Pesquisa da Univasf identifica novas espécies na Caatinga

por Carlos Britto // 16 de setembro de 2025 às 11:30

Foto: Ascom Cemafauna

Um estudo de longa duração realizado pelo Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (Nema) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) revelou dados inéditos sobre a flora da Caatinga. A pesquisa integra o processo de licenciamento ambiental do Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF), maior obra hídrica do país executada pelo Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional (MIDR). Foram analisadas informações e materiais biológicos coletados entre 2008 e 2023, em uma área de 56 mil km² do semiárido brasileiro. O levantamento registrou 29 mil amostras e 1.610 espécies de plantas, sendo 173 endêmicas e 16 ameaçadas de extinção. Também foram identificadas 284 novas ocorrências para a Caatinga, além da descrição de duas espécies inéditas para a ciência e da contribuição para caracterização de mais quatro.

Segundo os pesquisadores, houve um aumento de 240% no número de espécimes coletados e de 14% na riqueza de espécies conhecidas para a flora do bioma. Para o biólogo Edson G. Moura Júnior, gerente de Planejamento e Projetos do Nema/Univasf, os resultados evidenciam a importância do licenciamento ambiental: “Este estudo mostra como o licenciamento ambiental é muito mais do que uma exigência burocrática: é uma ferramenta estratégica para conhecer e proteger a biodiversidade brasileira. Graças a ele, foi possível reunir dados inéditos sobre a flora da Caatinga, uma região rica, mas ainda pouco conhecida”.

O coordenador do Nema/Univasf, professor Renato Garcia, reforçou o legado da pesquisa. “Os dados reunidos neste estudo são de valor inestimável para a ciência e para a sociedade. Eles nos permitem compreender melhor a diversidade vegetal da Caatinga e embasam decisões que podem garantir um desenvolvimento regional aliado à conservação”, frisou.

Já o professor Daniel Salgado Pifano, coordenador do Centro de Estudos em Biologia Vegetal (CEBIVE) e do Herbário do Sertão (HRSN/Univasf), destacou a importância da integração institucional: “Este trabalho é um exemplo de como o esforço coletivo e interinstitucional pode gerar resultados robustos e transformadores. O acervo do Herbário do Sertão foi fundamental para validar e consolidar informações, reforçando a relevância dos herbários como guardiões da memória botânica e como base essencial para a conservação da biodiversidade”. O artigo completo, assinado por Vinicius Messas Cotarelli, Edson Gomes de Moura-Júnior, Liliane Ferreira Lima, Andre Paviotti Fontana, Lorenna Campos Cruz, Renato Garcia Rodrigues e Daniel Salgado Pifano, foi publicado na Biodiversity Data Journal e pode ser acessado neste link.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *


Últimos Comentários

  1. São frequentas as notícias sobre tombamento de caminhão com frutas, principalmente as mangas, imagino que seja por dois motivos:Carregamento incorreto…