Em carta aberta à comunidade, a Diretoria do Sindicato dos Docentes da Univasf (Sindunivasf) lamenta o “silêncio” de lideranças políticas da região acerca do polêmico ‘tarifaço’ imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que prejudica a fruticultura.

Confiram:

Carta Aberta ao Povo e aos Representantes e Lideranças Políticas do Vale do São Francisco: É hora de escolher interesses pessoais ou o interesse do povo?

A fruticultura do Vale do São Francisco, orgulho e sustento de milhares de famílias, está sendo atacada por um tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos desde 6 de agosto de 2025. Essa decisão, que pode cortar drasticamente as exportações de manga e uva, ameaça o trabalho de centenas de milhares de pessoas. Mas o mais grave é que essa medida não veio do nada: ela é resultado de articulações políticas que traem o Brasil.

Enquanto o Vale sofre, o deputado federal Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos, recebendo salário pago pelo povo brasileiro sem trabalhar, para conspirar contra o próprio país. Lá, ele pede sanções e tarifas que prejudicam diretamente nossa economia, com o objetivo de proteger Jair Bolsonaro das consequências legais pelos crimes que cometeu contra a democracia. Não é defesa do Brasil, é defesa de um projeto pessoal e familiar, que coloca interesses políticos acima do pão de cada dia do trabalhador.

Não podemos esquecer que Jair Bolsonaro perdeu as eleições de forma legítima, mas não aceitou o resultado. Planejou e incentivou um golpe de Estado, como revelaram depoimentos de comandantes militares, e tentou tomar o poder à força. Agora, usa a influência e conexões internacionais para pressionar o Brasil, atacando nossa soberania e a independência entre os Poderes, na esperança de escapar da Justiça.

É inaceitável ver lideranças políticas do Vale caladas diante disso. E aqui não se trata apenas da Câmara Municipal de Petrolina, que em abril de 2025 concedeu a Jair Bolsonaro a Medalha de Honra ao Mérito Dom Malan, com exceção do voto contrário do vereador Professor Gilmar (PT). Essa omissão se estende a todos os níveis de liderança política da região, do legislativo municipal ao estadual e federal, com base no Vale. Será que a Câmara Municipal vai continuar distribuindo honrarias para quem trabalha contra o povo de Petrolina? Será que deputados estaduais e federais da nossa região vão continuar fingindo que nada está acontecendo, mesmo vendo milhares de empregos e a economia local sob ataque?

O silêncio agora é cumplicidade. Quem ocupa cargo público foi eleito para defender a população, não para se esconder quando o futuro da região está em risco. O Vale do São Francisco precisa saber quem está do lado do povo e quem está do lado de um projeto de poder pessoal que despreza as leis e a vontade das urnas.

A Diretoria do Sindicato dos Docentes da Univasf (SINDUNIVASF) reafirma seu compromisso com a democracia e a soberania nacional. Rejeitamos qualquer tentativa de usar o sofrimento do povo como arma política. Chamamos a sociedade, a imprensa e os representantes públicos a se posicionarem claramente. O povo do Vale tem direito a saber quem defende sua terra e seu trabalho e quem prefere ficar calado diante de uma injustiça tão grave.

Petrolina, 15 de agosto de 2025. 

Diretoria da SINDUNIVASF