Artigo do leitor: “As drogas e o caminho sem volta”

por Carlos Britto // 11 de fevereiro de 2025 às 18:05

Neste artigo pertinente, o advogado Rivelino Liberalino chama atenção da juventude para o perigo das drogas  e incita uma reflexão: vale a pena, se causam tanto desgosto?

Boa leitura:

Que vazio é esse que precisa ser preenchido? O que faz um jovem, com um futuro inteiro pela frente, decidir se entregar a algo que o escraviza? O que leva alguém a comprometer seus sonhos, sua dignidade, sua família e até sua própria vida por uma substância que promete prazer momentâneo, mas cobra um preço alto e cruel?

Talvez você não perceba agora, mas antes de experimentar qualquer droga, vá até um grupo de Narcóticos Anônimos. Sente-se em silêncio e escute. Escute a dor na voz daqueles que perderam tudo e hoje tentam, com uma força sobre-humana, lutar contra esse monstro que os consome. Veja nos olhos deles a agonia de quem tenta se levantar após inúmeras quedas. Porque a luta contra as drogas não é uma batalha fácil – é uma guerra sem tréguas, sem piedade, sem compaixão.

Se ainda acha que isso não o atinge, visite o grupo Amor Exigente. Veja mães que choram lágrimas de sangue há décadas, lutando pela recuperação dos filhos. Mulheres que perderam casas, carros, trabalho, sanidade, para custear os internamentos sucessivos dos seus filhos. Mães que não dormem, não vivem, não têm mais paz, porque a cada recaída precisam recomeçar do zero. Vinte anos de luta, vinte anos de angústia, vinte anos de dor. E, muitas vezes, tudo isso para, no fim, sepultar um filho.

E onde estão as escolas nessa luta? Onde estão as campanhas educativas, as palestras, as iniciativas de conscientização?

O que vemos hoje são escolas que exaltam a competitividade, que incitam os jovens a serem os melhores a qualquer custo, que promovem o sucesso acadêmico sem lembrar do que realmente importa: a ética, a disciplina, a humanidade. De que adianta conhecimento sem caráter? De que adianta inteligência sem valores? O ensino de hoje explora a competição e ignora o que há de mais essencial: a formação de seres humanos íntegros, conscientes de suas escolhas, preparados para dizer “não” ao que destrói.

Houve um tempo em que as escolas falavam sobre isso, alertavam, promoviam campanhas, traziam especialistas para conversar com os alunos, educavam de verdade. Hoje, esse trabalho praticamente desapareceu. Os jovens são jogados no mundo sem preparo, sem informação, sem reflexão. E assim, caem mais rápido na armadilha, acreditando que são invencíveis, que com eles será diferente.

E quando percebem o erro, já estão presos, algemados pelo vício, entregues a uma realidade que não escolheram conscientemente, mas que os arrasta para o abismo.

Talvez você acredite que nunca chegará a esse ponto. Mas quantos jovens, sem imaginar, começam a se prostituir em pequenas rodas de consumo de drogas? Primeiro, estão ali, sem perceber, vendendo o próprio corpo em troca de aceitação. Depois, quando o vício se instala, já não há mais barreiras: eles se entregam, se vendem por qualquer dose, por qualquer trago, por qualquer migalha que alivie a dor da abstinência.

Será que é preciso mais dor? Será que é preciso mais exemplos? Em um mundo onde as informações estão em todo lugar, onde as tragédias causadas pelas drogas estão escancaradas, o que mais falta para que você enxergue?

Quantos exemplos são necessários? Há poucos anos, uma médica, mãe de três filhos, abandonou tudo por causa das drogas. Reduziu-se a um espectro humano, dando entrevistas como um alerta para quem ainda pode evitar esse destino.

E não são apenas desconhecidos. Atores renomados, como Felipe Camargo e Vera Fischer abriram mão do anonimato para expor seus dramas e tentar impedir que outros passem pelo mesmo inferno. Quantos mais precisarão se destruir para que se entenda que esse caminho só leva à desgraça?

