Ajudar dependentes químicos a sair das drogas e proporcionar a eles uma nova perspectiva de vida. Esse é o principal objetivo da ONG Ajudar, uma instituição filantrópica prestes a completar 6 anos em Petrolina. A história da ONG começa com um intenso drama vivido por seu fundador, Rivaldo Xavier, um ex-dependente químico que foi até o fundo do poço, mas conseguiu – com ajuda – se recuperar. Em entrevista a este Blog, ele contou sua trajetória no mundo sombrio do alcoolismo e fez revelações. Apesar de estar há seis anos sem fazer uso de substância psicoativa, para a medicina ele ainda é um dependente químico em tratamento.

“Eu sou um dependente químico ainda em tratamento, segundo a medicina, e tem seis anos que não faço uso de nenhuma substância psicoativa. Após uma tentativa de suicídio na ponte [Presidente Dutra], já morando há cinco anos na rua – sou de Minas Gerais, fui resgatado por policiais e me levaram para o hospital. Depois, fugi do hospital e fui para as ruas novamente. Mas fiz um compromisso com Deus, que se ele me tirasse daquela vida, eu iria ajudar pessoas naquela mesma situação. No mesmo dia, Deus colocou um grupo de uma igreja no bairro Dom Avelar, o grupo ‘Jesus Salvador’. Esse grupo se propôs a me ajudar. Fiquei dez dias em estado de abstinência. Daí comecei a trabalhar com produtos de limpeza e o suporte para dependentes começou num quartinho. No início, eu só acolhia e encaminhava para os centros. Mas encontrei dificuldades, pois os centros têm toda uma burocracia. E que queria fazer uma coisa diferente: desburocratizar”, explicou.

Rivaldo diz que a dependência química só consegue ser vencida se houver força de vontade. Ele disse que perdeu sua dignidade e que isso fez crescer a vontade de mudar e ajudar. “Essa transformação, aqui em Petrolina, aconteceu porque eu perdi a minha dignidade, o que é mais precioso. Hoje estou com 35 pessoas sendo amparadas pela ONG. Temos a chácara, onde funciona o tratamento, e uma casa de apoio, onde é feito o primeiro acolhimento. Nesse período já passaram mais de 200 pessoas e o nosso índice de recuperação é de 14%, considerado dentro do normal. Alguns centros dizem que têm um índice de 70%, mas não existe isso, porque até na Franca o índice é de 17%”, frisou.

O fundador da ONG Ajudar também explicou como é feito o acolhimento. Falou também sobre a diferença dos centros de recuperação.  “Nosso trabalho é diferente dos outros centros. Primeiro, porque não temos vínculo com nenhuma religião, justamente por não ter que pregar doutrina de religião e como forma de acolher todos da mesma forma, sem impor nada. Recebemos padres, pastores evangélicos e qualquer pessoa que queria ir pregar. Temos psiquiatra, psicólogo, assistente social e fazemos a desintoxicação do acolhido. Além disso, utilizamos a AME do N-8, onde é feito uma bateria de exames. Fazemos lá dentro [da ONG] o que os outros centros fazem aqui fora, porque é muito difícil o dependente fazer isso.”

Regras

Rivaldo Xavier falou que as regras são rígidas, mas como a chácara não tem muro, ninguém é obrigado a ficar no local, apesar de o regime ser fechado “Temos regras, de 6h30 às 19h. Ele tem que fazer higiene pessoal e eles têm dificuldades. Têm que passar pela terapia para desintoxicar. Damos três refeições, 22h silêncio total. O sistema é fechado, mas eles podem deixar o local na hora que desejarem. Nesses seis anos muitas pessoas foram resgatadas. Hoje, nós temos internos de 20 anos a 62 anos, mas já acolhemos pessoas de mais de 70 anos. Os mais novos são dependentes de crack e cocaína e os mais velhos, depois dos 50, são o tabaco e o álcool”, detalhou.

Dificuldades financeiras

Como a maior das ONGs, a Ajudar também enfrenta dificuldades financeiras e busca ajuda para cobrir as despesas e continuar ajudando quem precisa. “A instituição ainda não recebe ajuda do governo, sobrevive de bingos, doações e de alguns familiares de internos que fazem contribuições. Mas a maioria é de famílias carentes e moradores de rua. Hoje nos temos um cadastro no banco de alimentos no Sesc e estamos nos cadastrando no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Recentemente, fomos beneficiados com uma verba da 2ª Vara Criminal”, contou Rivaldo.

Quem desejar fazer doações para a ONG Ajudar pode entrar em contato pelos telefones (87) 99900-3096 (WhatsApp) e 99998-2121. A Casa de Apoio fica localizada na Rua Ana Nery, nº 82, Vila Mocó, na área central. A chácara fica na Rua A, nº16, no N-8 do Perímetro Irrigado Senador Nilo Coelho, zona rural de Petrolina. Doações em dinheiro podem ser feitas pela conta:

Banco do Nordeste

Conta Corrente

Agência: 041

Conta: 37185-4