Petrolinense se destaca e projeta o Sertão no cenário do cinema brasileiro

por Carlos Britto // 03 de dezembro de 2025 às 21:35

Foto: Divulgação

O cinema pernambucano vive um dos seus momentos mais vibrantes e, dessa vez, o protagonismo vem do Sertão. O cineasta Wllyssys Wolfgang – petrolinense, doutor em Educação, Arte e História da Cultura – foi selecionado pelo Ministério da Cultura como um dos quatro nomes nordestinos do audiovisual a representar o Brasil no Mercado das Indústrias Criativas do Brasil (MICBR) 2025, que acontece a partir desta quarta-feira  3 e 7 de dezembro, em Fortaleza (CE).

Com mais de 15 anos de carreira à frente da própria produtora, a WW Filmes, Wllyssys construiu uma trajetória marcada pela inovação e pelo compromisso com produções feitas na Caatinga, com equipe e elenco majoritariamente locais. Entre seus trabalhos mais recentes estão a série LGBTQIAPN+ de ação “Drags Justiceiras”, filmada na Caatinga com mais de 100 profissionais, o longa documental “DNA Origens – Sertão”, a série de suspense/terror “Carniceiros” (Looke/Prime Video) e a série “Natureza Forte” (Globoplay). Antes disso, o petrolinense já havia conquistado o título de “Melhor Filme Pernambucano” no 15º Festival de Triunfo e alcançado reconhecimento nacional com o curta “Ser Tão Avoador” (2012), vencedor no Festival Internacional de Curtas de São Paulo.

Wllyssys reforça que Pernambuco é múltiplo e muito maior que a lógica centrada na Capital. Ele representa o cinema produzido do Interior, que preenche as telas com ação, fantasia, ciência, ousadia e novas linguagens, indo além da narrativa da miséria que historicamente marcou o Sertão. “Contar nossas histórias a partir de nossas perspectivas é protagonismo”, disse o cineasta. “As séries ‘Carniceiros’ e ‘Drags Justiceiras’ têm elenco majoritariamente local. Ver esses rostos nas telas é uma viagem nova e necessária para o cinema brasileiro”, completou.

As gravações na região costumam empregar dezenas, às vezes centenas de profissionais, aquecendo o audiovisual fora do eixo Recife–Olinda. Wllyssys lembra que esse movimento só é possível graças a políticas públicas como o Funcultura Audiovisual, fundamental para descentralizar oportunidades.

Expectativas

Para o MICBR, o petrolinense leva na bagagem dois longas e duas séries que busca apresentar a distribuidores, coprodutores e players nacionais e internacionais. A expectativa é ampliar janelas de circulação e abrir mercado para obras criadas no Sertão. “A Caatinga, com sua força estética e narrativas próprias, não é margem é horizonte. É daqui que vejo o futuro do nosso cinema”, afirmou.

Com trajetórias como a dele, o cinema pernambucano reafirma sua identidade plural e criativa e mostra que o Sertão tem muito mais a oferecer do que o olhar centralizado costuma enxergar.

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