Se você sabe que o fogo queima, por que colocar a mão nele?

Então, eu pergunto: diante de tanta informação, diante de tantos alertas, por que se jogar nessa armadilha mortal? Por que insistir em um caminho sem saída, sem volta, sem futuro?

Você já pensou no que está financiando quando usa drogas? Você entende que, ao pagar por um cigarro de maconha, por uma carreira de cocaína, por uma pedra de crack, está colocando dinheiro nas mãos de organizações que matam, torturam e destroem vidas? Você compreende que o sangue que escorre nos becos escuros das cidades, as execuções brutais, a destruição de famílias inteiras, tem a sua parcela de culpa?

Porque é isso que o tráfico faz. Ele não perdoa, não tem compaixão, não tem piedade. Ele usa, explora e descarta. Ele não quer saber da sua história, não quer saber se você tem uma mãe que chora por você. Ele só quer que você consuma, que você fique dependente, que você continue sustentando esse império construído com dor, lágrimas e morte.

Pablo Escobar. El Chapo. Grandes nomes do narcotráfico. Onde estão agora? O que restou deles? O que o dinheiro sujo lhes trouxe além da maldição de viverem como alvos, perseguidos, traídos, temendo até sua própria sombra? Não há felicidade que venha desse dinheiro. Ele é feito de tragédias, de vidas ceifadas, de mães e lares destruídos.

Acorde, jovem! O mundo não espera. A sociedade avança, o mercado de trabalho é cada vez mais implacável. E enquanto você se entrega ao vício, o mundo gira sem você. Anos perdidos no vício significam portas fechadas, oportunidades desperdiçadas, sonhos esmagados. E quando você acordar desse pesadelo – se acordar –, o que restará?

O amor de uma mãe, talvez. Mas até o amor de uma mãe tem limites. Quantas já enterraram seus filhos? Quantas já tiveram que reconhecer um corpo estendido no chão ou em um necrotério? Quantas ainda esperam uma ligação que nunca chega?

Antes de dar o primeiro passo nesse caminho sem volta, reflita. Olhe para aqueles que já caminharam por ele. Veja onde chegaram. Pergunte a si mesmo: vale a pena?

Porque quando a última dose for consumida, quando o último centavo for gasto, quando a última lágrima for derramada, pode ser tarde demais para voltar.

E então, a única pergunta que restará será: vale a pena morrer por isso?

Bel. Rivelino Liberalino OAB/PE 534/B/Advogado militante nas áreas cível e trabalhista, pós graduado em Direito Tributário pelo IBPEX ( Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão)

Artigo do leitor: “As drogas e o caminho sem volta”

  1. Robson disse:

    Como Sempre: IMPECÁVEL

    GRANDE ABRAÇO

  2. Carlos Alberto disse:

    Parabéns, meu primo!! Muito bom!!

  3. Nélio Albino disse:

    Um texto bastante reflexivo. Um grito de alerta aos jovens que não percebem o fim que terão ao entrarem no consumo das drogas. O consumo de drogas tem um reflexo amplo, na pessoa, na família e na sociedade.

  4. Eunice disse:

    Boa noite,chorei muito ao ler seu texto.Sou uma mãe come pendente do meu filho.
    Estamos nessa luta há 10 anos,hj ele tem 27.Está confuso, perdido, sem forças pra lutar.Essa doença é avassaladora,está me consumindo ,ao pai tbm e os irmãos que nada podemos fazer.
    Tranco ele em casa,ele se joga do telhado de casa, correndo o risco de vida,bater a cabeça ou coisa pior.
    Deus te dê forças pra continuar orientando e esclarecendo nossa sociedade.
    São poucos que nos tratam com dignidade e respeito.Há muitos julgamentos e condenações.
    Gratidão !!!

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