Alunos de Direito da Uneb enviam carta aberta reinvidicando melhores condições para o curso

por Carlos Britto // 25 de outubro de 2010 às 07:53

Falta de professor, ausência ou falta de qualidade daqueles que existem, livros totalmente desatualizados e em pouquíssima quantidade, estudantes sem sala de aula para participar das poucas aulas que acontecem, falta de incentivo para pesquisa e extensão no curso, corte nos orçamentos… Este é o retrato do curso de Direito da Universidade do Estado da Bahia em Juazeiro.

Os problemas, que vão além desses citados, aparecem com frequência no cotidiano da Universidade Pública e, para eles, não são oferecidas soluções definitivas.

Por isso os Acadêmicos do Curso de Direito da UNEB – Campus III estão juntos em luta para exigir que esses problemas sejam solucionados. Não nos acostumamos com eles, e exigimos que a crise generalizada que vivemos na educação pública seja resolvida. Para isso, levamos para conhecimento da sociedade um pouco do que acontece na universidade e exigimos do governo que a universidade pública apareça como uma prioridade na agenda política. Não podemos deixar que o Curso de Direito seja esquecido pelo Governo do Estado e pela reitoria da UNEB.

Não vamos nos acomodar diante do descaso com o nosso curso. Queremos um curso de qualidade! Por isso estamos em período de mobilização. No dia 26.10.2010, os Acadêmicos do curso de Direito da Universidade do Estado da Bahia em Juazeiro estarão paralisados, durante todo o dia, em protesto para exigir:

1. Acesso aos gastos do DTCS;

2. Ampliação de quadro de Professores para o Curso de Direito do DTCS, através de Concursos Públicos;

3. Construção de prédio de salas para o Curso de Direito UNEB – Campus III. Mais livros nas bibliotecas;

4. Melhores condições e incentivos à pesquisa e extensão;

5. Avaliação dos professores, com participação dos estudantes;

6. Formação pedagógica dos professores do curso de Direito;

7. Ampliação e criação de Restaurante Universitário;

8. Mais verbas para o Curso de Direito do Campus III.

Mobilização dos Acadêmicos do Curso de Direito da Universidade do Estado da Bahia – Campus III

Alunos de Direito da Uneb enviam carta aberta reinvidicando melhores condições para o curso

  1. Mariana Eva disse:

    Prezado Carlos Britto,

    Em primeiro lugar, muito obrigada por publicar a carta, permitindo assim uma maior divulgação do nosso protesto!
    Como aluna da UNEB, posso garantir que o texto não mente nem exagera! A situação é, realmente, desanimadora!
    A UNEB possui um curso de Direito renomado, sonho de consumo de estudantes dos mais diversos lugares – prova disso é a quantidade de colegas que aqui estão por razão dos seus estudos. No entanto,uma vez conquistado o direito de nela estudar, o aluno percebe que a passagem pela UNEB não é fácil, e os calos são inevitáveis!
    Diariamente, enfrentamos obstáculos que, aos poucos, vão mutilando a imagem daquilo que hora fora para nós a universidade ideal.
    Os citados calos são adquiridos a cada travessia de barquinha ou congestionamento inutilmente enfrentados, pois não houve aula… A cada visita a biblioteca, onde além de reduzido, o material é desatualizado… A cada centavo que economizamos para pagar a ida para um evento promovido por uma instituição de outra cidade, já que aqui eles são, no mínimo, esporádicos….
    Como estudante, reconheço o valor da universidade onde estudo e de todos que nela trabalham, mas também estou convencida que MERECEMOS MAIS!!!
    Alunos, professores e funcionários, todos estamos sendo prejudicados! Não podemos mais permanecer calados, precisamos lutar pelo que é nosso por direito!!!
    Todos juntos conseguiremos a UNEB que merecemos!! Não nos acomodemos com menos!! Unamo-nos para fazer da UNEB a universidade com a qual sonhávamos ao estudar para o vestibular!!

    JUNTOS, NÓS PODEMOS!!

  2. Natalia Galvão disse:

    Ajudem-nos a conseguir uma universidade melhor, que corresponde as expectativas dos alunos e ajuda no desenvolvimento da população.
    Melhorando a UNEB melhoramos o futuro de muitos que passam por lá, até a economia da cidade podemos melhorar.
    Vamos promover uma universidade humanitária, que cuida dos seus membros com zelo e amor, que procura o melhor para a região.
    Vamos derrubar a ideia de uma Uneb que só está aí para dar um diploma de ensino superior, não queremos uma Universidade mediocre.

    JUNTOS, NÓS PODEMOS!

  3. Pablo Reis disse:

    O curso de Direito da Uneb está sucateado, e justo numa área que precisa de atualização contínua. Falta, inclusive, preparo de alguns profissionais que lá trabalham. É importante que todos fiquem sabendo da bagunça que ocorre na Uneb e da dificuldade que nós estudantes enfrentamos na Universidade. Nós queremos condições mínimas que permitam a formação na só de Baracheis de Direito, mas também de Cidadãos consciente, capazes e preocupados em melhorar a condição da vida de toda população. Somos o futuro da administração do estado. Queremos que a Uneb não se esqueça do nosso curso, e mais importante: que não se esqueça que a educação de qualidade é o único caminho para a melhoria desse país!

