Odacy garante que 2008 ” é página virada”, faz ressalvas a Governo Lossio e afirma: “Quero concluir missão que comecei”

por Carlos Britto // 11 de agosto de 2016 às 08:22

Odacy Amorim. (Foto: Gabriel dos Anjos/Blog do Carlos Britto)

odacy candidato

Prefeito de Petrolina entre os anos de 2007 e 2008, Odacy Amorim (PT) garante que o desejo de voltar a colaborar com o desenvolvimento da cidade não passa por uma reafirmação pessoal. À época, quando ainda estava no PSB e tinha o direito à reeleição, ele teve de disputar internamente com o então presidente da legenda socialista, Gonzaga Patriota, que ganhou no ‘bate-chapa’ e foi para a disputa municipal.

Odacy garante, no entanto, que essa já é uma “página virada” em sua vida pública. Nesta entrevista, ele vê alguns acertos do atual Governo Julio Lossio, mas lamenta que avanços na sua gestão tenham sido esquecidas. E ressalta que o poderio econômico na política de hoje tem de ser banido.

Confiram:

Blog do Carlos Britto – Por que o senhor quer ser candidato a prefeito?

Odacy Amorim – Para fazer muito mais do que a gente fez em 2007 e 2008. A gente começou uma missão na prefeitura, que foi um grande passo para a sociedade de Petrolina, de todas as classes sociais. Tivemos um governo bem avaliado e estamos buscando a oportunidade de fazer um mandato completo para retomarmos uma série de ações que começamos. Uma parte delas foi interrompida, outras não tiveram a mesma velocidade, e outras ideias que queremos implementar em Petrolina.

Blog – Essa vontade de querer colaborar novamente com Petrolina tem a ver com uma reafirmação pessoal de 2008, já que o senhor foi aliado daquela disputa, ou essa página já está virada?

O.A – Essa página está virada, mas a gente mantém e cresce esse sentimento, como se nossa missão não tivesse sido concluída, de trabalharmos por Petrolina. Essa é a questão mais forte. A gente tem uma série de ideias. Por exemplo, a escola de tempo integral. Nós implantamos a primeira escola em tempo integral no Estado de Pernambuco. Mas não me contento com uma escola só. Eu quero dezenas de escolas de tempo integral. Então esse projeto é o que vai fazer muitas crianças e jovens serem poupados de ingressar no mundo da prostituição infantil, do crack, por falta de oportunidades (…) é uma coisa, sinceramente, enraizada no sentimento, de gerenciar bem o dinheiro do povo, de romper com esse modelo de política que existe no Brasil, travado muitas vezes na corrupção, no poderio econômico, na vontade muitas vezes no projeto pessoal, e fazer de Petrolina uma cidade de primeiro mundo. Petrolina é uma cidade de primeiro mundo em relação a ruas largas, mas não em relação ao tratamento do Rio São Francisco, na questão da violência, da geração do emprego. Nós vamos, se Deus quiser, transformar Petrolina na primeira cidade de primeiro mundo do interior do Nordeste.

Blog – O que Petrolina tem de errado, que o senhor vai consertar?

O.A – Tem algumas coisas muito básicas que a gente vai fazer diferente. Por exemplo, eu sou um homem do campo, da roça. Sou inclusive um criador de ovinos. Fui comerciante aos 18 anos de idade. Mas o formato que foi feito com o Ceape e com o matadouro, tanto o de Petrolina quanto o de Rajada, não vai estar no nosso governo. Nós vamos inicialmente reabrir o matadouro, mas a ideia é implantar um novo matadouro em Petrolina, com formato humanizado, e utilizar um modelo americano, que é a entrada (dos animais) em sistema de ‘S’, quando o animal tem uma forma humanizada de chegar para ser abatido. Ele não terá estresse, não vai receber choque, ferrão. Nós vamos aproveitar esse momento crítico que temos em Petrolina, em relação ao matadouro, para implantarmos esse novo modelo. Nós já temos um projeto e vamos apresenta-lo a Petrolina. E na área de abastecimento, nós vamos apresentar uma nova central, que já foi testada em 2007 e 2008, especialmente em 2008, quando começamos a construir a central de comercialização de frutas do C-3. A prefeitura terminou a obra, mas não botou energia, e o sistema está bastante precário. Mas iremos juntar a área irrigada com a área urbana e criar uma grande central de comercialização de frutas de Petrolina, num formato diferente.

