Polêmica dos motoristas de aplicativo gera momentos de tensão na Câmara de Petrolina

por Antonio Carlos Miranda // 14 de outubro de 2025 às 18:29

Foto: YouTube/reprodução

O plenário da Câmara de Vereadores de Petrolina viveu momentos tensos na sessão desta terça-feira (14), por conta da presença de um grupo de motoristas e motociclistas de aplicativo na cidade. A principal reivindicação da categoria é a revogação, por parte do município, de taxas que incidem sobre o serviço, as quais são consideradas “abusivas” pelos profissionais.

Ainda ontem (13), a prefeitura – por meio da Autarquia Municipal de Mobilidade (AMMPLA) – já havia anunciado a revogação total e imediata dessas taxas, o que foi ratificado por Paulo Valgueiro, assessor especial da AMMPLA, em entrevista a uma emissora de rádio local. Os profissionais, no entanto, alegam que a decisão apenas suspende as taxas por um período determinado, e não definitivamente.

Para cobrar apoio dos vereadores, eles lotaram a Casa Plínio Amorim. O problema é que a cobrança acabou descambando para manifestações mais hostis, causando um princípio de tumulto no plenário. O que motivou a celeuma foi o Projeto de Lei nº 0122/25, de autoria do oposicionista Dhiego Serra (PL) que dispõe sobre a regulamentação da prestação do serviço de transporte individual privado de passageiros em Petrolina.

Pela proposta, que derruba a Lei Municipal 3.094 (de 31 de agosto de 2018), ficam revogadas, por exemplo, as taxas referentes à cobrança do cadastramento anual e do curso obrigatório dos profissionais. Segundo Dhiego, desde o ano de 2021 essas taxas já deveriam ter sido revogadas porque a justiça tinha decidido dessa forma, há quatro anos. O vereador solicitou, de forma verbal, “urgência urgentíssima” para a aprovação do projeto, que já deu entrada nas comissões e no jurídico da Casa. Para isso, ele se baseou no artigo 117 do Regimento Interno.

O problema é que colegas de Dhiego alegaram que o artigo 117 diz respeito a matérias do Executivo, não do Legislativo. A partir de então, o que se viu no plenário foi uma revolta generalizada dos profissionais. O presidente da Mesa Diretora, Osório Siqueira (Republicanos), bem que tentou minimizar a situação, afirmando que irá priorizar o projeto quando este receber o aval das comissões e do setor jurídico, mas não teve êxito. Ele chegou a ser chamado de “sem vergonha” por um dos manifestantes e não deixou barato. “Se continuar agindo assim, você vai ser preso”, disparou Osório, ameaçando encerrar a sessão.

Os vereadores Gilberto Melo (UB) e Manoel da Acosap (UB) também tentaram aplacar a revolta dos profissionais, justificando que toda a Casa está apoiando a luta da categoria. Porém, ambos pediram calma aos manifestantes para resolver esse impasse no diálogo.

Inconstitucional

O governista Ronaldo Cancão (Republicanos) também deixou claro estar do lado dos profissionais, mas alertou para a inconstitucionalidade do projeto de Dhiego. E mencionou o artigo 40 da Lei Orgânica do município, argumentando que nenhum vereador revoga lei de autoria do Poder Executivo. Na mesma linha reforçou o líder da bancada, Diogo Hoffmann (UB). “O que foi feito nesta Casa, hoje, é que brincaram com o sentimento e a emoção de vocês (dirigindo aos motoristas de aplicativo), porque esse projeto que foi apresentado em revogação é inconstitucional. Se esse projeto que o vereador (Dhiego) tentou empurrar de goela abaixo fosse aprovado, qualquer um que entrasse na justiça derrubaria o projeto e vocês ficariam desprotegidos”, explicou Hoffmann, acrescentando que a análise não foi dele, mas do setor jurídico da Casa.

O líder governista informou ainda que o prefeito Simão Durando deve enviar brevemente à Câmara Municipal um projeto revogando a obrigatoriedade do curso, além de tornar gratuito o cadastro e a vistoria dos carros. A matéria, segundo Hoffmann, também extinguirá o tempo mínimo de 8 anos para os veículos atuarem no serviço. Uma reunião também foi marcada entre uma comissão a ser formada por profissionais de aplicativo e representantes da prefeitura, nesta quarta-feira (15), às 10h, possivelmente no Plenarinho da Casa ou na sede da prefeitura.

Polêmica dos motoristas de aplicativo gera momentos de tensão na Câmara de Petrolina

  1. Sempre alerta disse:

    Esses motoristas tão se achando!

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