O potencial de Juazeiro e de Petrolina e a reportagem polêmica

por Carlos Britto // 05 de abril de 2025 às 13:00

Foto: 360 meridianos/Divulgação

Neste artigo enviado ao Blog, o empresário Herbert Café contesta uma reportagem da jornalista e colunista do Portal UOL, Natália Portinari, acerca das desigualdades entre Juazeiro (BA) e Petrolina. Segundo Herbert, há de se reconhecer o desenvolvimento da cidade pernambucana, mas sem desconsiderar o potencial econômico de Juazeiro, que tem sofrido com a “sua desorganização política e social ao longo de décadas”.

Confiram:

Em plena Caatinga, é permitido crescer e se desenvolver sendo apenas um preá

¨Como a força dos padrinhos criou desigualdades entre Juazeiro e Petrolina¨. Com esse título, uma reportagem da colunista do UOL, a jornalista Natália Portinari, que visitou a região a convite da CODEVASF, fez um diagnóstico que pode ser considerado raso e pobre de bons indicadores e evidências que podem realmente retratar a paridade na pujança econômica das duas cidades, independente da disparidade gritante no desenvolvimento urbano de ambas, que mostra uma Petrolina com feições de metrópole e uma Juazeiro com aspectos de província.

A reportagem buscou dar destaque ao poderio da oligarquia dos Coelho, o clã familiar que domina a política da vizinha cidade desde meados da segunda metade do século passado e que, com muita competência, ocupa espaços importantes nas esferas estadual e federal. O poder deles de articulação e de reivindicação com grandes projetos são preponderantes na captação de verbas públicas que transformam o município num interminável canteiro de obras.

A discrepância nos investimentos do governo federal em Juazeiro e em Petrolina, conforme divulgada na reportagem próxima de oitenta por cento em desfavor do município baiano, mostra o preço que se tem pagado pela sua desorganização política e social ao longo de décadas. Se a cada processo eleitoral revelamos maus gestores e numa demonstração de indiferença, conivência, fisiologismo e outras práticas descabidas, a sociedade civil chancela a continuidade desse modelo falido. Este continuará sendo o calcanhar de Aquiles para se buscar junto aos poderes constituídos um tratamento – diríamos – proporcionalmente isonômico. É importante afirmar que Juazeiro precisa voltar a ser cidadã.

Se o PIB da cidade pernambucana representa uma vez e meia o de Juazeiro, a renda per capita na cidade baiana é maior. As matrizes econômicas de ambos os municípios estão consolidadas pela irrigação e pela fruticultura e em condições de paridade tanto nos perímetros público e privados já implantados como nas condições para ampliação em novas áreas de produção. O dipolo Juazeiro/Petrolina lidera a região que contribui com o abastecimento do mercado nacional e com metade das exportações brasileiras de frutas frescas.

É também da irrigação e da atividade agrícola que saem os insumos para o desenvolvimento do setor secundário. São empresas como a AGROVALE e a ICOFORTE que dão a Juazeiro a liderança industrial e as condições de ampliar essa vocação com a consolidação do sonhado Núcleo Oeste do Distrito Industrial do São Francisco (DISF).

 Foi no crescimento urbano planejado e estruturado que Petrolina assumiu a liderança no setor terciário, principalmente no comércio varejista, na hotelaria, na gastronomia e nos serviços em geral. Essas condições também lhe asseguram a liderança no turismo de negócios e de entretenimento com o seu centro de convenções, aeroporto internacional e um terminal rodoviário com operação interestadual.

Entretanto, o comércio de atacados tem se consolidado com mais força em Juazeiro, e não só pelas grandes marcas atacadistas, pois o melhor exemplo é o MERCADO DO PRODUTOR, um equipamento público que se consolidou como o terceiro entreposto mais importante do país na comercialização de hortifrutis, apesar da sua estrutura física superada e de gestões às vezes não profissionalizadas.

Por conta da nossa localização geográfica, estamos inseridos no semiárido brasileiro, compondo o polígono da seca, porém com privilégio de estarmos às margens do Rio São Francisco, com água abundante, boa insolação e terras de excelente qualidade. É importante dizer que, além das riquezas naturais, possuímos um conjunto de insumos que servem de atrativos ao desenvolvimento econômico em qualquer lugar do planeta.

Com a construção da Hidrelétrica de Sobradinho, entramos no seleto mapa dos municípios distribuidores de energia elétrica. Com o desenvolvimento das novas tecnologias para a geração de energia limpa, Juazeiro assumiu no Nordeste uma posição de liderança com a implantação de mais de duas dezenas de usinas solares, com investimentos até aqui de R$ 2,2 bilhões, e que possuem uma capacidade instalada para a produção de 2GW/ano.

