Leitor denuncia descaso com idoso

por Carlos Britto // 12 de agosto de 2010 às 21:18

FOTOS_TRABALHADOR_RURAL_018

O engenheiro agrônomo Francisco Lopes Filho enviou um email ao Blog denunciando o descaso com um homem chamado Antonio Vitor, de 52 anos, que hoje se encontra com a saúde debilitada devido à falta de Equipamento de Proteção Individual (EPI), na época em que  era trabalhador rural e manuseava inseticidas, fungicidas e herbicidas.

O leitor ainda destaca que o INSS não aceitou o laudo do médico, o qual indica que o senhor não tem condições físicas para continuar trabalhando. A foto acima e de Francisco Lopes Filho.  

Confiram a carta:

DESCASO COM O SER HUMANO:

Na última segunda-feira (9), transitando pela rua do Coliseu, onde fica a sede da UNIMED, um senhor bastante debilitado chamado Antônio Vitor de Sousa, de 52 anos, que estava acompanhado por sua esposa, me pediu dinheiro para comprar medicamentos. Dei uns trocados e senti um impulso de perguntar qual era o problema dele. Ele me disse: “Senhor, trabalhei muitos anos aplicando inseticidas, herbicidas e fungicidas, os chamados ‘venenos’ em diversas áreas irrigadas da região, sem proteção nenhuma. E perguntei se, nesses locais, não forneciam equipamentos de proteção individual (EPI). “Não, é por causa disso, estou sentindo vários problemas de saúde”. Perguntei quais os problemas e ele respondeu: “Tenho depressão, tonturas, me irrito constantemente e chego até a bater com a cabeça na parede. E ainda tenho um caroço no esôfago, segundo o médico que me consultou. Sinto também um ardor enorme no intestino que, para aliviar, tenho que tomar medicamentos”. E me mostrou as receitas.

O médico emitiu um laudo afirmando que o Sr. Antônio não tem mais condições físicas de trabalhar. Ele me disse que foi ao INSS várias vezes para solicitar aposentadoria e lá disseram que ele não poderia se aposentar. Depois de tanto apelar ao INSS e já bastante aborrecido, procurou um advogado que entrou na justiça para resolver sua situação, e me disse que no próximo dia 17 ocorrerá uma audiência.

Esse caso me chamou a atenção por dois aspectos. Primeiro, por ser agrônomo, fico preocupado pela falta do uso de EPI em muitas áreas irrigadas do Vale do São Francisco, o que vem acarretando sérios problemas de saúde aos trabalhadores rurais. Em segundo lugar, pelo incompreensível fato de o INSS não estar acreditando no laudo fornecido pelo médico que atendeu o Sr. Antônio.

Sei que existem por aí muitos e muitos Antônios e o que acontecerá?

Caso alguém deseje ajudar o Sr. Antonio, entrar em contato comigo, pelo e-mail f.lopesfilho@uol.com.br

 Francisco Lopes Filho/engenheiro agrônomo

Leitor denuncia descaso com idoso

  1. JERONIMO NETO disse:

    Prezado colega Francisco Lopes,

    Parabéns pela atitude. Também sou engenheiro agrônomo e sei que existem várias pessoas como esse mesmo problema e isso também esta ligado ao fato da pouca valorização da nossa classe pela sociedade, pois ainda existem empresas que atuam sem a presença de um agronomo. Vale lembrar que EPI pouco tempo atras para algumas pessoas era visto como custo ou besteira que não preicisava usar.

  2. Osvaldo disse:

    Muito certa essa chamada de atenção, não podemos esquecer que o sucesso da fruticultura no Vale do São Francsico depende dos trabalhadores rurais que não podem ser sacrificados.

  3. DAVID NOMERO DE MACEDO disse:

    UMA VEZ UMA FUNCIONÁRIA DO INSS EM CONVESSA COMIGO(ELA É PRIMA DA MINHA ESPOSA) FEZ A SEGUINTE PERGUNTA,POR QUE EM PETROLINA O POVO SÓ PEDE A APOSENTADORIA RURAL????EU DISSE, PETROLINA E JUAZEIRO É UMA ROÇA, EM VOLTA DAS DUAS CIDADES EXISTE UM GRANDE CENTRO PRODUTOR DE FRUTAS, POR ISSO O PEDIDO DE APOSENTADIRIA NA SUA MAIORIA TEM DE SER RURAL……..SE UMA FUNCIONÁRIA DO ORGÃO NÃO VER, É CEGA, COMO O PROPRIO ORGÃO VAI ENCHERGA.

    O CASO DO VENENO DO SENHOR EM REPORTAGEM, É TÃO COMUM , ISSO NÃO SÓ EM PETROLINA MAS EM TODO O NORDESTE, ESPECIALMENTE EM AREA DE CERQUEIRO, É UM PERIGO.

  4. Zelma Costa disse:

    Amigo,
    Já penei no INSS com um parente que não tinha condições de trabalhar. Era da roça, com 4 ernias de disco. Com laudo dado também pelo médico e ele não aposentou enquanto não chegou a idade. Este INSS é uma negação para nós que contribuimos e se diga, com um percentual alto e quando precisamos é assim como vimos este irmão e centenas de outros iguais a ele.

  5. Michel disse:

    Bom dia, meu noem é Michel Trabalho no webshopdovale que agora passou a ser vejalista,

    eu acho um absurdo isso o INSS não acreditar no sr. Antonio..
    infelismente :(
    eu mesmo ja dei uns trocados para o senhor Antonio e fiquei muito triste e fiquei abatido, trsite melhor dizendo quando ele me mostrou as receitas dos medicamento, e por fim disse a ele que no momento estava sem dinheiro tinha apenas uns trocados, e ele me disse anntes de receber ” 0,10 centavos já ajuda”
    queria que alguém que tiver enteresse em ajudar esse sr. alguém que tenha uma boa condição financeira, AJUDE! por menos que seja é uma ajuda.

    um abraço a todos.

  6. Maria disse:

    Não podemos só culpar os produtores, isso é uma cadeia, os empregados também são responsáveis pelo não uso de EPI, muitos deles se recusam.
    É um problema gravíssimo, tem que se trabalhar muito bem o proprietário das roças, os trabalhadores, toda a sociedade.

  7. socorro gomes disse:

    Valeu, Chiquinho! Parabéns pela sua iniciativa e se preoculpar com o próximo…

  8. socorro gomes disse:

    Valeu, Chiquinho! Parabéns pela sua iniciativa como também se preocupar com o próximo…

  9. Dreda disse:

    Acho muito nobre a atitude do colega de querer ajudar o próximo. Mas olha as queixas desse senhor: “Tenho depressão, tonturas, me irrito constantemente e chego até a bater com a cabeça na parede. E ainda tenho um caroço no esôfago”, além de um “ardor no intestino”.

    Não conheço esse senhor, mas se fosse aposentar todo mundo que batesse a cabeça na parede o INSS terminava de falir, por isso existe a perícia. Lembrem-se que o INSS paga essas aposentadorias com o dinheiro público, e quanto mais rigorosos forem, melhor para a maioria da população.

    De todas, a única queixa “mais séria” desse cidadão parece ser esse o tal “caroço do esôfago”, que se for um câncer, pode adiantar a aposentadoria. Tomara que não seja, pois câncer de esôfago é muito agressivo. Se você quer realmente ajudá-lo, sugiro uma endoscopia com biópsia.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Últimos Comentários