Neste artigo enviado ao Blog, o professor Arnaldo César rebate, ponto a ponto, todas as críticas que recebeu durante audiência pública que discutiu o formato do Enem na região, na última quinta-feira (19) na Câmara de Vereadores de Petrolina.
Confiram:
Carta aberta à população do Vale do São Francisco e sua multiplicidade!
E a escola pública aonde entra?
Na última quinta-feira, dia 19/04/12, estive na Câmara de Vereadores de Petrolina participando do debate em que o tema principal era a utilização do ENEM, por parte da UNIVASF, como única forma de ingresso para os cursos oferecidos pela renomada instituição. Tivemos lá a participação de vários políticos, estudantes da região, dentre outros. Porém, como dono de entidade privada, com mais de 1.500 alunos matriculados só neste ano (2012), não tive como abster-me de uma reflexão mais apurada, pois sou oriundo da escola pública (ensino fundamental e médio) e licenciado por uma universidade estadual, e se eu sou alguma coisa ou nada, devo à escola pública. Deixei-me levar pelas raízes.
O debate começa. Várias pessoas começaram a tecer críticas ao ENEM relacionadas à TRI (Teoria de Resposta ao Item), vazamento de provas etc. Gostaria de fazer algumas considerações: no caso da TRI – na realidade, em linha geral, é um tipo de desvio padrão, que, hoje, nos concursos e nos vestibulares, de uma maneira geral, é largamente empregado – não há como mudar (ao menos facilmente), pois é uma praxe já incorporada ao processo seletivo brasileiro. Quanto ao vazamento das provas do ENEM, gostaria de fazer uma colocação municipal apenas a título de exemplo: a FACAPE, que é uma entidade de menor proporção quando comparada ao ENEM, já teve sua prova vazada. Não estou criticando a autarquia, nem de longe, pois tenho um bom relacionamento com a mesma, por sinal Porém quero mostrar que não depende da proporção do certame para se ter uma fraude ou vazamento.
Outro ponto importante que quero expor é que a UNIVASF atua diretamente em três estados: Bahia, Pernambuco e Piauí, onde os governadores (que no meu entendimento estão na instância máxima estadual) são do PSB e do PT – partidos vinculados ao governo federal, do qual o ENEM foi estabelecido e repassado às universidades pelo Ministro da Educação, Fernando Haddad. O que eu quero dizer é que a discussão é importante para formação dos caminhos de uma melhoria na educação como um todo, seja na esfera privada ou pública, porém estamos batendo em ponta de faca, pois, apesar de a UNIVASF ser uma entidade autônoma, ela está vinculada ao próprio Ministério. Então, falar em exclusão do ENEM é muito complicado.
Criar um sistema de blindagem, antes de mais nada, é preconceito. Quando alguns colocavam que outras universidades apresentavam blindagem, eu pensava comigo: preconceito deve ser tratado com preconceito? É interessante ressaltar que o vice-reitor da UNIVASF, em sua exposição, provou que mais de 90% dos estudantes da universidade são oriundos dos estados do Pernambuco e Bahia, logo não cabe dizer que a universidade está sendo sediada para pessoas de outras regiões em sua totalidade.
O “X” da questão está no curso de medicina que, antes do ENEM, a maioria dos aprovados era de fora, realmente, e depois do ENEM continuou a mesma coisa. A maioria dos estudantes de medicina é de outra região, e o que fica de trâmite: se os estudantes estão passando em todos os cursos, mas não estão obtendo aprovação em medicina, há algo a se pensar no porquê disso. As escolas privadas devem repensar seus métodos e observar as instituições de outros estados com o intuito de saber o que estão fazendo de diferente para aplicarmos no vale, fazendo com que os nossos alunos passem pelos seus méritos.
Quanto ao pessoal da rede pública, faço as seguintes perguntas: Quantas pessoas do auditório falaram e eram oriundos da escola pública? Quem estava defendendo os direitos da escola pública? Então, reflito: Criando uma segunda fase, blindagem ou qualquer outra coisa, vocês acham que teremos mais alunos da escola pública, se o ensino público passa por uma crise tamanha? Já temos as cotas de 50% das vagas para oriundos da escola pública. A discussão última na câmara de vereadores deveria ser pautada acerca da melhoria da educação básica (e é por essa melhoria que todos os políticos envolvidos deveriam estar lutando), melhor capacitação de professores, melhor remuneração dos mesmos, melhor infraestrutura dos colégios etc.
