Vozes da seca: Uma carta para Dilma

por Carlos Britto // 13 de maio de 2013 às 18:34

O leitor Ednaldo R.Magalhães, que mora em Petrolina, enviou ao Blog o conteúdo de uma carta que mandou ao gabinete da presidente Dilma Rousseff, sobre a seca que atinge a região. O que ele escreve é, na verdade, um clamor sincero de cada sertanejo. Confiram:

Seca_640x360Ao Gabinete da Presidência da República do Brasil

V.Exa. Sra. Dilma Rousseff

Bom dia,

Sou filho de sertanejo, moro em Petrolina-PE, hoje estou visitando o interior do município na localidade de Baixa do Juazeiro, diante de uma cena incrível: animais bovinos, ao alimentar-se, não têm forças suficientes para manter-se em pé, com a falta d’agua e comida. É bem verdade que alguns quilômetros nós temos uma mina de ouro chamada Rio São Francisco. Ao longo dos anos, bravamente, tem sido um gigante, abastecendo o sistema de fruticultura irrigada e o interior, necessitando urgentemente de revitalização para se manter ativo.

O governo federal por sua vez, vem contribuindo com cisternas ao homem do campo, mas água não chega para saciar a ansiedade do sertanejo, o abastecimento já é precário, e agora está comprometido com a redução de carros-pipa pelo Exército. Foi manchete em uma emissora de rádio da nossa cidade que pesquisadores estiveram no sertão e detectaram que o sertanejo tem como sobreviver com 20 litros de água, diário. Ora, se para hidratar o nosso corpo necessitamos de 3,5 litros e cozinhar 9,5 litros, o restante seria para lavar? E as necessidades higiênicas, ficam a onde?

Gostaria de convidar os mesmos e quem autorizou para viver a realidade da pesquisa in loco durante o período de três dias, caso satisfatório, tenho plena certeza, com a resistência do sertanejo, não há dúvidas, viveremos 300 dias.

Presidenta, o filho do nordeste há oito anos alimentou a esperança do sertanejo com dias melhores, e que poderíamos depositar confiança, esperança. O melhor ainda está por vir, será? Ou teremos que nos conformar para daqui a dois anos ouvir novamente o mesmo discurso?

Não, não quero acreditar. A seca taí, As vozes sertanejas calaram-se diante dos fatos. A copa do mundo está chegando! não seria possível liberar 5% dos recursos destinados ao comitê organizador para a seca? É tão pouco…interceda e fiscalize, dê incentivo à geologia para, com seus estudos, abrir novos poços e amenizar o sofrimento do sertanejo.

Sou neto de sertanejo, que por 93 anos bravamente resistiu sob essas terras sem agredir, ferir, retirando dela apenas o necessário para seu sustento, e ao mesmo tempo incentivando seus filhos a abdicar o caminho dos grandes centros a permanecer no seu local de nascimento,“ que o melhor ainda está por vir”. O sertanejo agradece.

Petrolina-PE, 11 de Maio de 2013

Ednaldo R. Magalhães

Vozes da seca: Uma carta para Dilma

  1. Leitora disse:

    Infelizmente amigo, não adinata o Governo Federal enviar verbas, e os Municipais desviarem e não aplicarem a o que se destina. Essa é a triste realidade do Sertão. So somos visto a cada 2 anos.

  2. ANTONIO NUNES disse:

    CARO EDNALDO R. MAGALHÃES, PARABÉNS. VOCÊ DISSE TODA A REALIDADE. COMO VOCÊ TAMBÉM SOU NORDESTINO ASSIM COMO NÓS, OS POLÍTICOS NORDESTINO SABEM TAMBÉM DESSA DURA SITUAÇÃO QUE PASSA O NORDESTE. POIS NADA FAZEM PORQUE A SECA É VERDADEIRA MINA DE VOTOS.. EM 2014 TEM ELEIÇÕES E TODAS AS PROMESSAS DE SOLUÇÃO COM CERTEZA ESTARÃO COM ELES NOS PALANQUES. NÃO DÁ MAIS PARA ACREDITAR NESSE PESSOAL. ACORDA BRASIL, ACORDA POVO NORDESTINO.

  3. FABIA disse:

    Parábens Ednaldo pela carta, precisamos de pessoas assim como vc que sensibiliza a todos os brasileiros.
    abraços…

  4. Tiago disse:

    Essa senhora, chamada de presidenta, só escuta os empresários acha que esses beneficios que o governo dá é suficiente. A seca sempre vai castigar o nordestino. Faço minhas as palavras do colega acima, voces acham que eles vão dar uma solução definitiva para amenizar a seca. NÃO, em 2014 eles vão usar esse fragelo para dar espeças de dias melhores. Pura enganação.

    Sua carta jamais chegará a DILMA. Acredito estar num lixeiro.

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