Em tom de desabafo, o ex-secretário municipal de Petrolina, Milvernes Granja, critica veementemente a falta de respeito aos idosos em diversos órgãos, repartições públicas  e estabelecimentos comerciais da cidade. E cobra providências às autoridades.

Confiram:

Quem viver, verá!

 Como é triste ser velho nesse país, um país que está no mundo entre os que menos respeitam seus idosos. Idoso aqui é chamado de “velho inconveniente”, “velho chato”, “gagá”, “pé na cova”, entre outros, até de “vagabundos” já foram chamados. Um desrespeito a quem derramou seu suor e deu o seu sangue pela sua pátria no passado, e muitos ainda continuam fazendo o mesmo, trabalhando para complementar o mísero salário que recebem de suas aposentadorias vergonhosas, que muitas vezes não dão nem para comprar os remédios que necessitam para prolongar um pouco mais as suas vidas.

O desrespeito ainda é maior para aqueles idosos mais pobres, que não têm conhecimento de seus direitos por serem analfabetos ou semianalfabetos, direitos esses que, na maioria das vezes, não são respeitados neste país, não sabem que existem o “Estatuto do Idoso”, que para mim é apenas simbólico, pois o que está ali registrado como direito, por ninguém é fiscalizado.

Daqui a poucos anos o aposentado vai ter que pedir esmolas para sobreviver. A cada ano que passa a sua aposentadoria é corroída pela inflação e pelos miseráveis reajustes atribuídos pelo Governo. Como aposentado e considerado “Idoso”, pois já passei dos 60, tenho sofrido na pele todas as consequências do que acima registrei.

Olhe que procuro sempre exigir os meus direitos, pois tenho conhecimento de muitos deles. Aqui em Petrolina tenho sofrido discriminação e humilhação em todos os setores desta sociedade hipócrita, quer seja nas ruas, nas repartições públicas e privadas, entre outras. Citarei algumas dessas que já passei:

·Banco do Brasil (Agência Centro): Esperei o atendimento de 38 pessoas normais, mas sem que a minha senha preferencial tivesse sido chamada.

·Banco do Brasil (Agência Coronel Amorim): Dia 04/05 – Todos os caixas eletrônicos estavam funcionando, menos o caixa preferencial que estava apagado.

·Bradesco (Agência Av. Souza filho): Dia 04/05 – Minha sogra, com mais de 80 anos, após esperar mais de duas horas e meia para receber sua aposentadoria voltou para casa sem recebê-la, envergonhada por sua neta, que a acompanhava, ter sido retrucada com ignorância pelo caixa, porque foi exigir o direito de ser atendida.

·Celpe e Compesa: Já fui tratado com discriminação no atendimento preferencial, porque lá os idosos são os últimos a serem atendidos.

·Zona Azul : Ninguém respeita os estacionamentos reservados para idosos e me parece que poucos são multados.

· Ônibus: Apesar de, graças a Deus, pouco andar de ônibus, sabemos de quanto sofrem os Idosos que necessitam desse transporte, verdadeiras humilhações (porta na cara, sem lugar para sentar, xingamentos, etc).

·Bompreço (Atrás da Banca): No caixa preferencial, o idoso tinha que tocar em uma cigarra e esperar a boa vontade de alguns para ser atendido.

·Itaú (Agência Av. Guararapes): Na minha frente, um caixa atendendo a uma empresa e muitos idosos a esperar na fila.

E assim é tratada a maioria esmagadora dos idosos por este País afora…

Esperamos pela ajuda das autoridades deste Município, quer seja dos Poderes Executivo e Legislativo, Justiça e Ministério Público, no sentido de fazer cumprir pelo menos parte dos direitos desse cidadãos que muito contribuíram no passado para o desenvolvimento dessa nação.

Petrolina, 05 de Maio de 2015.

Milvernes Granja/Ex-Secretário Municipal de Petrolina