Jornalista lamenta sujeira nas ruas provocada pela campanha eleitoral

por Carlos Britto // 03 de outubro de 2010 às 19:18

lixo eleitoral

A sujeira deixada pela campanha eleitoral levou o jornalista Ricardo Alves a escrever este artigo ao Blog.

Confiram: 

Começo esclarecendo: não é uma metáfora. Embora seja perfeitamente cabível falar sobre o lixo que se figura num sistema vendido, o lixo das práticas corruptas, dos próprios políticas sujos – que nem uma “ficha limpa” conseguiu jogar para fora – não começo tão torridamente este escrito.

O lixo, neste primeiro momento, está empregado no seu sentido denotativo. E, como é tradicional de um cronista, escrevo sobre ele pelo contato que tive. Não eram sete da manhã e precisei caminhar pelas ruas de minha cidade. A flutuação pelo vento de pequenos papéis retangulares, logo na porta de minha casa, já anunciavam o que estava por vir no meu trajeto. E não precisei andar muito para me deparar com incontáveis santinhos, panfletos, adesivos, e tantos outros materiais gráficos misturados, estampados com rostos e números. O lixo político.

Aquela cena se constataria desde os meus primeiros passos até o fim do meu percurso – e em quantidade crescente. Involuntariamente me vinha à cabeça uma analogia com a maneira com que se faz política neste país: que sujeira.

Questionei-me sobre os efeitos da expressão “não jogar em via pública”, que acompanha cada publicação que estava no chão. Parece que na política do Brasil fazemos tudo ao contrário. Cobra-se eficiência na gestão pública, e somos lesados por uma administração incompetente. Quem rouba tem que ser preso, e uma turma de mensaleiros está dando sopa por aí, alguns até querendo gerir no estado ao lado. Não se deve vender o voto, e o trocamos por galinhas – talvez ‘louros’ tenha uma conotação melhor.

Continuando no meu caminho, dois meninos a brincar me chamaram atenção: sem camisas, aqueles podres coitados, de no máximo doze anos de idade, conseguiam aproveitar o envolto para se divertir. Jogavam para ar os montes de papeizinhos que se agrupavam entre a rua e o meio-fio. E mais reflexão: “à massa, distração e entretenimento enquanto passam necessidades em casa. Eis a nossa suja política”.  

No fim de caminho, algo que era óbvio desde o começo pairava no pensamento. Eh, hoje é dia de eleição. Vão limpar a casa, tentar jogar o lixo fora. O pior é que não me surpreende que sujem tudo outra vez.

Ricardo Alves/Jornalista 

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