  4. Lucibety Vasconcelos disse:

    A supramencionada paralisaçao vem a ser mais uma impressionante mensagem de resistência e é preciso reconhecer A FORÇA DA NOSSA RAZÃO…
    Nesse contexto, espero que tal paralisaçao seja, realmente, uma manifestaçao de adeus às políticas desastrosas que nos tem acompanhado. Vale ressaltar que o corpo discente dessa Instituiçao demonstra extremo interesse pelos estudos e cabe às autoridades competentes proporcionarem um ambiente bem equipado e estruturado aos que almejam um futuro melhor. UNIDOS VENCEREMOS!!!

  5. Edvanilson de Araújo Lima disse:

    O curso de direito realmente não é prioridade no campus III da Uneb. Não há dia em que você atravesse a ponte ou saia de sua casa em Juazeiro com a certeza de que pelo menos haverá aula. Sem contar o estado da biblioteca (desatualizada) ou ainda a ausência de seminários e palestras com professores e pesquisadores convidados (o que é importantíssimo para a formação de qualquer aluno do ensino superior).
    Além disso, é inaceitável que se comece um o 1º semestre no mês de abril ou maio para terminar em agosto ou setembro; ou que se comece o 2º semestre em outubro ou novembro para terminar no ano seguinte (março ou abri). Onde já se viu isso?
    A Uneb precisa passar por uma revolução administrativa e isso impõe a participação dos estudantes na tomada de decisão.
    Nossa paralisação é só o começo. Cuidem-se os incompetentes!!!

  6. cleo disse:

    Ainda ta aquela palhaçada é?
    vocês ainda continuam tendo menos da metade das aulas toda semana?
    a uneb se supera sempre com sua esdrúxula administração. É muito ruim essa coisa de estudar em um lugar que ensina uma coisa e aplica outra.
    ><

  7. Sérgio Pessoa disse:

    Foi bonito de se ver a mobilização dos estudantes de Direito da UNEB que ocorreu hoje (26). Os símbolos dos cartazes, das faixas, dos gritos de guerra, dos narizes de palhaço compuseram o painel das reinvidicações feitas pelos acadêmicos. Os discursos empolgantes, a participação e, sobretudo, o choque e a reação dos docentes e autoridades cujas atitudes estão sendo cobradas deram mais força à manifestação, e demonstrou que surtiu o primeiro efeito: incomodar; para que os demais apareçam: a solução efetiva dos problemas expostos na Carta Aberta.
    E que continuemos cobrando os nossos direitos para que tenhamos dignidade em nossos estudos!

  8. reginaldo de souza silva disse:

    Vitória da Conquista, Ba 26 de abril de 2011

    Prezado senhor Editor,

    Como leitor assíduo deste Blog/jornal, tomo a liberdade de enviar artigo de minha autoria para, se julgarem pertinente, publicar em vosso jornal.

    A situação da formação de professores e o papel das universidades estaduais baianas está se agravando, e é preciso que a sociedade como um todo, tome conhecimento e se restabeleça o debate sobre esta temática.

    Esperando merecer a atenção e a publicação deste artigo, agradeço e coloco-me à disposição para outros esclarecimentos.

    Atenciosamente,

    Prof. Dr. Reginaldo de Souza Silva

    Coordenador do NECA

    77-88027758

    A Bahia de todos os “nós”: os sem diplomas e o nó da Formação dos professores

    Prof. Dr. Reginaldo de Souza Silva*

    A Lei que determina as diretrizes e bases da educação brasileira (9394/96) prevê que todo professor, para exercer a profissão, deve ter diploma em cursos superiores que formam professores, as licenciaturas. Infelizmente, no Brasil, dado ao atraso histórico instalado de desvalorização da profissão docente, tem aumentado na educação básica o número de pessoas que ocupam a função docente sem a formação superior exigida. Os denominados “sem diploma”, entre 2007 e 2009, segundo o Censo Escolar do Ministério da Educação, somavam, em 2009, 636 mil, o que representava 32% do total de professores do nosso país.

    Nesse cenário, a Bahia possui um dos quadros mais críticos. Na rede estadual de ensino, por exemplo, 35% do quadro ainda não possui formação superior completa, e nas redes municipais baianas o percentual chega a 76%! Para tentar reverter esse quadro, o governo estadual aderiu ao Plano Nacional de Formação dos Profissionais do Ensino, lançado pelo governo federal em 2009, que pretende, através de ações, em regime de colaboração entre a União, os estados e municípios, organizar ações de formação (inicial e continuada) dos professores no Brasil.

