Estou a cada dia mais rabugento. Acho que é coisa de velho, mesmo. Porque, sinceramente, não consegui ver poesia na vitória da seleção brasileira contra o…qual era mesmo o adversário? Ah, lembrei, a Coreia do Norte.
Todo mundo saiu para comemorar. Menos eu. O que será que está acontecendo comigo? Cadê o meu ufanismo de brasileiro apaixonado pelo esquadrão tupiniquim? Acho que está se esvaindo com o futebol medíocre apresentado por nossa seleção.
Venceu ontem o futebol de resultado. O futebol pragmático de um técnico que sequer treinou um time de futebol na vida dele. Foi, inclusive, referenciado como emblema de um fracasso, em 1990, na Itália, quando atuou num dos piores elencos de um selecionado na história do futebol brasileiro. Mas voltou exaltado, quatro anos depois, ao ser tetracampeão nos Estados Unidos. E voltou como símbolo da garra de uma seleção que desde a Copa de 70, no México, não conquistava um título.
É, caro leitor, acho que estou ficando mesmo velho. Porque não consigo deixar de venerar a seleção brasileira de 1982, que jogava por música mas fracassou na Espanha, diante da Itália de Paolo Rossi. Prefiro, com toda sinceridade, o futebol jogado com maestria e genialidade daquela seleção do saudoso Mestre Telê, a ver a falta de criatividade e as limitações desta seleção de Dunga.
Mas não se deixe influenciar. É pura rabugice minha. Esqueça que a seleção que vimos ontem venceu o 105º colocado no ranking da Fifa (105º?????) pelo pífio placar de 2X1. Esqueça também que pelo menos seis jogadores da Coreia do Norte fazem parte do Exército do seu país. Pois é. Veja o nível do adversário que enfrentamos. Enquanto os brasileiros ganham milhões com o futebol – e só com isso – os jogadores coreanos dividem-se entre a seleção e a força militar. Não leve nada disso em conta. É coisa de velho rabugento.
Assisti ao jogo de ontem no Barretu’s com meu parceiro Carlos Britto. No intervalo do jogo, Britto lembrava-me dos tempos dourados do futebol brasileiro nos anos 80. Uma época na qual não conquistamos títulos, é bem verdade. Mas tivemos o privilégio de ver craques de verdade jogando, como Zico (Flamengo), Zenon (Corinthians), Jorge Mendonça (Palmeiras), Zé Sérgio (São Paulo), Pita (Santos) entre tantos outros.
É fato que craques dessa linhagem não são mais encontrados tão facilmente no futebol brasileiro. Mas não é à toa que o Brasil ainda é considerado o maior celeiro de talentos no mundo. Parreira tinha esses talentos na mão, em 1994, mas preferiu o pragmatismo e a mediocridade. O ‘pupilo’ Dunga segue no mesmo caminho. Creio eu ser possível aliar a molecagem do futebol brasileiro de outros tempos (que inclusive nos deu três títulos mundiais) com o futebol burocrático dos tempos atuais. Mas Dunga também prefere o pragmatismo e a mediocridade. Acho que estou querendo demais. Coisa de velho rabugento, mesmo.