Blog – O senhor é oposição ao atual prefeito Julio Lossio? O governo dele deu errado?

O.A – o governo dele tem acertos. Por exemplo, o ‘Nova Semente’ tem um acerto interessante, e nós vamos continuar o projeto e vamos melhorá-lo. Um dia desses o prefeito criou um negócio que já acho baseado na ideia que lancei. Nós vamos ter um formato do Nova Semente direcionado para a terceira idade, que é a história do ‘Raízes’. Nós vamos ter um centro de referência em Petrolina de vida saudável para cuidar da terceira idade. Esse foi um acerto do governo, o Nova Semente. Mas há outros formatos que o governo errou. O caso de abrir mão da municipalização da saúde foi uma coisa que, naquele momento, eu teria sido mais insistente e não abriria mão do Hospital Dom Malan e do próprio Hospital de Traumas, que teria de ter uma maior participação da prefeitura. Eu não concordo que a prefeitura tenha fechado o hospital do José e Maria, que nós abrimos. Então, nós vamos reabrir o hospital, vamos abrir um outro hospital na área de sequeiro, que vai ser em Rajada, é um Pronto-Atendimento, e outro na área irrigada. Então esse será um formato que, nessa administração, fecharam o que eu tinha deixado funcionando (…) Acho que tem de ter ambulâncias básicas também nas comunidades do interior. Nós iremos retomar a segurança de Petrolina, e agora vamos envolver a Guarda de maneira mais efetiva, porque temos uma lei federal que dá à Guarda Municipal o poder de polícia preventiva. Minha meta é ampliar a presença da Guarda Municipal e reforçar a segurança de apoio à Polícia Militar e à Polícia Civil. A cada viatura que o Governo de Pernambuco botar em Petrolina, a prefeitura vai fornecer outra. E o que vamos cobrar do governo é o aumento do efetivo. Então, essa política na atual administração (de Lossio) parou, porque nós tínhamos a viatura, e depois que eu saí não continuou. E acho que isso não é gasto, é investimento.

Blog – Se passar o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o senhor vai enfrentar um governo federal de oposição. Seu partido já é oposição no estado. Como o senhor vai trabalhar com essas parcerias?

O.A – Eu tenho um deputado federal, que tem me dado um suporte, que é o deputado Fernando Monteiro. Ele tem ligação tanto com o governo do estado, quanto com o governo federal (…) mas independente disso, o cargo de prefeito tem uma força muito grande. Julio Lossio foi o coordenador de José Serra (na campanha presidencial de 2010) na região. Lula veio aqui fazer campanha, mas ele (Lossio) foi escolhido pela população. E o ‘Minha Casa Minha Vida’, que é um projeto do Governo Dilma, que tinha uma meta de 4,3 milhões de casas, e que já foram entregues 2,5 milhões, o Julio Lossio conseguiu trazer para Petrolina quase 10 mil casas. Eu penso que caminho é o diálogo. E tenho certeza, inclusive, que nenhum presidente da República, nenhum governo do estado, vai querer ser inimigo de uma cidade do tamanho de Petrolina. Eu lamento profundamente esse momento de impeachment da nossa presidente Dilma, que foi eleita com o voto de milhões de brasileiros, e que está sendo cassada sem ter um crime comprovado. Mas se ela for cassada até o final, e se tiver um governo, que seja de Temer ou um outro até 2018, nós vamos bater na porta do governo. Eu, eleito prefeito de Petrolina, se Deus quiser, no dia seguinte eu amanheço no Recife para uma audiência com o governador Paulo Câmara para dizer a ele que preciso da presença do Governo de Pernambuco em Petrolina para fazermos as parcerias. E vou atrás dos deputados da região. Se quiserem colocar alguma emenda a favor de Petrolina, vão colocar e a população será informada. Os que não colocarem, a população vai fazer seu julgamento. Mas não vejo isso como empecilho porque conheço as entranhas da política.

Blog – Quando o senhor foi prefeito, em 2007 e 2008, Pernambuco vivia um boom econômico, alavancado pelo governo do ex-presidente Lula. Agora, se for eleito, vai encontrar um cenário diferente. Quais as dificuldades que o senhor espera encontrar?

