Águas poluídas de barragens que desaguam no Rio Pajeú podem causar câncer

por Carlos Britto // 27 de julho de 2015 às 20:02

laudosDois laudos do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), do Recife, comprovaram que as águas da barragem do Jazigo, que desaguam no Rio Pajeú, e da barragem de Serrinha, que abastece mais de 450 comunidades rurais do município de Serra Talhada (PE), estão impróprias para o consumo humano. A confirmação foi feita pelo Secretário Executivo de Saúde de Serra Talhada, Aron Araújo.

Segundo mostram os laudos das análises 1872.00/2015 e 1874.00/2015, as águas das duas barragens estão contaminadas, podendo causar danos nocivos aos consumidores – inclusive câncer -, alertou o secretário. As análises apontaram uma quantidade significativa de Cilindrospermopsinas e Saxitoxinas. Na barragem de Serrinha, por exemplo, o valor de Cilindrospermopsinas chegou a 2,35 pg/L, quando o limite de quantificação do kit é 0,05pg/L. Já a quantidade de Saxitoxinas na barragem de Jazigo chegou a 9,1/L, onde o aceitável seria 0,02pg/L.

De acordo com o secretário, a intenção não é causar transtornos, mas trabalhar na prevenção e o cuidado com a qualidade de vida das pessoas. “As famílias que usavam a água da barragem de Serrinha já foram conscientizadas sobre a limitação do uso daquela água, isso porque até os peixes estão morrendo. Já com as famílias que consomem a água da barragem do Jazigo, nossa equipe está fazendo um trabalho de informação sobre os riscos do consumo à saúde humana e, só quando houver estrutura para auxiliá-las, iremos interditar”, explicou Aron.

rio pajeúProdução agroecológica

Ao saber dos riscos, os agricultores que vendem os produtos na Feira Agroecológica de Serra Talhada estão preocupados com sua sobrevivência humana e financeira. Os produtores do Assentamento Poço do Serrote dependem da renda para se sustentar e o único reservatório de água para consumo humano não garante a produção dos alimentos por muito tempo porque não está chovendo, e a tecnologia de convivência com o semiárido, implementada pelo Centro de Educação Comunitária Rural (Cecor) por meio dos programas da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), não é suficiente.

Segundo Aron Araújo, todas as famílias serão assistidas com distribuição de água, através de carros-pipa e poços artesianos. Questionado sobre uma das possíveis causas da contaminação, o secretário falou que a falta de saneamento básico é um dos motivos. “Quantas cidades que dependem do Rio Pajeú, o principal do nosso Sertão, colocam seus dejetos no rio? Quantos abatedores e grandes empresas desencadeiam seus lixos no rio? Qual município tem esgotamento sanitário com tratamento?”, destacou Aron. Ele acredita que a única coisa que pode amenizar essa situação é a chegada de muita chuva. (foto: Ascom Cecor/divulgação)

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