A questão do uso indiscriminado de agrotóxicos nas fazendas de frutas do polo Petrolina/Juazeiro parece ser um dos principais desafios da Convenção Coletiva dos trabalhadores rurais, que teve início na última terça-feira (25) no auditório da Facape e continuará nesta semana, numa segunda rodada de negociações.

Desde 1994, quando a Convenção Coletiva foi implantada, patrões e empregados já fecharam acordo em muitos pontos. A mais recente foi a de os trabalhadores rurais terem direito de beber água gelada no seu local de trabalho. Isso seria o básico, não? Como, nos dias de hoje, eles eram privados desse item?

Bem, sem entrar no mérito dessa discussão (que por si só já valeria outro artigo), o momento é de alertar para os agrotóxicos usados na fruticultura local.

Segundo José Tenório, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Petrolina (foto), esse é um problema do qual ninguém fica ileso: prejudica tanto quem manuseia o agrotóxico, como quem consome a fruta oriunda das fazendas.

Em relação aos trabalhadores, que lidam diretamente com esse tipo de produto, a situação é ainda mais dramática porque as grandes fazendas obedecem a normas trabalhistas, distribuindo os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) a seus funcionários. Mas os pequenos proprietários anda desrespeitam as normas. Tenório acredita que o Poder Público poderia ajudar, fazendo uma intensa campanha de conscientização sobre o assunto.

Enquanto isso, a incidência de casos de câncer dos dois lados – Bahia e Pernambuco – por conta dos agrotóxicos só aumenta e preocupa. Para Tenório, a saída seria a cultura de produtos orgânicos. Mas o investimento nos orgânicos ainda é muito oneroso para os fruticultores. Só resta, no momento, o diálogo. É para isso que a convenção serve. E se há diálogo, há esperança.