era tão articulado que foi eleito sem voto pelos militares. Não ganhou por mérito próprio, foi imposto.