Ameaçados de despejo, dezenas de permissionários do Centro de Abastecimento de Petrolina (Ceape) lotaram o plenário da Casa Plínio Amorim, na noite de ontem (3), durante a primeira sessão plenária do ano. Mais uma vez eles foram buscar apoio dos vereadores na tentativa de um consenso com a prefeitura municipal, que pretende construir na área – localizada às margens da Avenida Sete de Setembro – um centro administrativo. Os comerciantes dizem que a prefeitura não realiza mais a limpeza e determinou o corte no fornecimento de água e energia elétrica do Ceape. Também deixou de enviar o boleto de pagamento mensal pela concessão do espaço, para possivelmente alegar que estão inadimplentes e justificar sua saída.

O clima chegou a ficar turbulento após o vereador e 2° vice-presidente da Mesa Diretora, Adalberto Filho ‘Betão’ (PSL), anunciar que apresentaria um requerimento contendo uma moção de repúdio ao prefeito Julio Lossio (PMDB), devido à “falta de diálogo” com os permissionários.

Em defesa de Lossio, o vereador governista Paraíba (PMDB) tentou impedir o requerimento, provocando uma revolta generalizada entre os permissionários presentes à sessão.

Betão, por sua vez, disse que só retiraria o requerimento se a bancada do prefeito viabilizasse uma audiência entre os permissionários e o gestor. Segundo ele, o impasse em torno do Ceape começou em 2011 e, desde então, nenhum aceno por parte da administração municipal foi dado no sentido de discutir a questão com a categoria.

O vereador argumentou que os permissionários não são contra a construção do centro administrativo, mas reivindicam apenas que a prefeitura possa viabilizar uma nova área para comercializarem seus produtos. “Petrolina tem várias áreas que podem ser doadas. Esta Casa mesmo aprovou um projeto de doação para uma fundação particular. O que custa agora doar um terreno para um grupo de cidadãos trabalhar? A cidade vai ficar sem um centro de abastecimento”, indagou.

Audiência    

A vereadora Cristina Costa (PT) também saiu em defesa do diálogo, mas reprovou o requerimento de Betão. Segundo ela, se a intenção é buscar um entendimento, uma moção de repúdio contra o prefeito, nesse momento, só agravaria a situação. Cristina deixou claro ainda apoiar a causa dos permissionários, desde que questões partidárias não estejam envolvidas. “Esse é um debate que não pode ser nem de situação, nem de oposição. Se for na linha do desenvolvimento da cidade, como vocês justificam, podem contar com o apoio desta vereadora”, disse Cristina à categoria.

Usando tom conciliatório, Alvorlande Cruz (PRTB), comprometeu-se em tentar viabilizar uma audiência, na qual Lossio receberia uma comissão de permissionários e de representantes da Casa para tratar do assunto. Segundo Betão, a audiência poderá ser marcada em dois dias, mas ele dará um prazo até a próxima terça (10) para que isso aconteça. Caso contrário, dará entrada com a moção de repúdio.