Um tema sombrio e que ainda desafia autoridades da polícia e da justiça no país ganhou espaço, na manhã de ontem (2), na Câmara de Vereadores de Petrolina. Uma audiência pública, promovida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT6), abordou a problemática do tráfico de pessoas.
O desembargador do TRT6, Paulo Alcântara, fez uma explanação aterradora sobre o assunto. Ele citou as quatro principais formas de tráfico de pessoas – adoção ilegal, trabalho em condições análogas à escravidão, órgãos humanos e exploração sexual. Em relação a este último, ele citou casos de mulheres, sobretudo adolescentes, que foram aliciadas para trabalhar em outros países coma promessa de serem modelos, mas ao chegarem descobrem que na verdade seriam colocadas à prostituição.
Juiz há 36 anos e desembargador há 11, Alcântara trabalhou por 20 anos combatendo o trabalho infantil. Há três anos ele lida diretamente com a questão do tráfico de pessoas, e vem se deparando, desde então, com uma realidade alarmante.
Segundo Alcântara, dados oficiais de governo revelam que 752 mil pessoas sumiram no Brasil nos últimos 10 anos – quase o dobro da população atual de Petrolina. Para o desembargador, o enfrentamento a esse problema precisa passar não apenas pelas autoridades policiais e da justiça, mas por políticas públicas eficazes nas três esferas de poder. A audiência contou também com a presença da secretária executiva de Direitos Humanos de Pernambuco, Gláucia Andrade, do representante do MPPE, procurador Júlio César Soares Lira, vereadores e integrantes de ONGs e da comunidade. A audiência na íntegra pode ser conferida no link.