O.A – Eu espero encontrar uma prefeitura melhor do que a que eu encontrei. Até porque a receita é maior. Em 2008 nós gerenciamos uma receita de R$ 238 milhões. Esse ano tem uma perspectiva de R$ 720 milhões. Você tinha uma cidade com receita própria de menos de R$ 30 milhões. Hoje temos a perspectiva de Petrolina fechar o ano com uma receita de R$ 104 milhões. Então você tem um crescimento da receita. Tem um crescimento, tanto da receita própria quanto dos repasses, bem maior. E o que vai aparecer também é o bom gestor, no aspecto de racionalizar os recursos, de ter coragem de brigar por cada centavo da prefeitura, de não se encantar com propostas mirabolantes que muitas chegam ao gabinete para lhe oferecer vantagens, e da gente pode com isso defender a qualidade dos investimentos. Eu não tenho dúvidas que, dentro das circunstâncias, nós iremos fazer o melhor governo que Petrolina já viu.

Blog Em relação à Compesa, o senhor quando foi prefeito retomou o acordo com a Companhia para que cumprisse metas. Mas temos visto declarações do senhor, meio aborrecido com a Compesa. Qual o futuro empresa em Petrolina, caso seja eleito?

O.A – A gente fez um acordo com o Governo Eduardo Campos. Ganhamos na justiça o direito de tirar a Compesa, e fizemos uma proposta. O governo estava preocupado, queria dialogar e dialogamos. A Compesa pode permanecer em Petrolina, mas em troca ele vai ter de cumprir um plano de metas e investimentos. E começamos a discutir esse plano: construir a nova captação e elevar a oferta de água de 700 litros para 1,1 mil litros por segundo, universalizar o sistema de tratamento de esgoto da cidade, assumir as dívidas que a Prefeitura de Petrolina tinha com o sistema de água e esgoto, dar as contrapartidas dos convênios, baixar a tarifa de esgoto de 80% para 40% para quem consome até 20 metros cúbicos, reconhecer a Agência Reguladora como órgão de fiscalização do sistema, repassar 3% do faturamento líquido da Compesa para a Agência Reguladora e 5% para a prefeitura fazer investimentos em água, compra de novos carros para dar manutenção ao sistema, universalizar o sistema de tratamento das agrovilas, cuidar das áreas ribeirinhas e garantir água para o sequeiro…tudo isso estava lá (no plano). Eu fiz o acordo, dava cento e poucos milhões de reais, na época, mas tem gente que sabia que, atualizando, daria mais de R$ 300 milhões ao longo dos 30 anos. Mas deixamos um gatilho armado. Esse gatilho era que a Compesa simplesmente não poderia ganhar por 30 anos e fazer o serviço como quisesse. Tenho ficado muito desapontado com a Compesa, não com o gerente local nem com os servidores em Petrolina, porque eles fazem o que podem. Inclusive a própria presidência da Compesa me desapontou muito, quando da crise da água salgada do Riacho Vitória. Eu liguei para o presidente e ele disse simplesmente que não tinha nada a ver com ele e que era obrigação da prefeitura. E fui recorrer à Codevasf, depois fui para o Ministério Público. Chamei Codevasf, prefeitura e Compesa para uma audiência, na frente do promotor de justiça, para uma solução, que seria utilizar os flutuantes que a própria Codevasf ofereceu. Em Rajada tem uma lagoa de estabilização que foi construída em nosso governo. A lagoa está seca porque não tem um funcionário para dar manutenção à bomba, e os riachos estão todos se contaminando. Então, se a Compesa não cumprir o plano de metas, não tem outro jeito, ela tem de sair de Petrolina. A Compesa tem de entender que tem alguém maior do que ela: são os consumidores. São eles que realmente precisam receber o atendimento que a Compesa precisa dar.

Blog – Em relação a emprego e renda, sabemos que Petrolina é uma cidade eminentemente agrícola, mas nem todos têm vocação para trabalhar na agricultura. No seu governo, qual a proposta para diversificar a mão de obra?

O.A – Não sei se vocês se lembram em 2008, no meu último ano de governo, Petrolina foi a cidade que mais gerou emprego formal no Brasil. Dados do Caged, Ministério do Trabalho. E o Jornal Nacional divulgou em primeira mão. A gente perdeu terreno, mas nossa ideia é voltar a fortalecer a questão da fruticultura mesmo, estimular o sistema de agroindústria, porque tem modelos funcionando em Petrolina. Temos também uma discussão para implantar o centro da moda. Inclusive já discutimos com empresários. Vamos organizar nossa cadeia produtiva, tanto na área de sequeiro quanto na área irrigada, ribeirinha e até nos assentamentos. E incentivar as fábricas de fundo de quintal. Isso e mais a busca de novos empreendedores, como por exemplo incentivar a criação de um mini distrito industrial na área irrigada, para empresários produzirem suas próprias polpas de frutas, e que as frutas de segunda e terceira possam ser utilizadas para a agroindústria, gerando emprego e renda, inclusive na área urbana.

