“Causos do Sivuca” reúne em livro histórias pitorescas da região

por Carlos Britto // 16 de agosto de 2010 às 10:31

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O publicitário Domingos Sávio Brandão é um contador de histórias. Uma espécie de “Forrest Gump” de Petrolina. Mais conhecido na região como ‘Sivuca’, há pelo menos 20 anos ele vem ouvindo falar de casos pitorescos que mexem com o imaginário popular (A maioria verdadeiros, diga-se de passagem). Da conversa animada com os amigos, que se divertiam com seus ‘causos’, Sivuca acabou convidado pelo diretor do jornal Gazzeta do São Francisco, Eudes Celestino, a publicar numa coluna do periódico todas essas histórias.

Os contos do publicitário acabaram despertando a atenção da professora Socorro Lacerda, que procurou Sivuca no intuito de registrar para sempre esses fatos marcantes e peculiares da Petrolina e Juazeiro de outros tempos, que poderiam perfeitamente se encaixar em qualquer outra cidade sanfranciscana. Assim surgiu os “Causos do Sivuca – conto porque me contaram”, primeiro livro do publicitário que será lançado nesta quarta-feira (18), a partir das 20h na Faculdade de Formação de Professores de Petrolina (FFPP), Cidade Universitária, na Vila Eduardo.

Todos os causos, segundo Sivuca, são protagonizados não apenas por personagens simples, como também por autoridades da região. E ele garante que mais de 90% deles são verídicos. Em outros causos, os nomes foram mudados para evitar possíveis constrangimentos. Satisfeito com o resultado, o publicitário conta estar “realizando um sonho” e faz questão de enaltecer todos os esforços de Socorro Lacerda. “Sem a dedicação de Socorro o livro não teria saído”, enfatizou.

Sivuca, agora, quer que seus causos cheguem a quem pouco ou nada conhece de suas raízes. “Espero que o livro possa trazer uma contribuição aos nossos estudantes e às pessoas que não conhecem como se originaram determinadas coisas na nossa cidade”, argumenta.

A autora do projeto, Socorro Lacerda, afirma que sua disposição em ter produzido o livro é parte intrínseca do amor que tem por sua terra. Citando Tolstoi, autor russo mundialmente conhecido, ela aproveita para filosofar. “Ele disse que quando a gente conta a história da nossa aldeia, nós estamos contando a história do mundo e é assim que estabelecemos o respeito pela nossa cidade”, pondera.

Do Causos do Sivuca, Socorro remete-se à infância quando sua mãe, dona Iêda Lacerda, ambulatorista da Pharmacia Pernambucana (com Ph mesmo), lhe contava histórias das quais nunca esqueceu. Uma delas diz respeito a André Cavaquinho, que se disse espantada anos mais tarde por descobrir que ele existiu de verdade. Editado na Gráfica Franciscana Ltda, o livro foi patrocinado pelo Sistema Municipal de Incentivo à Cultura (SIC), através da Construtora Venâncio. Detalhe: o SIC foi criado por Socorro quando foi secretária de cultura na segunda gestão do prefeito Fernando Bezerra Coelho (2001/2004). “Considero a lei de incentivo à cultura uma das mais importantes que existem em Petrolina”, afirma. Modéstia à parte, ela merece.

Por Antonio Carlos Miranda

“Causos do Sivuca” reúne em livro histórias pitorescas da região

  1. Eildo Coelho disse:

    Sivuca parabens e muito sucesso pra você sou um grande admirirador do seu trabalho, alem é claro de ser nosso parceiro na divulgação de nossos eventos.

  2. J F Lisboa disse:

    Como bom petrolinense, distante de minha cidade há alguns anos mas que a cada dois anos retorno para não perder a teluridade, gostaria de adquirir o livro.
    Realmente, eu na minah tenra infância conheci André Cavaquinho (andré Doido) que às vezes, segundo papai, dava um carreirão nas moças.
    Eu particularmente tenho uma crônica-conto que fala de Macaxeira Preta, alguém se lembra?
    Gostaria de saber como poder solicitar do fundo de Incentivo a Cultura para publicação de obra literária.
    Eu Lembro do Sivuca, um cara que tinha cabelos compridos? da Emissora Rural?
    Abs e parabéns

    J F Lisboa

    “Senhor meu pai! Abrandai vossa alma, entendei vosso filho que o adora e que a despeito do orgulho da vossa fidalguia, sabei, somos todos por Deus constituídos de todas as cores, pois que de todas as cores nós somos”. (J. F. Lisboa – o bisavô)

    O filho de fidalgo português, Joaquim Francisco Lisboa, obrigou-se embarcar num navio, abandonando o torrão natal por não suportar o peso da rejeição familiar pelo crime cometido: apaixonar-se por uma bela moura, Amina, que lhe encantou com seus olhos negros e sedutores e as lindas histórias de sua terra no Oriente. Amina teve seu nome mudado para Ana Maria, por conta da conversão ao cristianismo.
    A moura deu à luz uma filha, após desembarcarem no Recife – PE, nos idos de 1870, onde estabeleceram comércio. Tiveram ainda mais dois filhos.
    O velho Lisboa casou a filha com o sertanejo, José Joaquim de Carvalho, comerciante de couros e peles lá das bandas do Cariri. Tiveram cinco filhos, um deles meu pai.
    Os filhos foram mandados a estudar em colégio de padres, mas, os anos que se seguiram foram difíceis. Às dificuldades econômicas impostas pela seca, regressaram todos. Meu pai, João Joaquim L. de Carvalho, especializou-se na arte e ofício de sapateiro, montou loja, oficina. Autodidata das letras escreveu fábulas, narrou-me sagas, estudou violão, fez-se músico. Casou-se com uma formosa cabocla, minha mãe, D. Maria. Vieram residir no Sertão de Pernambuco à beira do Rio São Francisco, no Encantado. Meu pai definia assim nosso lugar, meu mundo, de dias de sol sempre dourado e noites estreladas. Tiveram nove filhos, destes, eu, J. F. Lisboa, da década de 1960, o sétimo.
    Dizem os poetas e os contadores de histórias de outrora que é destino do sétimo filho virar lobisomem, quando isso não acontece é porque, a esse, os deuses concedem o dom das artes, da poesia, da cantoria. “Vendo a vida pelas léguas que andei”, sinto que escapo dia-a-dia da predição primeira, me fazendo poeta de horas consignadas, pois que o tempo em badaladas de relógio me cobra o que penso trazer nas veias: a saga dos meus ancestrais de além mares e a herança dos vates desta terra.
    Meu pai, que organizava saraus e cantorias em noites enluaradas do sertão, à beira da fogueira de São João, foi quem me despertou o gosto pelo universo popular da prosa, a poesia, a música e pela literatura e artes clássicas.
    Beradeiro do Sertão, Pernambucano de Petrolina, pós graduado em Lingua portuguesa, poeta, compositor, página no site Recanto das Letras e na APOLO – Academia Poçoense de Letras, sigo ensaiando uma edição de poemas e contos, intitulado Casinha de Flandres. E-mail jf.lisboa@bol.com.br

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