Artigo do leitor: “A fraqueza ocidental”

por Carlos Britto // 26 de fevereiro de 2022 às 21:47

Foto: Daniel Leal/AFP

O jornalista Rodrigo Constantino (Coluna Oeste) faz, neste artigo, uma leitura irretocável sobre o conflito bélico entre a Rússia e a Ucrânia, que começou esta semana e já deixou vários mortos.

Vale a pena conferir:

A Rússia invadiu a Ucrânia nesta quinta-feira. Putin avaliou que toda a retórica dos líderes ocidentais não passava disso: pura retórica. O autocrata russo decidiu, então, avançar com seus planos imperialistas, para resgatar parte da configuração territorial que a então União Soviética tinha – lembrando que Putin, um ex-agente da KGB, considerou a queda da URSS uma “catástrofe geopolítica”.

Largado à própria sorte pelo Ocidente “progressista”, resta ao povo ucraniano “ucranizar”, como fez contra seu próprio governo e ficou documentado no filme “Winter on Fire”, e demonstrar algum heroísmo na resistência ao imperialismo russo de Putin. Mas todos sabem que, na prática, os ucranianos, sem uma ajuda concreta ocidental, não possuem qualquer chance de vitória.

Existem várias causas para essa guerra, mas não podemos descartar como um dos fatores que desencadearam esses eventos a fragilidade cada vez maior do Ocidente. Quando o xerife do mundo livre se mostra pusilânime, os inimigos da liberdade ficam mais ousados. O Ocidente precisa urgentemente de um novo Churchill, que conhecia a natureza humana e estava disposto ao sacrifício para defender a civilização ocidental.

Diante da política de “apaziguamento” com os nazistas, Churchill profetizou: “Entre a desonra e a guerra, eles escolheram a desonra, e terão a guerra”. Churchill sabia que “um apaziguador é alguém que alimenta um crocodilo esperando ser o último a ser devorado”. Essa percepção se aplica perfeitamente ao caso atual envolvendo a Ucrânia.

Rússia, Estados Unidos e Grã-Bretanha assinaram em 5 de dezembro de 1994 com a Ucrânia um acordo segundo o qual os três países garantem a unidade territorial desta ex-república soviética, em troca de que a mesma renuncie às armas nucleares. No documento, Rússia, Grã-Bretanha e Estados Unidos elogiam a adesão da Ucrânia ao tratado de não-proliferação de armas nucleares e preveem que aquele país destrua todas as armas que ainda possuir, em troca da garantia de sua integridade territorial. Pelo visto, a política desarmamentista não funcionou muito bem para os ucranianos…

Ben Shapiro foi direto ao ponto: “Os britânicos entregaram o controle de Hong Kong à China em 1997 com a promessa de que a China manteria a autonomia da área. A China mentiu. A Ucrânia entregou suas armas nucleares em 1994, com apoio americano, em troca da promessa da Rússia de não invadir. A Rússia mentiu”. A moral da história é bem simples: “não confie nas promessas de ditadores. E as nações ocidentais que facilitam concessões em troca de promessas de ditadores também não são confiáveis a longo prazo”.

Para Shapiro, “o que a Rússia e a China estão demonstrando é que desafiar uma hegemonia global não exige que você seja particularmente forte. Requer apenas que a hegemonia seja fraca, inchada e obcecada por si mesma”. O que estamos vendo tem relação com mudanças nas placas tectônicas da geopolítica, mas não necessariamente pelo fortalecimento de Rússia e China, e sim pelo enfraquecimento ocidental.

No momento após a invasão russa, as prefeituras de Berlim e Paris iluminaram monumentos com as cores da Ucrânia. Talvez não exista símbolo melhor para ilustrar a fraqueza ocidental. É como achar que cantar “Imagine” e soltar bolas de sabão em favelas levará a paz ao local. Essa gente vive no eterno jardim de infância, com uma visão estética e romântica da vida, desconectada da realidade como ela é. Deveriam assistir “O Deus da Carnificina”, de Polanski, para entender melhor que o mundo não é o Central Park de Nova York.

Podemos até imaginar a nota que a OTAN gostaria de soltar numa hora dessas: “Nossos soldados estão prontos e com moral elevada para ajudar a Ucrânia”. Enquanto isso, Putin sorri aquele sorriso de Mona Lisa, de quem sabe mais. Será que as feministas ucranianas já sentem falta da “masculinidade tóxica” ou ainda esperam que homens como o imitador de focas e Justin Trudeau ofereçam proteção contra os russos? A emasculação no Ocidente vem cobrar seu preço.

Isso sem falar das estranhas prioridades. Podemos vislumbrar a reação das lideranças ocidentais diante de Putin: “Mas que absurdo! O Exército russo tem pouca minoria, nenhum trans, negro ou mulher, sua artilharia não é ecologicamente correta e, pasmem, há soldados não vacinados e sem máscaras nos pelotões. Onde já se viu isso?!” A ironia aqui serve como válvula de escape para o desespero de quem enxerga essa tendência faz tempo, mas se sente impotente diante dela. 

