Artigo do leitor: “Uma reflexão natalina do ano de 2025”

por Carlos Britto // 24 de dezembro de 2025 às 20:25

Neste artigo, o colaborador do Blog, Rivelino Liberalino, faz sua reflexão sobre o espírito do Natal neste ano, o qual considerou “um desafio”. Confiram:

Meus irmãos, este Natal me encontra com o coração atravessado por muitas camadas.

2025 foi um ano duro. Um ano que testou a alma. Um tempo de desafios, de injustiças que ferem por dentro, de inversões de valores que confundem, de escândalos que corroem a confiança e, não raras vezes, tentam nos roubar o ânimo e a fé no ser humano.

Vivemos tempos barulhentos, agressivos, por vezes sombrios. Um sistema que estimula o conflito, que premia o grito e penaliza o silêncio. E é natural que, diante disso, a esperança vacile. Mas o Natal nos chama de volta ao essencial.

Tenhamos ânimo.

2026 também será um ano de desafios, talvez maiores. Mas Cristo foi claro e sereno: “Tende fé. Eu venci o mundo.” E Ele mesmo nos lembrou que o Seu Reino não é deste mundo. Estamos aqui de passagem. Isto é breve. Isto é transitório. Isto é escola. Isto é convite à evolução da alma.

Que sejamos o diferencial.

Que sejamos os anônimos que sustentam o mundo: os que trabalham todos os dias com dignidade, os que levam o pão para casa, os que cuidam da família sem holofotes. O mundo não pertence aos espertos; pertence aos que permanecem humanos.

Todos nós somos livros com muitos capítulos. Há páginas de dor, de erro, de queda, de silêncio e de crescimento. Ninguém pode ser reduzido a um fragmento. Nem eu. Nem você. Nem ninguém. Todos atravessamos desertos e é ali que a alma amadurece.

E é aqui que entra a sabedoria.

Dialogar, sim, com quem quer dialogar.

Escutar, sim, quem está aberto à escuta.

Conviver, sim, onde ainda há humanidade compartilhada.

Porque ninguém se transforma pela força.

Ninguém se converte pelo grito.

Como ensinava Freud, não é possível mudar alguém sem que ela queira e, muitas vezes, adoecemos tentando fazê-lo.

Há encontros que constroem.

E há insistências que apenas nos adoecem.

Que saibamos, portanto, não oferecer pérolas a quem não quer vê-las, não insistir onde há fechamento, não gastar a alma tentando salvar quem não deseja ser alcançado. O amor não se impõe. A verdade não se empurra. A fé não se grita.

Que saibamos quando falar.

E, sobretudo, quando silenciar e seguir.

Aproveito para agradecer, de coração, pela paciência, pelo carinho e pelo incentivo. Obrigado por acolherem meus textos, meus desabafos, minhas inquietações. Vocês respondem com humanidade e isso sustenta.

Agora, também eu entro no meu deserto. Para silenciar. Para escutar. Para ver se me encontro com Deus. Porque é no silêncio que Ele mais fala.

Desejo a todos um Feliz Natal.

Que o Menino Jesus não seja apenas lembrado, mas habite, faça morada em nossos corações e ilumine o que ainda está ferido.

E que 2026 nos encontre com sabedoria para escolher, serenidade para atravessar, fé para permanecer, força para não desistir e resiliência para recomeçar quantas vezes for necessário. Que, mesmo diante das águas turvas da vida, saibamos atravessar com dignidade, coragem e humanidade, sem perder a alma e sem endurecer o coração.

Com esperança e amor,

Rivelino Liberalino

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Últimos Comentários

  1. Obrigada Carlos por lembrar ao povo dessa cidade, que o que ela é hoje deve a pessoas ilustres como esses…