Programa de alimentação escolar no Brasil é referência mundial, diz ONU

por Carlos Britto // 29 de setembro de 2025 às 15:00

Foto ilustrativa: reprodução

Reconhecido pela ONU como um dos maiores e melhores programas de alimentação escolar do mundo, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) atende diariamente 40 milhões de estudantes no Brasil, da creche ao EJA. Mesmo com avanços e impacto social positivo, o programa ainda convive com dificuldades de orçamento e estrutura que afetam sua execução no dia a dia.

O Brasil não gosta de se autoelogiar”, comenta Daniel Balaban, diretor do Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil. Apesar disso, as Nações Unidas apontam o Pnae como referência internacional. Oficialmente, o projeto completou 70 anos, mas ganhou força em 2009, quando uma lei estabeleceu parâmetros para a alimentação nas escolas, substituindo lanches industrializados por refeições completas. Um dos diferenciais do programa é a exigência de que pelo menos 30% dos alimentos sejam comprados da agricultura familiar.Um estudo do Observatório da Alimentação Escolar (OAE) mostra que cada R$ 1 investido no Pnae gera R$ 1,52 na agricultura e R$ 1,66 na pecuária. A partir de 2026, a participação da agricultura familiar deve subir para pelo menos 45%, conforme alteração já aprovada pelo Congresso.

O modelo brasileiro de alimentação escolar tem inspirado outros países. Durante a 2ª Cúpula da Coalizão Global pela Alimentação Escolar, realizada em setembro em Brasília, representantes de mais de 90 nações discutiram estratégias para garantir comida de qualidade a 700 milhões de estudantes até 2030. Apesar do reconhecimento, a execução do Pnae ainda enfrenta dificuldades. Em 2025, o orçamento foi de R$ 5,5 bilhões. O repasse diário por aluno variou de R$ 0,41 (EJA) a R$ 1,37 (creches e ensino integral), valores considerados insuficientes por nutricionistas e gestores. Estados e municípios devem complementar os recursos, mas nem sempre isso acontece, principalmente no Norte e no Nordeste.

Segundo o OAE, quase metade dos nutricionistas entrevistados (47%) afirma que não consegue cumprir todas as exigências do programa, apontando problemas como falta de estrutura, resistência de famílias e educadores, inflação dos alimentos e déficit de profissionais. Para Albaneide Peixinho, presidente da Associação Brasileira de Nutrição e ex-coordenadora do Pnae, ainda há muito a avançar: “Infelizmente, muitos gestores ainda enxergam o programa apenas como ‘merenda’, um lanche rápido. Mas ele é muito mais que isso: é um programa pedagógico de promoção à saúde. A formação de hábitos saudáveis é tão importante quanto a oferta da refeição em si”. (Fonte: Agência Brasil)

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