O julgamento que culminou com o impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT) foi “político”, e não “criminal”. A tese, defendida por vários especialistas do país, também foi reforçada pelo filósofo e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Michel Zaidan Filho, que esteve em Petrolina no último final de semana para um evento promovido pelo Instituto Betel do Brasil (IBB).

“O que ocorreu com a Dilma foi um processo político, não foi criminal. Não há responsabilidades penais de roubo, de prevaricação, de usar recursos em benefício próprio. Tanto é que os direitos (políticos) dela não foram cassados. Ela é elegível”, explicou Zaidan Filho.

Bem diferente, segundo ele, do atual presidente Michel Temer (PMDB), o qual esta semana vive as expectativas de ver a Câmara dos Deputados analisar a segunda denúncia de corrupção contra ele. “Esse aí não. Esse é processo criminal por formação de quadrilha, por obstrução da justiça. São duas denúncias consecutivas, e pior: com provas”, analisou.

Segundo Zaidan Filho, o que se vê atualmente no país “é uma situação de deterioração progressiva” das instituições. “Até então se acreditava que, dos três poderes instituídos, a justiça era a mais acreditada, ou menos corrompida e menos partidarizada, já que o Legislativo sempre foi considerado o pior”, pontuou.

STF

Sobre o episódio do senador Aécio Neves (PSDB), denunciado pelos proprietários Joesley e Wesley Batista, da J&F, de receber propina, o professor lamentou que o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha jogado a responsabilidade da última palavra sobre a cassação do seu mandato ao Congresso. “O STF é a instância máxima de recursos, quando se trata de interpretar a Constituição do país. Quando abre mão dessa prerrogativa em favor do Congresso, ele se desmoraliza. Porque se o STF não detém a última palavra como guardião da Constituição, em defesa da lei, então a bandalheira está solta. Você acha que o Senado vai se autocondenar? Não vai”, finalizou.