Outro vetor de desenvolvimento que precisa ser enxergado e trabalhado é o privilégio da equidistância aos grandes centros consumidores da região Nordeste. Já que a Hidrovia do São Francisco assim como a ferrovia tornaram-se inoperantes, a malha rodoviária existente assegura condições excepcionais para operar como um grande HUB em diversos segmentos.

Ao se debruçar sobre esse cenário macroeconômico regional e as potencialidades conquistadas pela própria vocação natural de Juazeiro, é fácil enxergar que o crescimento econômico e social do município depende exclusivamente da inteligência e da maturidade do seu povo e dos seus governantes.

Precisamos superar décadas de atraso provocado pelas sucessivas gestões municipais que se revelaram descasadas da necessidade de planejar e executar projetos importantes que assegurassem o desenvolvimento do quinto maior município em população da Bahia, uma das vintes maiores economias do estado, e com um crescimento socioeconômico exponencial e acima da média nacional.

A última eleição municipal revelou um gestor novo ao eleitorado e que, talvez, por estar descontaminado dos velhos vícios da política, possa já nesse momento fazer a diferença. A sua gestão está ainda começando e mesmo por parte da oposição merece receber a confiança ou a cautela, pois irá governar para todos nos próximos quatro anos.

Os serviços públicos essenciais, carentes em muitos setores, precisam e devem ser melhorados, porém já são obrigações naturais de qualquer governo. O mais importante é o desafio de chegar a 2028 com resultados concretos que espelhem grandes e reais mudanças no dia a dia de todo o município e de seus habitantes.

Mais uma vez a cidade é provocada e exposta nacionalmente de forma negativa e pejorativa. Rever o passado, lamber as feridas, refletir, mudar atitudes, decidir e cobrar responsabilidades dos nossos governantes é mais uma alternativa para devolver Juazeiro à posição de importância e de respeito aos corações de seus filhos e aos olhos de quem nos visita.

O amor a Juazeiro não é impeditivo para admirar, reconhecer e exaltar Petrolina como um exemplo a ser seguido. Muito pelo contrário, são irmãs e se completam. Não é mais possível perder tempo e fazer da escolha dos legítimos representantes verdadeiros laboratórios para a geração e multiplicação de governantes desconectados com os anseios da população. Caso contrário, o futuro está traçado para ser uma extensão daquela que outrora foi humildemente chamada de sua “passagem”.

Herbert de Morais Café/Empresário

O potencial de Juazeiro e de Petrolina e a reportagem polêmica

  1. disse:

    Como o artigo pode se “raso” e “pobre” se ele reforça tudo que a articulista escreveu? Não trouxe nada que mudasse o contexto geral do artigo atacado e ainda jogou qualquer pespectiva de mudança pra 2018. Tem como “desler” esse esse texto sem novidade?

  2. Rogério disse:

    Sou de Petrolina, mas não concordo em dizerem que Juazeiro é tão atrasado em comparação com Petrolina, Petrolina não essa maravilha toda que se prega nos meio de comunicação não, existe a Petrolina da orla e dos condomínios chiques e a Petrolina da periferia e das agrovilas e povoados que vivem , na lama e falta de estruturas mínimas de sobrevivências e acreditando que vivem na melhor cidade do mundo.

  3. A Passagem Ultrapassou o 'Joazeiro' disse:

    Texto regado de muito despeito e inveja mostrando a pequenez do ‘nobre’ autor, o ‘empresário’ Hebert Café, que desesperado pela realidade de que Petrolina é muito mais pujante e desenvolvida que Juazeiro, choveu no molhado e ratificou o que disse a reportagem da Uol. O bairrista autor, poderia deixar de passar essa vergonha, a de se apequenar e se nivelar à minúscula Juazeiro. Como ele disse, que Petrolina foi ‘passagem’ de Juazeiro e hoje é uma potência, superando a cidade baiana, talvez se os juazeirenses não fossem tão pequenos como o Sr. Hebert, Juazeiro não estaria anos luz atrasada (em todos os sentidos), ao se comparar com Petrolina.

  4. Sempre Atento disse:

    A diferença de Petrolina para Juazeiro são alguns prédios na orla, fora isto o comércio de Juazeiro é melhor do que o de Petrolina só andar no centro de Petrolina e ver o tanto de lojas fechadas e se for para periferia o negócio é pior ainda,esgotos em todo lugar fora os asfaltos malfeitos,outro problema de Petrolina é um bando de lascado dando uma de rico.

