Após pressão do Senado, ministério altera portaria para construção de ferrovias

por Carlos Britto // 28 de outubro de 2021 às 09:36

Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

O Ministério da Infraestrutura decidiu alterar a portaria que estabelece regras para autorizar a construção de novas ferrovias após pressão do Senado. O modelo proposto pelo governo era questionado também no TCU (Tribunal de Contas da União) e pela Rumo Logística, uma das maiores empresas do setor.

A portaria permite investimentos em ferrovias apenas com autorização do governo, sem necessidade de leilões de concessão, e é a base do programa federal Pró-Trilhos, que já tem 23 requerimentos de novos trechos, com investimentos totais de R$ 100 bilhões.

Segundo seus críticos, ela contraria tanto a medida provisória que estabeleceu as autorizações ferroviárias quanto lei aprovada no Senado sobre o mesmo tema, ao priorizar a outorga dos projetos por ordem de chegada dos pedidos.

Alegando que o modelo não traz o melhor resultado para o país, o relator do projeto de lei, o senador Jean Paul Prates (PT-RN) articula a edição de um decreto parlamentar para sustar seus efeitos. Mesma visão tem a representação do Ministério Público no TCU, que também pediu mudança nas regras.

Prates esperava votar o decreto nesta quarta-feira (27) mas concedeu ao governo mais um dia para melhorar o texto após pedido do líder do governo no Congresso, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE). Suas críticas ganharam apoio do senador José Aníbal (PSDB-SP). “O procedimento usado é: quem chegou primeiro leva. É algo absolutamente inaceitável‘, disse Aníbal à Agência Senado. “É tão óbvio que essa portaria está errada, que é deletéria ao introduzir um critério que se sobrepõe à análise dos projetos, mas o ministro está autorizando”.

O ministério defende que a autorização a uma empresa não impede que concorrentes apresentem novos projetos para os mesmos trechos.A competição se daria entre as ferrovias. No novo texto da portaria, diz que a prioridade será dada na fase de análise e não mais na outorga.

No novo regime de autorização ferroviária, diz, é esperado que todos os requerimentos sejam deferidos, exceto aqueles em desacordo com a medida provisória, incompatibilidade com a política nacional de transporte ferroviário ou “motivo técnico-operacional relevante devidamente justificado”.

Pressão

A pressão do Senado levou à mudança após vitória do governo em primeira instância ação movida pela Rumo, que tem interesse em dois trechos requeridos primeiro pela VLI Logística. Na ação, a Rumo acusava o governo de acelerar o processo para beneficiar a concorrente.

Os primeiros quatro requerimentos, incluindo os dois em disputa por Rumo e VLI, começaram a ser analisados pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) na última quinta (21), mas o processo foi suspenso por pedido de vista do diretor da agência Guilherme Sampaio. A ANTT avaliaria se existe alguma incompatibilidade entre os trechos e ferrovias já construídas ou outorgadas, uma das pré-condições para que as autorizações sejam concedidas. (Fonte: Folhapress)

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