Se o problema está em medicina e os estudantes não estão conseguindo entrar com as suas notas (os estudantes da região), é necessário estudar mais um pouco, reavaliar as técnicas de ensino- aprendizagem, aprender mais um pouco, isso é passível do ser discente e cognoscente. Se não estamos conseguindo tirar 8,1 de média geral para sermos médicos – e é o que se observa na maior nota do SISU da UNIVASF para o curso de medicina (vide endereço eletrônico: http://www.srca.univasf.edu.br/arquivos/ps_icg_2012_maiores_notas_classificados_sisu_1_2012.pdf) – e outra pessoa que está tirando 8,5 ou 9,0 de Remanso-BA, ou de Orocó-PE, ou do Recife -PE ou de qualquer outra cidade , desculpem-me , mas eles não podem ser discriminados por não serem daqui.
Sei que minhas colocações são um pouco duras, porém o raciocínio é o exercício do pensamento e é aberto . Vivemos em uma democracia e temos que observar os dois lados da moeda. Só podemos crescer na multipluralidade.
Que Deus nos guie sempre, nossas mentes e nossos caminhos! Paz no coração!
Arnaldo César/Professor, formado em magistério pelo colégio Cenecista Santo Antônio de Abaré; Formado como empreteco pelo Programa Empretec do SEBRAE e Licenciado pela Universidade de Pernambuco; Juazeirense



Quando esse professor fala que os alunos da região não passam no curso de medicina, eu logo pensei, ele não é professor de matemática e nem de estatística, pois, se fosse, logo compararia a quantidade de alunos da rede particular de Petrolina e a quantidade de alunos das capitais próximas que concorrem ao curso de medicina (apenas 40 vagas na UNIVASF), e o resultado seria a lógica matemática, se 99% de são fora e 1% de Petrolina, o resultado será o mesmo, ou seja, a escola de Petrolina também é boa, só tem menos alunos para concorrer. Por isso eu acho que a UNIVASF deve adotar o ENEM como 1ª fase e realizar uma 2ª fase, para obrigar os alunos mais distantes a comparecerem para realizar mais essa fase.
Parabéns, um pensamento justo do Professor Arnaldo Cesar e VIVA O ENEM!
Meus parabéns ao professor Arnaldo César por este artigo lúcido e coerente, que joga por terra todas as mistificações criadas em torno deste tema. E lamentar que os que deveriam ser os primeiros a defender o enem são os primeiros a jogar pedra por interesse puramente eleitoral.
Creio que não vai fazer diferença c/ ou s/ enem, já que antes do mesmo a maioria das aprovações em medicina são de alunos de outras regiões, mesmo se colocar 2ª fase, pois quem tem condições financeiras não vai medir esforços pra sair do seu estado e vir a Petrolina. Infelizmente o aluno de petrolina e cidades vizinhas que quiser passar em medicina tem que estudar muito, disciplinadamente. Nunca ouvi alguém dizer que passou em medicina, estudando somente na escola.
Comentei uma vez e comento de novo. Tudo o que o professor Arnaldo César falou está correto. Acho que estão vendo apenas um lado da moeda. O ENEM Não se resume a alunos de fora que podem se inscrever para as universidades da nossa cidade, mas sim os alunos brasileiros que podem se inscrever para as universidades do Brasil inteiro, começando pelos nossos alunos (os petrolinenses).
Concordo amigo, o princípio é este! Ocorre que, algo em torno de 60% das universidades do sul e sudeste possuem estes sistemas de blindagem! Porque, então, não podemos ter isto por aqui tb?
Primeiro gostaria de esclarecer que a UEVASF não quer a exclusão do ENEM. Esse sistema de ingresso é bom, mas é bom na teoria e na prática não vem mostrando resultado. Pelo que eu vi, o Professor Arnaldo César só falou e logo que falou saiu da câmara sem vê o desfecho( e por sinal, que desfecho espetacular, Prof Vera Medeiros). A professora Vera desmistificou alguns dados e mostrou a verdadeira situação que vem ocorrendo na Univasf, vale ressaltar que não é só o curso de medicina, como, também o curso de Ciências Farmacêuticas, Psicologia, Enfermagem e alguns(em grande maioria) cursos de Engenharia. Outra questão que estava e está em pauta é a grande evasão dos cursos, onde muitos alunos colocam suas notas em outros cursos de concorrência mais baixa só para passar, outros acabam cursando e desistem no inicio( como foi mostrado pela prof vera a lista dos alunos de engenharia mecânica que quase metade da turma não querem esse curso). E para finalizar, a ideia de blindagem não é um preconceito, muito pelo contrário, se eles podem ter sistema de blindagem, pq aqui não pode? (Não, vamos ser bonzinhos, vamos abrir as portas da univasf e nenhum outra universidade se manifesta da mesma forma, aí só o alunado da região que se lasca). E em relação a escola pública, pelo que eu vi o prof Arnaldo estava meio desatento, teve vários discursos sobre esse assunto. Vale ressaltar que com o enem, todas , ou quase todas, vagas das cotas estão sendo preenchida por alunos de outras regiões. Por fim, eu defendo um sistema de blindagem na UNIVASF, seja com o 2ª Fase, ou com um acréscimo de 10 a 20% na notas dos alunos que nascerão na região. Beneficiando, assim, o que o estatuto da UNIVASF está escrito: Universidade para a população das região do vale do São Francisco.