Olavo de Carvalho, em fevereiro de 2021, escreveu: “O Putin parece ser o último governante que ainda conhece a realidade: Quem manda é quem tem as armas, não quem tem o computador. Quero ver algum desses fresquinhos do Silicon Valley se meter a besta com ele. Na Hora H, o único poder real que existe não é o poder de mentir. É o poder de matar. O velho Stalin perguntaria: Quantas divisões armadas tem Bill Gates?” Olavo tem razão.

Enquanto isso, vejamos a “análise” do correspondente internacional do jornal O Globo, Guga Chacra, quando Joe Biden venceu as eleições suspeitas contra Trump: “O mundo ficará mais suave sem Trump. Acabou o pesadelo da era Trump. Pode-se criticar Biden (e tenham certeza de que criticarei muito quando for necessário). Mas é uma pessoa normal. Trump era mau”. O “adulto na sala” versus o malvadão: eis a “análise” do jornalista. Logo depois veio aquela saída atabalhoada do Afeganistão, que entregou de bandeja o poder aos terroristas do Talibã.

Minha colega de revista, Ana Paula Henkel, alfinetou essa mídia militante assim que Putin declarou guerra à Ucrânia: “Quando Trump saiu da Casa Branca, um apresentador da CNN Americana chorou no ar e disse que o mundo agora viveria tempos de paz. Outro da GloboNews escreveu que ‘o mundo ficará mais suave sem Trump’. Abandonem a imprensa de pompom na mão. Eles não fazem mais análise. E há muito tempo”.

O choro ocidental não vai parar as pretensões imperialistas da Rússia e da China. Homens “fofos” e cada vez mais afeminados não vão enfrentar soldados forjados na Sibéria ou na China rural. Se o preço da liberdade é a eterna vigilância, o preço da paz é o poder e a determinação de defendê-la. É preciso estar preparado para o pior, ainda que possamos esperar o melhor. Diplomacia sem a sombra da espada não tem força. E cá entre nós: diante dessa fraqueza toda do Ocidente, se sou morador de Taiwan, começo a fazer as malas hoje mesmo…

Rodrigo Constantino/Jornalista

Artigo do leitor: “A fraqueza ocidental”

  1. Vitor disse:

    Esse jornalista é um desenhista de primeira.

  2. REVOLTADO COM TANTOS PTRALHAS disse:

    BRILHANTE interpretação da realidade nua e crua! Parabéns pelo texto. A maioria não tem a mínima compreensão de todos esses fatos. Estão caindo direitinho na onda progressista, que fragiliza a humanidade, bombardeada por essa mídia que se vende e inverte toda a realidade. E paulatinamente, por falta de interesse em se envolver em discursões políticas, permanecendo na preguiça de pensar, na ignorância e na falta de reflexão sobre essa política, estamos vendo nossos direitos e garantias fundamentais sendo tolhidos e nossa liberdade sendo tirada com o consentimento inerte da população e com a “ajuda” de quase toda imprensa, que só pensa nos lucros que pagam seus futuros algozes.

  3. Benedito Ramoz disse:

    A Rússia e bem deixar os EUA administrarem a Ucrânia e instalarem base milita com arma apontadas para ela, porque imbecis como Constando querem a Ucranizacao do Brasil. Não só ele também aquele deputado federal bombado, o Daniel e Sara barraco Bolssonaro.

  4. Benedito José dos Santos Ramos disse:

    A fraqueza ocidental é fazer acordo e desarmar o adversário e depois guerrea-lo, como foi feito com o Irã, guerrea-lo com sanções econômicas e compra de petróleo principalmente, através de aliados submissos. Promovem guerra para roubar os países ricos em petróleo e mineral em geral como fizeram com o Iraque.
    Constantino não fala nada disso.

  5. Paulo disse:

    E.U.A.agora tem como presidente um banana aí todo mundo agora perdeu medo

  6. FRANCISCO GONÇALVES JUNIOR disse:

    Que texto mais tolo e superficial! será que ele pensa que ninguém tem internet? o mundo sabe o que a OTAN quer… o mundo sabe o que está acontecendo na Ucrânia, o que é ter um presidente incompetente e sem experiência na política! textos desse tipo, sem aprofundamento e isenção, não ajudam a esclarecer, mas tem o intuito de confundir as pessoas….Putin é imperialista mas esse presidente da Ucrânia é burro ou mau intencionado!

  7. Marcos Macedo disse:

    A russia matou aos milhares na chechenia, na siria, e agora no ucrania. Qual o merito que há nisso tudo?
    Exceto o florescer da violencia e a covardia do capitalismo. Nosso agro prefere o potassio da russia, e vender pros chineses. Dinheiro não tem cheiro e corrompe o caracter e isso não é exclusividade do brasileiro.
    Nossos representantes, mesmo com exiguo carater, são mistificados.
    Petrolina que o diga.

  8. RC é apenas um tolo disse:

    Discordo que o texto seja irretocável, aliás é um texto tão babava que chega a ser risível. Rodrigo Constantino é nada mais nada menos que um idiota que só escreve e fala asneiras. Não importa se ele fala de economia ou política nacional ou internacional, ele consegue ser apenas um bobinho, uma Tchutchuca.

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