O líder do PV na Câmara de Deputados e pré-candidato ao Senado, Edson Duarte, teceu duras críticas, na Revista IstoÉ, à construção da usina Angra 3, cujas obras estavam paralisadas há trés décadas por falta de orçamento e pelo forte preconceito contra a nova forma de energia. O governo federal liberou a construção da usina no final de maio, mas o Ministério Público Federal encontrou motivos para investigar as obras.
Segundo a revista, o procurador Fernando Lavieri apura a eventual existência de deficiências graves no relatório de licenciamento aprovado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). De acordo com o processo, o órgão de fiscalização teria negligenciada advertência de um de seus próprios fiscais, o engenheiro Sidney Luiz Rabello, que, em parecer técnico, obtido com exclusividade por IstoÉ, fez um alerta assustador: o projeto da usina é anacrônico, data de 1977, e não incorpora medidas de proteção contra acidentes recomendadas pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Se confirmada a denúncia, a CNEN terá de explicar por que engavetou o parecer.
Edson Duarte não perdoou tal fato. “Essa fragilidade na condução do programa nuclear é incompatível para quem se coloca como interlocutor para soluções relativas à segurança nuclear em outros países”, avaliou o parlamentar, que é relator do Grupo de Trabalho de Fiscalização e Segurança Nuclear da Câmara.
Duarte se refere ao esforço de mediação na crise do Irã e lembra que na ONU aumentam as pressões para que o País assine o protocolo adicional do Tratado de Proliferação Nuclear – o que dará aos fiscais da AIEA acesso total às instalações de pesquisa de energia atômica, inclusive ao centro da Marinha em Aramar.