Sou aluno do 4º período de medicina da Univasf e dou um único conselho praa todos vocês… VÃO ESTUDAR! Ficar de mimimi na internet não vão torná-los médicos!
Concordo com o escrito em epigrafe. Realmente é isso mesmo. Quer passar em Medicina, estuda então!
Rapaz, até que vinha entendendo bem o texto, mas quando vi um dono de cursinho, que ensina a 1500 alunos, escrevendo “estância”… Ave maria, explicou tudo mesmo.
Com relação ao que ele chama de preconceito, eu entendo como ações afirmativas, que vêm a tentar minimizar as diferenças entre as mais diversas classes. Exemplos disto podemos ver em quase todas as nossas legislações, p.e., cotas para negros e pobre nas universidades.
Preconceito é o que existe no sul e sudeste, que possuem formas de blindagem, para evitarem alunos de outras regiões, em praticamente 60% das universidades, sem nenhum fundamento social para isto.
Por outro lado, ninguém em sã consciência é maluco de questionar a necessidade de se melhorar o ensino público. Mas enquanto isto não existe, temos que criar mecanismos sim para dar oportunidades aos menos afortunados!
“estância”? Onde você viu isso?
1. ENEM é isonomia: é o único mecanismo de seleção para universidades utilizado no Brasil em que TODOS os estudantes, do Norte e do Sul sabem o que irá ser cobrado. Têm o ano todo para se prepararem. Aqueles que estiverem melhor preparados serão aprovados. A vaga não é da região, não pode haver discriminação regional, estadual, municipal;
2. A universidade é federal: Não se enganem, o Município de Petrolina ou o Estado de Pernambuco, eu e você temos muito pouco a acrescentar nessa discussão;
3. Não há garantias de que os estudantes petrolinenses ou da Região, caso ocupassem TODAS as vagas iriam permanecer aqui, para beneficiar a nossa região. Durante décadas, milhares de petrolinenses tiveram que sair daqui para estudar, muitos ficaram nos pólos de ensino. Outros voltaram. Imaginem se em Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Crato, Sousa, Campina Grande e João Pessoa houvesse blindagem das vagas para candidatos locais, quantos petrolinenses ficariam sem estudar?
4. Se houver oportunidade, os estudantes de fora que vêm estudar na UNIVASF aqui permanecerão. Exemplo: UNEB, curso de Direito. Dezenas de bachareis permanecem aqui, apesar de serem de fora. OPORTUNIDADE.
5. A maioria dos professores universitários de Petrolina é de fora. OPORTUNIDADE.
6. A maioria dos médicos atuando em Petrolina é de fora. OPORTUNIDADE.
7. Ao invés de discutir cotas para UNIVASF, discutamos melhorias nas condições de ensino na rede estadual e municipal. Tem deputado estadual falando em facilitar o acesso para estudantes da região… Por que não discute a qualidade das escolas estaduais, que é sua atribuição? Nesse ponto, tenho que concordar com o prefeito, apesar de não ter votado nele. POLITICAGEM, POLITICAGEM, SANTA POLITICAGEM.
Muito bem colocado. Acrescento ainda a economia em inscrições de vestibulares que pagávamos (quem tinha condição) anteriormente.
As soluções são: melhor qualidade do ensino público e privado; maior dedicação ao estudo por parte dos estudantes da região; menos alienação e maior reflexão crítica…capacidade temos…
Muito boa a reflexão do professor Arnaldo Cesar.
Eu tenho acompanhado um pouco dessa discussão e vejo, em grande parte das colocações de opositores do Enem, o mesmo pensamento preconceituoso: “Nós (de Petrolina ou de Juazeiro) somos a região”. As outras cidades que se lixem. É assim em todas as áreas.
