Neste artigo, o colaborador do Blog, Rivelino Liberalino, faz sua reflexão sobre o espírito do Natal neste ano, o qual considerou “um desafio”. Confiram:
Meus irmãos, este Natal me encontra com o coração atravessado por muitas camadas.
2025 foi um ano duro. Um ano que testou a alma. Um tempo de desafios, de injustiças que ferem por dentro, de inversões de valores que confundem, de escândalos que corroem a confiança e, não raras vezes, tentam nos roubar o ânimo e a fé no ser humano.
Vivemos tempos barulhentos, agressivos, por vezes sombrios. Um sistema que estimula o conflito, que premia o grito e penaliza o silêncio. E é natural que, diante disso, a esperança vacile. Mas o Natal nos chama de volta ao essencial.
Tenhamos ânimo.
2026 também será um ano de desafios, talvez maiores. Mas Cristo foi claro e sereno: “Tende fé. Eu venci o mundo.” E Ele mesmo nos lembrou que o Seu Reino não é deste mundo. Estamos aqui de passagem. Isto é breve. Isto é transitório. Isto é escola. Isto é convite à evolução da alma.
Que sejamos o diferencial.
Que sejamos os anônimos que sustentam o mundo: os que trabalham todos os dias com dignidade, os que levam o pão para casa, os que cuidam da família sem holofotes. O mundo não pertence aos espertos; pertence aos que permanecem humanos.
Todos nós somos livros com muitos capítulos. Há páginas de dor, de erro, de queda, de silêncio e de crescimento. Ninguém pode ser reduzido a um fragmento. Nem eu. Nem você. Nem ninguém. Todos atravessamos desertos e é ali que a alma amadurece.
E é aqui que entra a sabedoria.
Dialogar, sim, com quem quer dialogar.
Escutar, sim, quem está aberto à escuta.
Conviver, sim, onde ainda há humanidade compartilhada.
Porque ninguém se transforma pela força.
Ninguém se converte pelo grito.
Como ensinava Freud, não é possível mudar alguém sem que ela queira e, muitas vezes, adoecemos tentando fazê-lo.
Há encontros que constroem.
E há insistências que apenas nos adoecem.
Que saibamos, portanto, não oferecer pérolas a quem não quer vê-las, não insistir onde há fechamento, não gastar a alma tentando salvar quem não deseja ser alcançado. O amor não se impõe. A verdade não se empurra. A fé não se grita.
Que saibamos quando falar.
E, sobretudo, quando silenciar e seguir.
Aproveito para agradecer, de coração, pela paciência, pelo carinho e pelo incentivo. Obrigado por acolherem meus textos, meus desabafos, minhas inquietações. Vocês respondem com humanidade e isso sustenta.
Agora, também eu entro no meu deserto. Para silenciar. Para escutar. Para ver se me encontro com Deus. Porque é no silêncio que Ele mais fala.
Desejo a todos um Feliz Natal.
Que o Menino Jesus não seja apenas lembrado, mas habite, faça morada em nossos corações e ilumine o que ainda está ferido.
E que 2026 nos encontre com sabedoria para escolher, serenidade para atravessar, fé para permanecer, força para não desistir e resiliência para recomeçar quantas vezes for necessário. Que, mesmo diante das águas turvas da vida, saibamos atravessar com dignidade, coragem e humanidade, sem perder a alma e sem endurecer o coração.
Com esperança e amor,
Rivelino Liberalino


