SIMEPE está indignado com a saúde pública de Petrolina

por Carlos Britto // 26 de março de 2010 às 15:41

SIMEPEO Sindicato dos Médicos de Pernambuco (SIMEPE), indignado com a situação da saúde pública de Petrolina, escreveu ao nosso Blog.

Diante da atual situação da saúde, instável e desorganizada há anos, porém agravada nos últimos meses, o SIMEPE vem de público esclarecer:

A rede básica de saúde permanece quase inexistente, com a maioria dos PSF´s sem funcionar; a rede de referência (especialistas e centros de exame) segue a mesma linha de insuficiência, acrescida de duro golpe recebido recentemente: o fechamento da Policlínica com a demissão da maior parte dos profissionais que eram contratados pela prefeitura.

O fechamento das 12 horas noturnas do Pronto Atendimento a Saúde (PAS) trouxe mais restrição de atendimentos à rede pública de saúde, sobrecarregando o Hospital de Urgências e Traumas e mais demissões de médicos.

O fechamento de leitos (tiraram as camas!) no Hospital Dom Malan, na maternidade, na Pediatria e na UTI neonatal complica ainda mais a situação da população que só tem o SUS para recorrer. Isso foi feito para demitir mais médicos e piorar o atendimento. Depois da demissão, a UTI foi reaberta com quatro dos seus seis leitos, apenas. E estão repondo parte dos leitos, porém com equipe médica menor.

E a escala de plantão que era para funcionar com quatro médicos, hoje funciona com três, dois e até um médico. Como é que pode?

Temos informações que Petrolina precisa de mais recursos financeiros para atender seus munícipes e os da região. Por parte do Governo Federal e Governo Estadual. Somos solidários a esse pleito.

Mas discordamos da solução adotada pela Prefeitura, qual seja a decisão de fechar hospitais e leitos, e de demitir servidores. A solução tem que ser outra, e o prefeito deve ter competência para buscá-la. Por isso nossa posição é:

1. Contra o fechamento de hospitais e de leitos. Pela reabertura imediata de todos os serviços fechados;

2. Pela readmissão de todos os servidores demitidos;

3. Realização imediata de concurso público;

4. Solicitar ao CREMEPE interdição ética onde as condições de atendimento forem atentadoras para médicos e pacientes;

5. Participação ampla de toda a sociedade, Câmera de Vereadores, Ministério Público, Conselho Municipal de Saúde, CDL, Associações.

 

SIMEPE está indignado com a saúde pública de Petrolina

  1. Dr. Aluilce Vasconcelos disse:

    De fato nunca antes na história desta cidade se viu faltar tanta coisa na área da saúde. Incrível como pode uma cidade deste porte com uma cobertura tão baixa de PSF, com uma carência enorme de medicações, exames e consultas de especialidade e agora, como se não bastasse, uma redução significativa da oferta de atendimento hospitalar, com o fechamento noturno do PAS e diminuição dos leitos do HDM/HUT. Como nosso prefeito irá se posicionar na próxima campanha? Com que palavras se dirigirá à população? Como justificará o injustificável?
    Todo município sofre com as dificuldades de recursos do SUS. Mas Petrolina sempre esteve abaixo de Juazeiro em SUS. Sempre! Agora então piorou de vez. Não que o SUS em Juazeiro seja perfeito. Todos sabem é não é. Mas ao menos lá posso atender meu paciente, solicitar seu exame, prescrever seu medicamento e encaminhá-lo quando necessário.
    Hoje faço 5 anos como funcionário de Juazeiro. Mesmo residindo em Petrolina, prefiro cruzar a ponte quatro vezes ao dia à ter que trabalhar num local tão precário quanto Petrolina.
    aluilce@spfc.com.br

  2. Verdade disse:

    Sou da área de saúde e já convivi com essa categoria
    È muito engraçado ver essas solicitações:
    1. Reinvidicam no PAS José e Maria horário noturno – pra eles é vantagem dá um plantão lá,dormem a noite toda.Não estão pensando na sociedade estão pesando nos plantões que perderam, os PAS diminuiu muito o número de atendimento a noite os próprios médicos qd os pacientes chegavam brigavam pq era atendimento de posto (e chegava até a voltar os pacientes e mandavam pro posto.Eu já trabalhei lá e sofria pra chamar médico no repouso eles diziam “deixa juntar” cansei de ouvir isso!
    Aí agora que a secretaria toma uma posição dessa estão todos “solidários com a população”oh como são bonzinhos vão pro céu…
    Querem que fique 2 médicos por plantão.Pra quê? Um dorme e outro atende…Quer dizer qd tá dormindo tá bom, pior é qd o plantão pros 2 médicos é de 8h e chega um de 8h e outro de 11h, e o que chegou de 8h vai embora qd o de 11h chega.
    E SECRETARIA DA MUITO É MOLE,PQ FICA A MERCÊ DE FALTA DE MÉDICO E FICA REFÉM DISSO TUDO.MAS A POPULAÇÃO NÃO ENTENDE…