  5. Manoel de Souza disse:

    Concordo em parte, mas, discordo das agressões diretas e desnecessárias, pois, precisamos ter muito cuidado para não está ofendendo pessoas inocentes que assim como tantas outras tem confiado nas promessas dos políticos, ou seja, não devemos está agredindo quem quer que seja, principalmente os Juazeirenses que são pessoas acolhedoras e que merecem nosso respeito.
    Há pessoas que até acha natural em algum momento comentar agredindo alguém, mas, também é preciso ser humildes para usando a consciência reconhecer que exagerou em suas afirmativas e que voltar atrás seria uma boa pedida e que pelo motivo, seria uma questão de honra.

  6. verlania disse:

    A diferença entre Petrolina e Juazeiro é gritante: de um lado, uma cidade que acorda cedo, trabalha duro, investe em desenvolvimento e sabe eleger representantes que realmente entregam resultados. Do outro, uma que parece ter o calendário político guiado por trio elétrico, onde a prioridade é o carnaval fora de época e o voto é sempre no mesmo perfil: populista, ineficiente e, muitas vezes, com rabo preso na Justiça. Enquanto Petrolina cresce, Juazeiro samba no atraso.

  7. verlania disse:

    Impressionante como ainda existe gente como Herbert Café e esse abitolado que se intitula “sempre atento” mas que nao enxerga nem a propria venta, que defende Juazeiro como se estivesse vivendo num conto de fadas — ou melhor, num bloco de carnaval eterno. Enquanto Petrolina avança, se moderniza, gera emprego e atrai investimento, Juazeiro continua refém do atraso, das mesmas figuras políticas viciadas, e de um discurso que cheira a mofo e hipocrisia. E o pior: esse atraso não fica só lá. Puxa o entorno pra baixo, atrasa a região inteira, freia o potencial de Petrolina. A verdade é que, se não fosse o peso morto que Juazeiro representa, Petrolina já estaria anos-luz à frente. Mas vai explicar isso pra quem ainda acha que voto é fantasia de ideologia velha…

  8. verlania disse:

    E se Juazeiro ainda respira, é por conta do agro — que, ironicamente, é a única coisa que funciona apesar da gestão, não por causa dela. Mas até nisso a cidade consegue passar vergonha: o CEASA de Juazeiro é uma aberração urbana. O mais feio, mais fedido, mais desorganizado e esculhambado do Brasil. Um cartão-postal do descaso, um símbolo vivo da incompetência pública. Um lugar que deveria ser o orgulho do setor produtivo virou piada nacional.

    Enquanto isso, Petrolina, que já teve um CEASA moderno, gigante, símbolo de planejamento e avanço, viu esse patrimônio ser destruído durante o único grande erro que o eleitor cometeu: entregar a cidade nas mãos de Júlio Lóssio. Parecia até que tinham importado o “modelo Juazeiro” de administrar: atraso, abandono e populismo disfarçado de gestão. Foi como abrir uma porta pra decadência entrar de mala e cuia.

    A verdade dói, mas precisa ser dita: Petrolina só não voou mais alto porque carrega Juazeiro amarrada no tornozelo. E enquanto tiver gente como Herbert Café passando pano pro fracasso, a diferença entre as duas cidades só vai aumentar. Uma trabalha, a outra fantasia. Uma escolhe líderes, a outra se contenta com trio elétrico e ladrões de microfone e de verba pública.

  9. Sou Sertão Sou São Francisco disse:

    Jamais esse portal de notícias iria elogiar político da família Coelho. Na verdade a reportagem trata de jogar a opinião pública contra ela. Eles intencionalmente omitiram a obra da travessia que são R$ 180 milhões em investimentos. Juazeiro é uma grande cidade e tem que compará-la com outras do mesmo porte do Estado da Bahia. Qual delas tem um mercado do produtor, uma Univasf, uma Agrovale, grandes projetos de Irrigação? E qual cidade média baiana não trocaria tudo para ter um Rio São Francisco?

  10. jurandir disse:

    Voces precisam de união, e deixaremn esse povo do sul com mais inveja dessa prospera região!!!

  11. Roberto disse:

    Um bom indicador das diferenças é os shoppings. Muitas lojas fechadas no de Juazeiro-ba.

  12. Sempre Atento disse:

    Venlania vc não passa de um vento com mau cheiro,quando fala todos saem de perto por causa do seu mau hábito .

  13. JOAQUIN disse:

    – Galvão
    – Diga lá, Tino!
    – Sentiu

  14. Detetive São Paulo disse:

    Juazeiro e de Petrolina são duas cidades que surpreenderam o Brasil com o crescimento e desenvolvimento, e que continuam a se desenvolverem, e já sentindo alguns dos problemas das grandes cidades.

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  1. São frequentas as notícias sobre tombamento de caminhão com frutas, principalmente as mangas, imagino que seja por dois motivos:Carregamento incorreto…