Depois de produzir insetos estéreis para combater a mosca-da-fruta, principal praga da fruticultura irrigada no vale do São Francisco, a Bio-fábrica da Moscamed em Juazeiro parte, agora, para tentar controlar uma das maiores ameaças da saúde pública nestes últimos tempos: a dengue.
Numa parceria entre as Universidades de São Paulo (USP) e Oxford/Oxitec (Inglaterra), a Moscamed já desenvolve em laboratório o Aedes aegypti – inseto causador da doença – modificado geneticamente.
Na prática, essa experiência será parecida com a da fruticultura, a qual produziu milhões de machos da mosca-da-fruta esterilizados, que ao se cruzarem com as fêmeas da mesma espécie, geram ovos não fecundados controlando, dessa forma, a praga nas culturas da região.
Especialistas da USP e da Oxitec, além da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) – vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia – estarão em Juazeiro para a análise de três sítios localizados no raio de ação da Moscamed, que serão utilizados para a experiência. Segundo o diretor executivo da Moscamed, Jair Virgínio (foto), essa etapa será fundamental para o êxito do projeto. “Temos de saber se esses mosquitos ‘casam’, ou seja, se adaptam”, informou ao programa Carlos Britto no Ar, ontem (6).
Se tudo der certo, o Aedes transgênico será produzido em larga escala com o aval da CTNBio. A missão do inseto, conforme o diretor da Moscamed, é copular a fêmea – principal vetor de transmissão da doença, porque é ela quem vai em busca de sangue humano para manter seus ovos – sem, no entanto, gerar novos insetos.
O diretor acredita que o projeto vai beneficiar, sobretudo, as regiões de baixa renda onde a incidência de dengue é elevada. Além disso, o combate à doença utilizando insetos estéreis também traz benefícios ambientais, por dispensar os tradicionais agentes químicos (como os carros fumacê).


