As uvas produzidas no Nordeste do Brasil fazem sucesso na Europa. O continente é o maior importador das frutas. Os dados de dezembro ainda não estão disponíveis, mas as exportações para a Europa entre janeiro e novembro deste ano mostram que a fruta nordestina reforçou a mesa natalina dos europeus.

A maior parte das uvas exportadas pelo Brasil saem de uma área com poucas chuvas, mas muita água. Trata-se do Vale do Rio São Francisco, que é responsável por quase toda a produção da fruta na Região Nordeste.

Das 62 mil toneladas que o Brasil exportou entre janeiro e dezembro, por volta de 66% das uvas foram colhidas no Nordeste. A Europa figurou como destino de 99% dos embarques nordestinos, conforme dados oficiais. Assim, quase todas as vendas foram para o mercado europeu, e a colheita nordestina – concentrada sobretudo em Petrolina (PE), Juazeiro (BA) e arreadores – respondeu por quase todas as vendas.

Em conjunto, eles faturaram 84,5 milhões de dólares com os embarques da fruta nesse período. A cifra corresponde por volta dos R$ 400 milhões.

Combinação única

Essa área é a única do mundo a conseguir duas safras de uva por ano. O segredo para essa pujança é a combinação extraordinária de clima seco – em razão das poucas chuvas – com a abundância de água, graças ao Velho Chico, e muita ciência e tecnologia.

A água é enviada às lavouras por meio de irrigação realizada com gotejamento. Com a falta de chuvas, o processo permite a hidratação da planta com precisão – ou seja: sem escassez e nem excesso.

O cultivo é feito com plantas adaptadas. Em muitos casos, o trabalho contou com a cooperação de renomadas universidades brasileiras, como USP e Unicamp, e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Semiárido).

Graças a esse tripé, o plantio da uva teve um boom nessa parte do Brasil, conforme mostram os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Produtividade

De acordo com o órgão, a safra local de 2022 fechou em 382 mil toneladas. Em 1974, a colheita fechou em cerca de 115 toneladas. Assim, em pouco menos de 50 anos, a produção se tornou 3,3 mil vezes maior, fazendo desses municípios do Vale do Rio São Francisco referência na produção da cultura. (Fonte: Revisa Oeste)