  3. galdino neto disse:

    Uma breve reflexão acerca do mau funcionamento do Estado (latu sensu), por Frei Betto:

    “A construção de um Estado democrático-popular passa pela capacidade de a sociedade brasileira encontrar alternativas a seis grandes entraves, que aqui tornam ainda mais cruel o perfil do Leviatã: a corrupção; os poderes paralelos(narcotráfico, bicheiros, etc.; a desintegração do aparelho estatal (privatização generalizada); a crise da representatividade (clientelismo); o baixo grau de cidadania e a apartação social (a miséria e os excluídos).
    A corrupção é endêmica, sagaz, ora na forma do assalto direto aos cofres públicos; ora sutil, no proveito de vantagens, mordomias, trâmites, ao arrepio da lei, favorecimentos e presentes indevidos. Máfias criminosas corrompem membros dos três poderes da República, influem no aparato policial-militar, organizam lobbies em defesa de seus interesses escusos. O desmantelamento do Estado ocorre a olhos vistos, reduzindo-o a uma repartição cartorial sem instrumentos para cumprir o seu dever e garantir, sobretudo, aos mais pobres, direitos elementares, como alimentação, saúde e educação.Em nosso País, o jogo eleitoral, viciado por regras advindas da ditadura, impede que a representação parlamentar traduza a densidade demográfica desigual…

    BETTO, Frei. A Mosca Azul. Rio de Janeiro, Rocco, 1994. p. 189-190.

    Comungando com o pensamento de Frei Betto, o Estado brasileiro não funciona para todos por quê foi concebido para poucos. Para as elites, o Brasil, desde a colônia, é propriedade privada delas. Quem não precisa do Estado (saúde, educação, segurança), não se preocupa com ele. Aqueles que administram o Estado (nas três esferas) não têm filhos na rede pública, não precisam do SUS, têm seguranças particulares ou policiais 24 horas à disposição… Cada político brasileiro deveria experimentar passar com seus filhos estudando um ano na rede pública, deveria enfrentar as filas e o atendimento do SUS, deveria andar a pé sem seguranças privados nas periferias das cidades, assim, poderiam, na prática, experimentar o que sente a maioria dos brasileiros ante essa bagunça que são os serviços públicos brasileiros… E, talvez, num lampejo de justiça, poderiam de fato melhorar as condições de vida dos cidadãos sofridos do país…

  4. Renilda A. Lins disse:

    Concordo com a indignação do Sindicato dos Médicos.
    Faz-se necessário uma retrospectiva a cerca de dois anos:
    O prefeito que aí está, teve um apoio mássico da categoria médica e isso fez a diferença nas urnas.
    Hoje, o que observamos é seus próprios colegas (médicos) continua fazendo a diferença, só que dessa vez é para apontar os erros, equívocos, incompetência dentre outros.
    Eu pergunto:
    1- O que houve que de repente o Prefeito, passou de “gestou ideal” para “gestor incompetente” ?
    2- Porque vocês não se juntam para “verdadeiramente colaborar” com o colega?
    3- Será que ambos os hospitais (HDM/TRAUMA) em pleno funcionamento, prejudica a Saúde Privada (clinicas e hospitais particulares)?
    4- O que essa categoria esperava do Prefeito, por ser médico, seria colaborar com o enriquecimento desses empresários da saúde?
    5- Porque vocês cooperam com o crescimento, cada dia mais acelerado, com as dificuldades existentes na área da saúde?
    Bom! Essas são apenas algumas das diversas perguntas, que eu gostaria que fosse esclarecida publicamente.
    Uma categoria dessa importância tem tudo para se UNIR por qualquer ideal e vencer, porque vocês são formadores de opinião, e a sociedade acredita no posicionamento dessa classe.
    Então pensem muito bem no que vocês estão fazendo.
    LEMBRE-SE SEMPRE: Que hoje é Júlio Lóssio que está nesse beco sem saída, mais amanhã pode ser um de vocês, nem precisa está político, basta está vivo.
    Tudo que diretamente ou indiretamente colaboramos para piorar, não tenha duvidas, adquirimos um saldo negativo esse feito.
    GENTE! Ajudem ao colega administrar a saúde do nosso município, com tudo isso, todos ganha, porque apenas quem sofre é o usuário “EXCLUSIVO do SUS”.