Blog – Do seu primeiro governo ao do seu sucessor Julio Lossio, Petrolina tem mais o que comemorar ou o que lamentar?

O.A – Acho que a gente pode comemorar mais, a partir de 2017. Cada cabeça é um mundo, e na minha visão de mundo eu acho que a gente pode maximizar os recursos. Por exemplo, o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos), que é do governo federal. A prefeitura tem de adquirir 30% dos produtos da agricultura familiar, mas não me impede de adquirir 70%, 80% ou 100%, para poder comprar dos pequenos agricultores.

Blog – Candidato, no seu discurso fica parecendo que será um governo de alinhamento com o atual. Como fica sua vice, Léia Araújo, que sempre bateu forte no prefeito?

O.A – Léia é uma grande aquisição, um grande nome que escolhemos para ser candidata a vice-prefeita. É uma pessoa que admiro muito. Quando a gente estava na prefeitura, ela era a presidente do Sindsemp. A gente conversava de igual para igual, de forma respeitosa, abrindo as portas para os servidores. Agora, qualquer candidato que tiver disponibilidade de conversar, claro que a gente vai conversar. A gente vai disputar um projeto (…) quem quiser vir, será bem-vindo. Estou muito animado, inclusive pesquisas de avaliação interna mostram que estamos melhorando nosso desempenho, que estamos crescendo na proporção da população.

Blog – Suas considerações finais.

O.A – Quero dizer uma coisa que acho muito interessante. Estou muito animado de que vou ganhar a eleição, com fé em Deus. Estamos inaugurando no Brasil um novo momento da política. A política não pode ser do poderio econômico. As pessoas que gostam de dinheiro na campanha, aprendam: até o prazo reduziu. Agora só são 45 dias. Eu acredito que essa campanha será a da verdade, do olho no olho, e de muitos esclarecimentos.     

Odacy garante que 2008 ” é página virada”, faz ressalvas a Governo Lossio e afirma: “Quero concluir missão que comecei”

  1. ELEITOR SÁBIO. disse:

    Não creio.Pois sem apoios não dar.Ele sabe.

  2. Servidora Pública Comissionada da Prefeitura de Petrolina disse:

    Essa entrevista é a maior prova de que esse senhor esta comendo na mão de Julio Lossio. Não existe ataques dele contra Lossio e vice versa. Ta se lixando pra Petrolina, so quer encher ainda mais os bolsos. Sabe que não tem chance alguma de ser eleito, so vai atrapalhar uma oposição que quer retomar o desenvolvimento dessa cidade, abandonada nos últimos 8 anos!

  3. Maciel disse:

    Parabéns Odacy estamos juntos sim!!!!

  4. Coco Seco disse:

    Bom candidado, mas, vestindo o vermelho da petezada comuna, não terá meu voto!

  5. Bingo disse:

    Vai naufragar junto do PT.

  6. Sanfranciscano disse:

    Oh nome doce é o de Júlio Lóssio.

  7. Popó disse:

    MUDA PETROLINA 2017….. MIGUEL SERÁ A MELHOR MUDANÇA PRA NOSSA TERRA, TERRA QUE CARREGAMOS NAS VEIAS….. PETROLINENSE DE VERDADE… E PREFEITO FORASTEIRO AQUI NUNCA MAIS.

    1. Cego às avessas disse:

      Para ele aplicar o jeito PSB de governar? Deus me livre! Já viu a situação de pernambuco? Estão dando calote até nos pobres artistas que se apresentaram no carnaval, as delegacias de Petrolina são alugadas e os donos estão desde o início do ano sem receber! PSB governando é endividamento e quebradeira na certa!

  8. GILVAN disse:

    SERÁ QUE JÚLIO TEM ALGUMA PROVA DE ALGUMAS MUTRETAS DE ODACY??? MINHA VOVÓ DIZIA QUEM TEM RABO DE PALHA NÃO ENCOSTA NO FOGO.

  9. joao santos disse:

    Candidato muito fraco, só fez entregar obras conquistadas por Fernando Bezerra, fica como deputado que é melhor.

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