Diretor da Chesf garante que nova redução da vazão de Sobradinho é em prol “de segurança hídrica da região”

por Carlos Britto // 16 de novembro de 2016 às 16:55

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Independente das chuvas que ocorram na cabeceira do Rio São Francisco, em Minas Gerais – o que já está acontecendo –, a nova redução na vazão da Barragem de Sobradinho (BA) e de Xingó (em Alagoas e Sergipe), já era uma decisão em caráter irrevogável. Tudo em nome da “segurança hídrica” da região. A declaração foi dada na manhã de hoje (16), pelo diretor da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), João Henrique Franklin, numa coletiva de imprensa realizada no Quality Hotel, Orla II de Petrolina.

Atualmente a Barragem de Sobradinho, que trabalhava com uma vazão de 800 metros cúbicos por segundo (m³/s), passará para 750 m³/s a partir do dia 21 de novembro. Numa segunda etapa, a ser executada em estudos posteriores, a vazão ficará em 700 m³/s.

De acordo com o diretor, as medidas tomadas devem-se ao fato de a bacia estar recebendo chuvas consideradas escassas, desde o ano de 2013, durante o chamado ‘período úmido’, que vai entre os meses de novembro e maio. Desde então, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) e a Agência Nacional das Águas (ANA) têm autorizado a redução da vazão, que até três anos atrás era de 1.300 m³/s. “Os usuários de Sobradinho até a foz, pegando os Estados de Alagoas e Sergipe, são impactados por essa redução de vazão extraordinária, em função dessa situação de falta de chuvas na Bacia do Rio São Francisco, e consequentemente tiveram de se adequar a essa nova realidade”, ponderou.

João Henrique explicou que a atual questão hídrica modificou a rotina em setores como captação d’água, perímetros de irrigação e navegação tiveram de se adequar. Até mesmo o setor elétrico, que gera energia proveniente das usinas hidrelétricas da região, também sofreu mudanças. “Nós passamos a gerar energia de outras fontes alternativas, instaladas na Região Nordeste, a exemplo das usinas eólicas, das térmicas, e passamos a transferir energia de outras regiões do país para o Nordeste”, declarou. Sobre esse assunto, o representante da Chesf inclusive descartou os riscos de racionamento de energia, apesar do atual cenário.

Ele garantiu que não haverá dificuldades quanto à segurança enérgica justamente por haver meios de suprir o atendimento através dessas fontes alternativas. João Henriques deixou claro que a prioridade da Chesf é com a segurança hídrica da população. “Temos de nos preocupar é com a captação para o abastecimento humano, para o atendimento aos projetos de irrigação, enfim, com os usos múltiplos da Bacia do São Francisco”, frisou.

Flutuantes

Ele explicou ainda que, embora a Usina de Três Marias (MG) tenha atualmente 14% do seu volume – mais que o dobro do volume da de Sobradinho, 6% – seria inviável soltar mais água da primeira, cuja vazão já está em 340 m³/s. Além disso, a característica da Usina de Três Marias difere de Sobradinho em relação ao volume morto, fase na qual já não é mais possível gerar energia. “Se Três Marias chegar a zero por cento, você não pode mais soltar água porque a usina não tem descarregador de fundo (comporta), o que seria uma situação muito grave para os projetos situados após Três Marias e para as captações de água como Pirapora, que fica dependendo dessa vazão. Diferente de Sobradinho. Seria uma segurança hídrica para os usuários daquela região”, explicou João Henrique. Ele chegou a lembrar que no ano passado a Chesf por pouco não usou as comportas com essa finalidade em Sobradinho, mas as chuvas caídas naquela época minimizaram a situação.

João Henrique admitiu ainda a possibilidade de colocar em prática o sistema flutuante para ajudar a levar água aos perímetros irrigados da região, que em 2015 não foram necessários. Ele explicou que, com a redução até 700 m³/s, haverá uma redução de 10% da água para os perímetros localizados no trecho entre Sobradinho e o Sertão de Itaparica, e de 20% entre os situados da foz (em Sergipe e Alagoas). “Provavelmente os irrigantes terão de fazer uma adequação que passa ou pelos flutuantes, ou por fazer alguma dragagem que garanta sua condição de captação para esse patamar”, pontuou.

Perguntado se a Chesf tem um limite aceitável para continuar reduzindo a vazão, caso seja obrigada, o diretor do órgão. Ele afirmou que esse limite vai depender da situação verificada ao longo do rio. Como exemplo, João Henrique lembrou que em 2001, ano de racionamento no Nordeste, a vazão mínima estipulada foi de 1.000 m³/s. “Mas atualmente tem chovido na bacia do São Francisco menos do que na época do racionamento. Os 700m³/s autorizados ela ANA e pelo Ibama nós nunca tínhamos praticado, assim como não tínhamos praticado 800 m³/s”, finalizou.

Diretor da Chesf garante que nova redução da vazão de Sobradinho é em prol “de segurança hídrica da região”

  1. Joaseiro disse:

    A CHESF não deveria ser em Recife e sim em uma cidade do Vale do São Francisco. Nada contra, a capital pernambucana, mas nada justifica a sede ser numa cidade sem nenhum vínculo com a região.

    1. Cego às avessas disse:

      Por que os políticos daqui são subordinados a recife, e parecem querer continuar assim.

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