  5. Roberto Guedes disse:

    Querida Renilda, como faço para ajudar o prefeito que iria despachar diretamente do Dom Malan se nunca ele despachou de lá como havia prometido em campanha.
    Segundo: agente só ajuda quem é nosso amigo, e ele vem mostrando que só amigo de Patrício Valgueiro o intocável da administração dele.

  6. Dra. Treze disse:

    Cara Renilda, concordo com voce em algumas assertivas e discordo em outras:
    1) nas sua questões 1 e 2 vale lembrar que a partir do momento em que o político se une a pessoas para se eleger e depois de eleito, por divida de campanha, tem que se aliar essas pessoas à sua equipe, o trabalho desse gestor passa da competencia para a conveniencia e só se ajuda a quem quer ser ajudado;
    2) na de nº 3 voce tem razão, mas em parte. As pessoas que estão no SIMEPE brigando por melhoria nas condições e oferta de serviços para a população é exatamente a que está do outro lado e não são donos de clinicas; os donos de clinica estão do lado do prefeito;
    3) no item 4 e 5, voce errou mais uma vez. Os empresários da saude estão do lado do prefeito. Nós estamos nos bastidores tentando melhorar algo que está caótico. Estamos brigando pelo cidadão! E se estamos lutando por melhorias nas condições de atendimento é porque não concordamos com o caos.
    4) convido-a para, na próxima assembléia do SIMEPE dia 30/03 na sede do CREMEPE de Petrolina, a participar para confirmar tudo isto que estou afirmando aqui.
    Lembre-se saude e educação não elege ninguém. Os coroneis de Petrolina sabem bem disso.

  7. galdino neto disse:

    Petrolina ainda é um município com práticas administrativas patrimonialistas. Uma cidade com o pé no desenvolvimento e outro no atraso. O coronelismo político, a soberba de alguns detentores do poder econômico, a lotação de cargos públicos sem concurso, o toma lá dá cá, tudo isso envergonha Petrolina… Mas muitos gostam… Aprovam, se rendem, se vendem, ou simplesmente, são tão sacanas quanto os que oferecem as benesses. Para quem não sabe, segue uma definição do seja patrimonialismo:

    Herança da época feudal, no patrimonialismo a administração pública atende aos interesses da classe dominante, representando mero instrumento de usurpação de poder. O poder que emana do povo passa a ser utilizado pelo governante para seu interesse. Nas palavras de Wilson Granjeiro “A res publica não é diferenciada da res principis”, ou seja a “coisa publica” não é diferenciada da “coisa do governante”.

    Um dos efeitos do patrimonialismo é que a corrupção e o nepotismo são inerentes a esse tipo de Administração. Outros efeitos decorrem do fato de o patrimonialismo comprometer a finalidade básica do Estado de defender a coisa pública, pois as atividades públicas deixam de estar comprometidas com a melhor relação custo benefício para a sociedade. Desta maneira desloca-se o foco de atenção da sociedade para as questões que privilegiam a vontade de poucos….

    …A Administração Patrimonialista propiciava uma confusão entre os cargos públicos e o próprio grau de parentesco e afinidades entre os nobres e outros participantes do governo, sendo, na verdade, uma continuidade do modelo de administração utilizado pelas monarquias até o aparecimento da burocracia…

    Assim como os autores mencionados defendem, não podemos achar que superamos esta triste fase da administração pública, pois, não há dúvida de que ainda somos vítimas do patrimonialismo, praga resistente em todo o país, cuja expressão mais típica é o “rouba mas faz”, que ficou famoso com Adhemar de Barros em São Paulo, depois foi reciclado por Paulo Maluf, mas tem representantes em todos os estados brasileiros.

    Palavras de Idalberto Chiavenato, quem estuda Administração na Facape, sabe quem é esse grande administrador.

    Palavras de Idalberto Chiavena

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