A implantação da primeira Parceria Público-Privada (PPP) do País, no projeto Pontal, consolidará um novo modelo de gestão na agricultura irrigada da região. O fio condutor desse processo é a Companhia de Desenvolvimento Integrado dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf), que não será mais a responsável por gerir o Pontal, como faz com o projeto Senador Nilo Coelho. A missão passa a ser de um grupo de empresas, a Tetto, vencedora do processo licitatório.

Em entrevista coletiva na manhã de hoje (29), o diretor de Desenvolvimento Integrado e Infraestrutura da Codevasf em Brasília, Clementino Coelho, deixou muito claro o papel do órgão, com a implantação da PPP não é mais o de contratar obras, mas “de gerenciar resultados”. Acompanhado do superintendente da 3ª Regional da Codevasf, Luis Eduardo Frota, ele adiantou que possivelmente nesta quinta (30) ou no início de outubro aconteça a homologação da licitação da PPP. A partir de então o grupo concessionário terá 45 dias para aportar o capital e constituir a empresa-âncora que irá gerenciar os lotes.

Em princípio a integração do Pontal acontecerá pela área Sul, contemplando 200 famílias de pequenos irrigantes – o correspondente a 51% do projeto (ou 4 mil hectares, de um total de mais de 7 mil). Cada família ocupará 20 hectares de terra. O número está dentro do critério estabelecido pela PPP, de que o grupo concessionário terá de destinar no mínimo 25 % das terras irrigáveis aos pequenos.

A escolha das famílias será feita mediante cadastramento, que conterá informações de órgãos e instituições de Petrolina, obedecendo a uma série de pré-requisitos – incluindo outros que poderão ser incluídos. Caberá ao concessionário exclusivamente a escolha dos beneficiados. “Não vamos fazer nenhuma indicação”, afirmou Clementino, ressaltando que os colonos escolhidos serão os que tiverem maior aptidão para a atividade.

Os escolhidos, por sua vez, também terão de seguir regras. Como o objetivo é diversificar as culturas praticadas na fruticultura irrigada, os colonos terão de destinar um percentual dos lotes ao Arranjo Produtivo Local (APL) que deverá ser anunciado na próxima semana. Também foi anunciada por Clementino a vinda de três agroindústrias que ajudarão a consolidar esse processo. Em princípio existe a possibilidade de abrir leque para as culturas do coco e limão, voltadas à exportação.

A previsão é de que esse eixo de integração do Pontal esteja funcionando a pleno vapor em dois anos. “Trata-se de um modelo de integração no qual os pequenos produtores terão crédito garantido, assistência técnica garantida e comercialização, porque já sabem para quem vão vender. É um modelo que está dando certo no Sul e Sudeste, e fora do Brasil. Acreditamos que também dará certo aqui”, argumentou o diretor da Codevasf.