O Enem foi e é o que acontece(eu) de mais importante na Educação brasileira nos últimos tempos. Abriu espaços EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL para que estudantes busquem e lutem por uma vaga nos melhores cursos oferecidos pelas universidades PÚBLICAS. ABAIXO a blindagem… FORA o preconceito.
Tovinho Régis, de Remanso, Bahia (também faz parte da REGIÃO).
Mimimimi…
Estudem gente, estudem por favor, ai vocês passam em medicina, e depois chegam aqui e comentem dizendo muito orgulhosos, que passaram sem precisar de ajudinha de 20% por que nasceram aqui na região, afinal, a Universidade é do VSF, e não só PARA o VSF.
Pikachu, belo texto, importante seria juntar aqui o excelente texto sobre nossa educação, escrito pelo Vlader Nobre (penso ser esse o seu nome corredo) que nunca foi meu professor, mas me deu orgulho de saber que o GEO conta com um professor que pensa daquela maneira !!
Parabéns Professor Arnaldo César pela lucidez e isenção.
Sua formação seguramente lhe conferiu convicções suficientes para saber exercitar o pessoal e o social de forma muito lúcida.
Politizar o mérito em educação e construir uma falsa nação. É perder a oportunidade de formar pessoas e cidadãos eficientes e eficazes socialmente. Resumir a questão do ENEM concentrando análise no curso de medicina é não olhar para uma universidade com 23 cursos de graduação, atuando em 3 estados federativos e que antes do ENEM precisava fazer um segundo vestibular para preenchimento de 300 vagas remanescentes, principalmente para os cursos de engenharia (é só recuperar os editais anteriores ao ano do ENEM). Vamos sim discutir a qualidade da educação básica em nosso município, porque a univasf já reserva vagas para escola pública (50% delas) e disso ninguém fala. E claro que as escolas públicas de todo o país pode concorrer, mas seguramente aquelas locais e regionais sempre terão maiores oportunidades. Basta formar melhor. Vamos investir em professores, infra-estrutura escolar e estudantes mais motivados e preocupados em garantirem o seu futuro através da educação.
É REALMENTE PRECONCEITO COM NÓS MESMOS,QUE DIFERENÇA FAZ O ENEM PARA O NÃO ENEM.EXCLUIR O ENEM DA UNIVASF É MENOSPREZAR A INTELIGÊNCIA DOS NORDESTINOS.SOMOS IGUAIS AOS QUE AQUI CHEGAM,SOMOS INTELIGENTES COMO ELES.
NÃO A DISCRIMINAÇÃO DA NOSSA INTELIGÊNCIA.
SOMOS TODOS IGUAIS,SOMOS FILHOS DO MESMO PAI.
SOMOS TÃO INTELIGENTES QUE O PRESIDENTE QUE MAIS INVESTIU EM FACULDADES TNHA O DIPLOMA DA VIDA PARA DAR OPORTUNIDADE AOS JOVENS BRASILEIROS.
ENEM SIM PARA TODOS PORQUE SOMOS UM POVO INTELIGENTE.
Parabéns ao professor pelas considerações equilibradíssimas. Às autoridades públicas municipais, estaduais e empresários donos de escolas particulares o recado foi dado: preparem melhor seus alunos!
Esse povo ta achando ruim o ENEM? Meu filho 50% da vagas de todos os cursos são garantidos aos estudantes da rede pública. Querem retroagir e voltar ao vestibular tradicional? E concorrer diretamente com os estudantes da escola privada? SE POUPEM meus e vão estudar que é melhor….Estudei minha vida toda em escola pública…..Passei no vestibular da univasf quando ainda era o sistema antigo….entao isso nao é uma limitação…So basta estudar!
Gente, Entendam!!! NGM tah propondo excluir o enem não! Esqueçam isso!!!
Outra coisa, a blindagem (no caso de 2 fase) não faz o estudante estudar menos não, muito pelo contrário, faz o estudante estudar muito mais, conteúdo puro, e esse negocio de decoreba eh um argumento ultrapassado dentro de cursinho . O enem sozinho só pede p o cara ser bom de interpretaçao de texto e ultra rapido em leitura, sempre foi uma prova criticada, desde que nasci, agora ela ficou boa toda né? INCOERENTES!
E p esse professor ai que não sabe, eu estudei muuuuito, tanto que passei p medicina na UPE e em mais outros dois vestibulares comuns no piaui e e não consegui passar nesse enem… pq??? admito..não sou tão rapida em leituras e tão pratica em continhas de divisão!
conheçam p depois discutirem….