Ministros do STF mostram-se contrários a reajuste acima do teto, diz jornal

por Carlos Britto // 24 de outubro de 2016 às 10:30

Foto: Folha/PE reprodução

STFMinistros do Supremo Tribunal Federal (STF) criticaram a prática de pagamentos acima do teto constitucional que beneficiam três a cada quatro juízes brasileiros, conforme mostrou reportagem do Globo deste domingo (23). Vencimentos maiores que o recebido pelos integrantes do STF (R$ 33.763), valor estabelecido como limite no funcionalismo pela Constituição, só são possíveis graças a “dribles”, afirmou o ministro Marco Aurélio Mello. Segundo ele, a regra constitucional é “esvaziada” pelos penduricalhos — como vantagens e indenizações — criados como forma de inflar os subsídios dos magistrados.

Quando se criou o subsídio foi para não se ter outras parcelas. Subsídio é parcela única, não deveria haver essa distorção. Muito menos rotulando certas parcelas como indenizatórias para fugir do teto. Até porque, pela regularidade e natureza, vemos que essas parcelas são remuneratórias”, diz.

Em seu voto, o então relator Carlos Ayres Britto, hoje aposentado, acolheu parcialmente os argumentos da PGR, considerando incompatíveis com a Loman vantagens como “auxílio-saúde, auxílio pré-escolar, auxílio-alimentação, diferença de entrância, adicional de permanência, gratificação pelo exercício como Juiz Dirigente de Núcleo Regional, entre outras”. O julgamento foi paralisado por um pedido de vista do ministro Luiz Fux, em 2012.

Apesar da crise econômica, foram intensas nos últimos meses as negociações para reajustar o salário dos ministros do STF. O projeto está parado no Congresso, mas vinha atraindo a atenção e o interesse de muita gente, e não apenas dos 11 integrantes da Corte. Como nenhum servidor público pode formalmente ganhar mais que um ministro do STF, um aumento poderia levar a um efeito cascata, ao permitir que outras categorias — a começar pelos juízes, desembargadores e ministros de outros tribunais superiores — também peçam reajuste.

Os demais magistrados brasileiros têm seus salários-base limitados a um percentual dos rendimentos dos integrantes do Supremo. No caso dos desembargadores, por exemplo, o salário é igual a 90,25% de um ministro do STF. Assim, aumentar o salário de um significa elevar na mesma proporção os rendimentos do outro.

Reajuste

O último reajuste no salário dos ministros do STF ocorreu em janeiro de 2015, quando passou de R$ 29.462,25 para R$ 33.763. O objetivo era elevá-lo agora para R$ 39.293. A proposta contava com o apoio do governo e do PMDB, mas desagradou a parte da base que apoia o presidente Michel Temer, em especial PSDB e DEM. A repercussão negativa do aumento em meio à crise surtiu efeito. Temer, ao Globo, declarou que o aumento dos salários dos ministros do STF geraria “cascata gravíssima”.

Um dos principais negociadores do aumento foi Ricardo Lewandowski, que presidiu o STF até o começo de setembro, quando deu lugar a Cármen Lúcia. A mudança no comando interrompeu as pretensões de reajuste. Cármen assumiu admitindo não ser o momento de conceder os reajustes. Ao Globo, o presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, João Ricardo Costa, disse que “as recorrentes tentativas de enfraquecer o Judiciário, por ação de setores que pretendem atingir sua autonomia funcional e criminalizar suas atividades, colocando em xeque as questões remuneratórias dos juízes (…), não podem ser pretexto para atacar as prerrogativas dos magistrados”. (foto/reprodução)

Ministros do STF mostram-se contrários a reajuste acima do teto, diz jornal

  1. Teobaldo Goes disse:

    Só tenho uma coisa a dizer, quem rejeita salário, ou recebe de outras fontes ou está roubando. Uma autoridade, da importância de um Ministro do STF, ser mal remunerada é prejudicial ao país, primeiro pq só vai atrair para o cargo pessoas de caráter de baixa competência e caráter duvidoso, depois pq torna o juiz vulnerável, pois desestabilidade financeira perturba a mente.

    1. Maria disse:

      Sr. Teobaldo, é ruim um salário de R$ 33.763,00 para um Ministro da Suprema Corte?

    2. BBens disse:

      No próprio texto já diz que eles recebem muito além disso, com as “ajudas de custo”. Estamos com a economia em Xeque e o judiciário já recebe muito bem. A disparidade entre salários é absurdas. O mínimo irrisório, o que na verdade é um entrave na economia. Mudar o judiciário, o congresso e os impostos, um desafio que políticos e juízes deveriam verdadeiramente colocar em pauta.

  2. Francisco disse:

    O salário de 33.763,00 está dentro do justo para formação sólida de um ministro. O problema é o que corre por fora, as chamadas “ajudas de custo”. O que não dá é para aceitar são os absurdos dos salários dos deputados e vereadores, que na sua maioria vai para o plenário brigar e dizer palavrões.

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