Abstenção nesta eleição será normal, dizem especialistas

por Carlos Britto // 31 de outubro de 2010 às 12:05

O bicho-papão da abstenção não deve ser mais assustador nesta eleição do que nas disputas anteriores. Pesquisa Datafolha e a opinião de dois especialistas desmontam a ideia difundida por petistas e tucanos de que o feriado prolongado levaria um grande número de eleitores a viajar em vez de votar.

Em três levantamentos do Datafolha em outubro, os que pretendem viajar no feriado variam de 1% a 2%. “Eles formam um contingente residual, concentrado nos bairros de classe média”, afirma Mauro Paulino, diretor geral do Datafolha. Consultas feitas pelo Instituto Análise, do cientista político Alberto Almeida, apontam que 1% dos eleitores devem viajar.

Nas últimas eleições presidenciais, a abstenção foi de 18% no primeiro turno e na casa dos 20% no segundo. “Não deve haver um salto mortal no índice de abstenção”, diz o cientista político Jairo Nicolau, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Para ele, o descompasso entre o baixo índice dos que pretendem viajar (2% no máximo) e a abstenção de 20% deve-se a dois fatores: o cadastro de eleitores ainda registra mortos, e o segundo turno desperta menos interesse que o primeiro, quando há mais candidatos. A Justiça Eleitoral confirma que o cadastro está desatualizado.

O jornal Correio Braziliense revelou que políticos ilustres, como Miguel Arraes

(1916-2005), estão na lista de eleitores. Outro fator que distorce o índice , segundo Nicolau, é o número de migrantes que não transferem o título para onde mudaram. Só os que justificam o voto equivalem a 6% do eleitorado, segundo Nicolau, acima do percentual que deve faltar por viagem.

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