    Nas mensagens veiculadas pelo governo da Bahia de todos os “nós” em outdoors, nos discursos e propagandas nos meios de comunicação está dito que é possível zerar o número de professores sem formação no estado através das ações empreendidas pela Secretaria da Educação da Bahia. Para tanto, serão oferecidas, através do Plano Nacional de Formação de Professores (PLAFOR), 60 mil vagas de formação inicial para professores. Até o momento, dizem as propagandas, já são 25 mil professores matriculados em várias licenciaturas e outros 35 mil esperam ser incluídos até o final de 2011. A propaganda diz que o PLAFOR baiano contará com o investimento de R$ 400 milhões do governo federal e R$ 84 milhões do estadual, ao longo de seis anos. Para por em marcha tal projeto, as universidades federais, as universidades estaduais e os institutos federais da Bahia foram chamados a contribuir.

    Entretanto, como docente da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, o que temos visto é que essa tentativa de qualificar os profissionais da educação através do ensino superior tem enfrentado vários obstáculos. Dentre eles, poderíamos citar: o acúmulo das horas de trabalho com as horas de formação; o difícil deslocamento até os locais de estudo; as dificuldades em permanecer nos cursos; a dualidade entre a formação oferecida através do PLAFOR e a formação oferecida nos cursos regulares; a falta de tempo para amadurecer os conteúdos e as habilidades necessárias a profissão etc. Além disso, alguns municípios, que, no regime de colaboração, deveriam arcar com os custos logísticos (alimentação, hospedagem e transporte dos profissionais de ensino em curso), por vezes, não têm cumprido com suas obrigações e ainda sobrecarregam os professores com a responsabilidade de pagarem com o seu próprio salário os seus substitutos (que na maioria das vezes não tem formação e não passaram por qualquer forma de seleção pública).

    O resultado é que uma grande parte desses 25 mil professores em formação está desistindo (ou seria melhor dizermos que estão sendo expulsos por falta das condições mínimas de permanência?) dos cursos. Os professores estão evadindo do plano de formação, pois não estão conseguindo arcar com a grande “conta” que lhes tem sido apresentada: a de se transformarem em índices positivos para o governo ao invés de serem considerados como gente, seres humanos responsáveis pela educação de milhares de outros seres humanos e que, para isso, precisam também de formação.

    Nesse mesmo lado estão também os formadores dos formadores (os professores universitários): Como podem as universidades estaduais garantirem a qualidade da formação oferecida se os recursos destinados para o seu funcionamento foram contingenciados através dos decretos que interferem e violam a autonomia das universidades? Como garantir qualidade, compromisso e respeito se os docentes da educação superior na Bahia não são reconhecidos nem valorizados pelo governo do estado, provocando também um grande êxodo de docentes que se demitiram para ingressar em outras instituições de ensino superior? Sem dúvida, os professores, em todos os níveis de ensino, têm sofrido com as afrontas deflagradas pela atual administração baiana.

    Resta-nos, então, sugerir a administração pública da Bahia uma atitude pedagógica: que o governo se auto-avalie e que pondere se é possível receber, em uma escala de zero a dez, uma nota maior do que zero. Pois, perguntamos, será ele capaz de desatar os “nós” que ele mesmo criou?

    Queremos (exigimos) para todos os profissionais da educação na Bahia cursos de qualidade e não apenas a certificação. E, para isso, teremos que falar em universidades que também sejam de qualidade e não meramente distribuidoras de diplomas, sucateadas que estão pelas manobras e ingerências deste governo. Portanto, como responsáveis diretos pela viabilidade da formação dos milhares de professores das redes públicas do estado da Bahia, alertamos ao governo, e a sociedade, de que não será possível desatar os “nós” da qualificação dos professores em nível superior se os “nós” atados pelo governo para as universidades estaduais (contingenciamento de recursos, congelamento de salários dos docentes, desrespeito a autonomia universitária) permanecerem “enforcando” todas as possibilidades de uma formação extensa e de qualidade.

    Não será possível prever uma educação básica de qualidade se a educação superior, que é responsável pela formação dos milhares de professores, continuar sofrendo os ataques de desmonte desferidos nos últimos anos. A educação da Bahia é uma só! Isto é, a educação básica e a educação superior estão intrinsecamente ligadas e da qualidade (ou dos dados) de uma dependerá a qualidade da outra, traduzindo-se, assim, na educação da Bahia.

    Se continuarem a desrespeitar os professores da educação básica, a desvalorizar e sucatear as universidades públicas estaduais, só restará atribuirmos ao governo do estado da Bahia, e as suas secretarias que insistem em violar e desrespeitar a autonomia universitária, a nota ZERO, pois o resultado de tais ações serão professores desmotivados, índices vergonhosos de qualidade da educação e um futuro tenebroso no qual os jovens não hão de querer ingressar na carreira docente e os mais velhos continuarão a luta para manter o que resta de dignidade e de qualidade porque têm a certeza de que os governos passam.

    * Reginaldo de Souza Silva, Doutor em Educação Brasileira, professor do Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da UESB. Email: reginaldoprof@yahoo.com.br.

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